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Chuck Pov

   Sai do Dado com a cabeça a mil, fui pra casa onde eu estou dividindo com o Bubu e o Chaminé, desde que a guerra foi declarada estamos por aqui, coloquei o Ricardo na cama e fui tomar um banho, quando voltei pro quarto a Karen estava sentada na cama de braços cruzados.

- Não começa, por favor. - pedi e ela me olhou - Conversei com eles, a Débora vai saber de tudo e ela vai decidir se posso ou não ser um pai, mesmo distante.

- Eu não ia falar nada. - falou e a olhei.

- Já falei antes de tu começar. - falei e ela riu.

- O que vocês combinaram? - perguntou.

- Amanhã vamos atacar o morro no Chaminé, pegar de volta. - falei e ela me olhou preocupada - Eles estão lá, o Coringa não ia dar um vacilo de voltar pro morro dele e deixar só o Lima comandando.

- E eu vou ficar onde? - perguntou.

- Na casa do Rato. - falei - Junto com as meninas.

- Tudo bem. - falou e me deitei do lado do meu pequeno - Acha que ele vai querer herdar o morro?

- Ele que vai decidir Karen. - falei ajeitando ele - Vou forçar nada não.

   Não falei, mas a missão é agora de madrugada. Esperei ela dormir e fui me preparar, coloquei a bermuda, o colete e a blusa, peguei minhas coisas e desci vendo o Bubu limpar a fuzil dele, o Chaminé saiu da cozinha comendo um hamburguer e pegou a pistola dele.

- Bora. - falou e peguei minha fuzil vendo se estava tudo certo.

   Dado deu toque de recolher hoje, a rua estava totalmente vazia, vi o Dado dando algumas ordens e a Aly estava no portão com ele, neguei me aproximando e vi o Rato chegando junto com o Charuto e o Orelha, Dado repassou o plano e abraçou a Aly.

- Tomem cuidado e voltem bem. - falou nos olhando - Podem voltar machucados que a mamãe Aly remenda vocês.

- Vou vir com o meu pé aberto de novo. - Bubu falou fazendo-a rir.

- Vem que a mamãe costura seu pé de novo. - falou e comecei a rir.

- Se cuida, te amo. - Dado falou dando um beijo nela.

- Boa sorte garotos. - falou.

   Eram cinco vans, cada uma com vinte homens, eu e os outros vamos de carro, fora os que iriam sair dos nossos morros para se encontrarem lá. Quando chegamos, nos dividimos em três grupos, eu e Chaminé, Bubu, Charuto e Orelha e por fim Dado e o Rato.

- Lupa e Bn, quero vocês dois grudados na gente. - falei e eles assentiram.

- Pode deixar. - falaram.

   Chaminé tinha dado a planta toda do morro, de onde ficava cada canto, todos já sabiam, mas ele falou umas paradas que diz ele o Lima não sabia. Esperamos o sinal e então atacamos, era muito muleque jovem, eu tentava atirar só pra tirar sangue, deixar caído e não pra matar.

   Olhei para todos os lados e senti uma pressão nas costas, Lupa deu um grito enchendo alguém de bala e voltei a correr com o Chaminé que olhava para alguns garotos com raiva, tinha uns que quando viam o Chaminé na trocação gritava o grito de guerra dele e se virava.

   Me escondi atrás de um muro vendo que o Dado tinha parado também e peguei o radinho perguntando o que estava acontecendo, os tiros pareceram cessar e quando voltou, foi com tudo e então o Dado respondeu, a polícia tinha invadido, Bn me olhou e neguei.

- E agora, o que a gente faz? - perguntei e o Chaminé me olhou.

- Entregamos o Coringa e o Terror. - respondeu - Eles vieram atrás do Terror, então vamos dar ele de bandeja.

- Dado não vai deixar. - falei e ele pegou o rádio

- Dado, é o batalhão do Rafael? - perguntou e o Dado concordou - Então vamos entregar o Terror.

- Não Chaminé! - falou e o Chaminé negou.

- Dado, entregamos o Terror e o Coringa, lá dentro fica melhor de fazer as coisas. - falou calmo - Tenho um parceiro lá dentro doido pra pegar eles.

- Entrega. - falou - Mas antes eu vou machucar!

   Chaminé trocou a a estação do radinho e ouvimos alguns resmungos dos policiais, ri quando a ficha do que ele fez, ouvimos a voz do Rafael dizendo que queria o Terror de qualquer jeito e logo estava gritando com um cara, me levantei acertando alguns vapores que estavam por ali e voltei a me esconder.

- É o seguinte, Terror e o Coringa estão na casa laranja perto da praça. - falou segurando ao máximo o sotaque dele - Peguem eles e vão embora, não queremos caô com vocês.

- Quem ta falando? - alguém perguntou.

- El jefe, Chaminé. - ele respondeu e ouvimos resmungos logo ficou um silêncio - Só quero meu morro de volta, prometo andar na linha.

- Como vamos saber que não é uma armadilha? - perguntaram.

- Ele quer o morro de volta Chefe, eles são rivais. - ouvi a voz do Rafael.

- Como tu sabe? - perguntaram.

- Terror é o pai da minha ex e o Chaminé é de boa. - respondeu e o Chaminé me olhou.

- Qual a sua Garcia? - perguntaram.

- Eu conheço o cara e ele é mais calmo que os filhos da puta do Terror e do Coringa! - falou com raiva - Eles ameaçaram matar a irmã do meu filho, ela só tem dois meses!

- Está sozinho Chaminé? - acho que o comandante perguntou.

- Não, tem uns aliados comigo. - ele respondeu.

- Manda ficarem de tocaia, não vou mexer com vocês por enquanto. - respondeu e ele me olhou sorrindo - Estamos de acordo?

- Estamos. - falou.

   Rapidinho ele mudou a estação de novo e avisou pra todos os nossos ficarem escondidos que tinha feito um acordo com a polícia, Rato perguntou se foi com o Rafael e negamos, como diz o Caminé foi com o "el jefe". Esperamos por um tempão, Chaminé colocou na estação deles e ouviu a comemoração por terem pegado os dois.

- Agora saiam do meu morro, eu cuido do resto. - Chaminé falou.

- Nos vemos em breve Chaminé. - o chefe falou.

   Quando tivemos a certeza que eles tinham ido embora, saímos dos nossos esconderijos sendo recebidos a tiros pelos vapores que sobraram, depois disso foi só a limpa, um só na cabeça e acabou.

   Chaminé pegou um pelo pescoço perguntando do Lima e nem resistiu, entregou logo onde ele estava e fomos, sei que já deveria ser dez horas da tarde, alguns moradores vendo que os tiros tinham parado vieram pra rua ver o que estava acontecendo e quando viram o Chaminé começaram a comemorar.

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