» 06 «

902 40 0
                                    

   Ela continuou ali junto com as outras garotas que me olhavam com raiva, apenas ignorei voltando minha atenção para Gui, conferi os machucados e refiz os curativos sorrindo ao vê-lo fazer careta por causa da dor.

- Vocês, metem o pé, quero puta aqui não! - falou pras outras que saíram logo atrás da tal Beca - Fala aí Aly, ele tá melhor?

- Está Chuck. - falei e ele apenas balançou a cabeça.

- Pode me chamar de Henry longe deles. - falou se referindo aos soldados, as garotas e encarou Gui - Tá sabendo que foi a Aly que te salvou?

- Claro pô, minha irmã vai ser a melhor médica do mundo! - falou sorrindo de orelha a orelha.

- Falta muito pra isso acontecer. - falei desanimada - Tenho uma notícia que você vai gostar.

- Vai me dizer que largou o cuzão lá? - perguntou rindo, ele sempre perguntava isso.

- Dessa vez você acertou. - sorri fraco e ele parou de rir me olhando sério.

- Você está brincando né? - perguntou e neguei segurando as lágrimas - Chora não Aly, vem aqui vem, irmão está aqui.

   Ele se ajeitou naquela maca pequena e me fez deitar ao seu lado, Henry ficou ali no canto nos olhando confuso e logo Gui acenou, meu irmão sempre foi assim comigo, sempre que eu levava esporro ou brigava com o Rafa ele me colocava pra deitar ou dormir com ele.

- Foi você ou ele que terminou? - perguntou mexendo em meu cabelo.

- Eu que terminei, ele não sai do trabalho e eu não tinha mais família. - falei e Henry fechou a cortina se apoiando na parede ali - Estava esgotada, então terminei.

- E vai fazer o que agora? - ele perguntou e percebi o olhar do Henry em mim.

- Voltei a morar com vocês. - falei e tenho certeza que ele estava sorrindo.

- Pode ficar com o meu quarto já que a mamãe pegou o teu pro Du. - falou e me sentei negando - Para de neura, eu durmo com o Du de boa, ou dividimos o quarto e o Enzo dorme com o Du.

- Depois vemos isso. - falei e ele assentiu.

- E a tua faculdade? - Henry perguntou e o olhei - Mesmo com esses troços aí, ele não pagava uma parte?

- Eu vou trancar, arrumar um emprego pra ajudar a minha mãe, cuidar do meu filho e depois penso nisso. - falei e os dois na mesma hora praticamente gritaram um "não" bem alto - Eu não tenho dinheiro pra bancar e não adianta que não vou pedir pro meu pai, me recuso a pedir depois do que ele fez comigo.

- Eu pago, agora que virei sub vou ganhar um extra. - Gui falou e neguei.

- O dinheiro é seu! - falei e ele me encarou.

- É o teu futuro porra! - falou alto - Tu e o Dudu tem que dar orgulho pra coroa!

- Eu vou terminar, só não sei quando. - falei e ele continuou negando.

- Já que precisa de um emprego já arrumou. - Henry falou me fazendo encarar ele - Tu vai trabalhar aqui agora e em troca eu pago teu estudo.

- Não, obrigada. - falei e ele negou rindo - Eu não posso exercer a profissão sem o diploma.

- Aqui tu pode, doutora. - falou e o encarei - Ninguém vai ser loco de mexer contigo.

- Só aceita, tô vivo graças a tu. - Gui falou e revezei meu olhar entre os dois - Pelo mano aqui.

- Se um desses seus soldados pensar em tocar em mim eu faço questão de deixar morrer. - falei e Henry levantou as mãos - E não quero nem saber dessas putas entrando aqui quando querem, coloco mesmo pra correr.

- Tu sabe que só vai vir aqui quando tiver invasão né? - Gui me olhou - Por que fora isso quero tu aqui não, tudo moleque safado!

- Vão ser meus pacientes, preciso vir aqui no dia e depois da invasão. - falei e Henry apenas assentiu - E só vão ser liberados quando eu achar que estão melhor.

- Tu que manda, doutora! - Henry falou.

- Então estamos combinados. - falei e eles sorriram.

- Quando vou poder ir? - Gui perguntou.

- Amanhã, fica de repouso hoje. - falei e ele me encarou negando - Vamos pra casa hoje e você fica de repouso até eu dar a ordem.

- Vou pegar o carro pra levar vocês. - Henry falou e assenti.

- Ou, trás uma blusa lá mano! - falou pro Henry.

- Pode pá. - falou rindo.

   Me levantei ajudando o Gui a se sentar e ficamos em silêncio até Henry voltar, coloquei a blusa nele e o ajudamos a ir até o carro, o coloquei no banco da frente e entrei me sentando atrás dele enquanto Henry passava ordens para os soldados deles.

- Charuto e Boca tão na atividade pra segurança de vocês. - Henry falou quando chegamos em frente a minha casa - Teu rádio tá com o Boca, pega com ele e me deixa ligado.

- Valeu aí mano. - fizeram um toque.

   Sai do carro e vi o Rafa se aproximando com uma cara não muito boa, fiz um aceno como se pedisse ajuda e assentiu, tirei o Gui do carro com cuidado e Rafa se aproximou lhe dando apoio, acenei para Henry e entramos em casa, minha mãe estava no sofá conversando com alguém no celular.

- Rafa ajuda ele a ir pro quarto, por favor. - pedi e assentiu.

- Meu filho. - minha mãe levantou ainda com o celular.

- Não morri, fica aí que preciso levar um lero com o Rafael! - falou autoritário e neguei.

   Eles foram pro quarto do Gui e minha mãe ameaçou desligar o celular, mas voltou a conversar, passou o celular para mim e falou "ele quer falar com você", na hora entendi que era o meu pai e neguei, não falo com ele desde que me humilhou quando soube do Lorenzo.

- Por favor. - pediu e assenti.

- Alyssa? - me chamou e respirei fundo - Sua mãe me falou que salvou o Gui.

- Era o mínimo que eu poderia fazer depois de tudo que ele fez por mim. - respondi seca, eu não o odiava, mas queria distância - Era só isso, posso passar pra minha mãe?

- É verdade que se separou? - perguntou e revirei meus olhos - Se ele te fez algo, vou mandar o Henry passar ele!

- Desde quando você se importa comigo? - perguntei e a linha ficou muda - Acha que eu esqueci tudo o que me falou, tudo o que você falou do meu filho?

- ALYSSA! - minha mãe me encarou.

- É verdade, ele me esculachou, me humilhou, falou que não tinha mais filha! - falei com raiva - Ele te abandonou quando estava grávida do Du, como você pode defender um merda como ele?

- ELE É O SEU PAI! - ela gritou.

   Vi os meninos no topo da escada nos olhando assustados, Rafa apareceu logo atrás com o Gui, pegou os meninos no colo e saiu dali, provavelmente para dar uma volta, Gui se sentou lá e encarei o celular na minha mão.

- O que ele quer? - Gui perguntou.

- Infernizar! - falei e minha mãe sentou no sofá com as mãos na cabeça, coloquei o celular na orelha - O que você quer Terror?

- Estou voltando, não saem de casa. - falou e encarei Gui que na hora levantou - Alyssa, está me ouvindo?

- Vai dar o golpe no Chuck? - perguntei e Gui pegou seu rádio - Ou cansou do seu brinquedo?

- Foi um aviso. - falou e continuei negando - A primeira coisa que vou fazer é ir ver vocês.

(2/?).

DestinoOnde histórias criam vida. Descubra agora