Sentimentos Expostos

292 24 3
                                    

Katniss POV 

 A calamidade se espalhava por todo o distrito, corpos em uma pilha, 103 mortos e 24 feridos, as chamas estavam controladas, no entanto haviam várias casas onde o fogo as consumiam. Peeta estava abalado, se ajoelhou diante os pais já sem vida, balançava a cabeça em negação não acreditando no que havia em sua frente, corri ao seu encontro dizendo palavras de conforto, mas sabia que elas não ajudam. 

Minhas lágrimas caiam junto com a dele. Peeta estava abraçado ao meu corpo com sua cabeça apoiada na minha cintura e meus braços o cercavam. Os flashes, as luzes e pessoas com o sotaque engraçado estavam documentando tudo, como sempre estavamos sendo o centro das atenções. Haymitch veio, falou com reportares e obteve uma certa privacidade, porém, sentia as luzes e os flashes em cima de Peeta e eu. 

 — Vamos Lindinha, quanto mais vocês estiveram longe das câmeras melhor — Falou Haymitch tentando pegar Peeta nos braços, apenas acenti com a cabeça. 

 Peeta estava atordoado com lágrimas nos em seus olhos, nunca vi ele assim, estou com medo dele ficar pior. 

 — Haymitch — o chamei — vou falar com minha mãe, leve ele para a sua casa daqui a dez minutos estarei lá. 

 Prim estava junto com os outros moradores na busca por sobreviventes quando de repente ouviu-se um estrondo enorme vindo de outra parte dos escombros, disparei na mesma hora esbarrando nas pessoas que ali estavam e comecei a escavar. 

A palma de uma das minhas mãos anunciava um inchaço muito grande, mas não me importei, quando senti um corpo gelado e pequeno nas pontas de meus dedos. Depois de um tempo retirei uma pequena criança de cabelos negros e logo senti um aperto enorme do peito, o meu rosto estava molhado e pequenas gotículas pairava sobre o tecido gasto da pequena em meus braços. Sentia as câmeras apontadas em minha direção mas não me importei só senti a letra invadir meu coração e exibir a todos.

 Você, você, vem para a árvore, 

A onde encontraram um homem que dizem que matou três, 

Não mais estranho seria, a gente se encontrar,

 A meia noite na árvore forca, 

Você, você, vem para a árvore, 

A onde mandei você fugir para nós ficarmos livres, 

Não mais estranho seria, a gente se encontrar, 

A meia noite na árvore forca.

 — PORQUE?! — berrei olhando para a criança em meus braços — A CANÇÃO QUE ACABEI DE CANTAR NÃO É NADA! COMPARADO A DOR E A PERDA DE UM ENTE QUERIDO — levantei-me com o ser em meus braços segurando fortemente com as lágrimas caindo, mirei os moradores e as câmeras em minha frente — NÃO OLHE PARA MIM COM DESDÉM SENHOR — Olhei para um idoso — ESSA CANÇÃO RETRATA O QUE ESTOU SENTINDO E O QUE VOCÊS—Olhei para todos a minha volta — NÃO TEM CORAGEM PARA FALAR. 

 Andei até a pilha de corpos e deixei a criança lá e voltei a mirar as câmeras, diante as corpos 

 — BOA PARTE DA CAPITAL IRÁ VER ESSA ESTÁ TRAGÉDIA COMO UM ENTRETENIMENTO QUALQUER, MAS NÃO É! — Sequei minhas lágrimas com as palmas— NÃO OLHE ESSE ACONTECIMENTO COMO ENTRETENIMENTO, NÃO É. E SE FOSSE VOCÊS EM NOSSO LUGAR E AÍ? — fiz uma pausa — OLHE ISSO AQUI — apontei para os corpos com as chamas em exibição atrás — TÁ PEGANDO FOGO E SE VOCÊS VEREM ISSO COMO DIVERSÃO, EU NÃO SEI QUE TIPO DE SERES HUMANOS SÃO. 

Sai dali logo, mas não antes de ver todo o distrito levantando os três dedos do meio levando a boca, esse ato aqui no distrito significa honra e admiração. Andei em círculos e lá estava minha mãe, Prim, Madge, Gale, até mesmo a Delly fazendo o mesmo ato, todos com os olhos vidrados em mim. Não sei o que fazer, só que fiz foi correr para a floresta onde ninguém me acharia.





Continua????

A que não podia amar - Jogos VorazesOnde histórias criam vida. Descubra agora