Rebecca Alves
A maioria das pessoas, no geral, quando me veem, pensam que sou uma menina fútil. Uma menina bancada pelos pais, que não faz nada da vida, que sempre tem o que quer e que aos dezoito anos ganhou um carro de presente junto com uma casa nova; porém não é bem assim. Essa é apenas a impressão que as pessoas têm em me ver
Moro com minhas duas melhores amigas, num apartamento simples da Tijuca e que, não, não foi pago pelos nossos pais. Eles até nos ajudaram nos dois primeiros meses a pagar o aluguel e o condomínio só para que nós conseguimos juntar dinheiro suficiente mas depois somente nós três tivemos que bancar tudo. Nunca me faltou nada, pelo contrário, sempre tive uma boa condição financeira — óbvio que não o suficiente para comprar uma casa em Orlando e um jatinho particular —, e meus pais nunca deixaram me faltar nada, por isso, eles agradeço bastante por hoje fazer faculdade de administração.
Por isso, sempre me incomodou quando as pessoas me rotulavam como "patricinha" e "mimada". Eu nunca fui assim, assim como também nunca me incomodei em dividir um quarto, como divido agora no apartamento com minhas amigas.
E, agora nesse exato momento, tenho que arrumá-lo sozinha já que Julia resolveu justo agora ir fazer um trabalho na casa de sua amiga e Marina foi a praia com nossos amigos. Eu também poderia ter ido à praia com eles, mas hoje é meu dia de arrumar a casa e, quanto mais cedo eu terminar, mais tempo terei do sábado só para mim.
Fui até a sala e coloquei minha playlist de música na TV para tocar, logo aumentando o volume. Fiz um coque em meu cabelo e abri a porta da varanda para pegar o balde com água e a vassoura que havia deixado ali fora. Olhei para o relógio na cozinha e vi que eram onze da manhã. Bom, vamos lá...
— Becca, cheguei! — escutei a voz de Julia bastante eufórica na sala.
Bloqueei meu celular e, assim que o fiz, a índia entrou no quarto. Me sentei na cama de cima do beliche e a vi jogar sua mochila na cama de baixo.
— Como foi o trabalho na casa da Nathaly?
— Conseguimos terminar rápido mas eu acabei marcando um dez lá porque o irmão dela chegou, meu Deus do céu Becca, ele é lindo para um cacete! — Julia se derreteu pelo menino.
Revirei os olhos e ri, descendo da cama. Fui até a cozinha e peguei uma maçã da fruteira. Já eram quatro da tarde e já fazia um tempo que eu já tinha terminado de arrumar a casa. O único cômodo que eu não arrumei foi o quarto de Marina; era um acordo que tínhamos de não arrumar o quarto alheio para não "quebrar" a privacidade da outra.
— Julia, você não me surpreende em mais nada. Eu não acredito que você enrolou na casa da garota só pra ficar secando o irmão dela. — coloquei minha destra sobre minha boca pois estava com a boca cheia.
— Ah meu anjo, mas é porque você não viu o gostoso do irmão. Eu tenho meus limites e, aquele homem ultrapassou todos eles. — apoiei minha destra sobre a bancada e a encarei com uma careta.
As vezes eu não sabia se Julia falava sério ou brincando, ainda mais quando o assunto se era de garotos. Tudo bem, admito que ela tinha um ótimo dedo para escolher mas dessa vez eu sentia que ela tinha dado uma exagerada. E, geralmente, quando ela dava essas exageradas ao elogiar alguém era porque alguma coisa ela estava aprontando.
— Mas, agora falando sério. Eu fiquei lá mais tempo mesmo porque fiquei conversando com a Nathaly dai o irmão dela apareceu e eu dei uma babada, porque eu não sou de ferro, mas... — puxou o "x" me fazendo sorrir. — Ela me disse que hoje vai ter baile lá e me chamou. E, como eu sei que minha linda amiga Rebecca não tem planos para o sábado, ela vai comigo. — sorriu e eu neguei com a cabeça.
— Eu tenho planos sim. — saí detrás da bancada e fui para o sofá.
— Ah, tem? E qual seria? Passar o dia vendo séries não conta, lindona. — cruzou os braços, se sentando ao meu lado.
Olhei para o teto e bufei. Eu não gostava desse lance de baile funk e essas coisas, eu odiava lugares cheios e com pessoas se esfregando umas nas outras.
— Não sei não Ju... Eu não gosto de lugares assim... — coloquei as pernas para cima e me abracei a elas.
— Ah Rebecca, por favor né. Você nunca nem foi a um baile na sua vida, podia abrir uma exceção hoje, né. E eu falei com a Marina e os outros hoje também, a Mari não vai porque ela vai sair com o namorado mas o Erick e os meninos vão... — deu um leve empurro no meu ombro e mordeu os lábios, logo sorrindo.
— Ai droga! Sério mesmo? — mordi os lábios para não sorrir e entregar que havia gostado de ouvir que Erick também iria ao baile.
— E alguma vez eu já disse alguma brincadeira? Eu to falando menina, vai nesse baile e se joga no gato do Erick. — sorri.
— Bom, eu acho que posso abrir uma exceção pra hoje então... — a olhei de canto.
— Tá brincando? — Julia novamente ficou eufórica e soltou um gritinho. — Baile do Turano nos aguarde porque hoje vai pegar fogo!
A morena começou a pular no sofá e eu soltei risadas.
— Sabe do que precisamos agora? Pedir alguma coisa no Ifood e dançar vários podcasts, agorinha mesmo. Vai lá pegar seu celular que eu coloco aqui os podcast.
Levantei do sofá e fui para o quarto, não demorando muito para escutar Julia colocando uma música do Mc Rogê para tocar. Quando voltei para a sala, a vi rebolando e não pude conter às risadas.
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Namoro de mentirinha (LIVRO 1)
Roman pour AdolescentsRebecca só queria alguém que a ajudasse a conquistar seu amor de faculdade e Miguel foi a escolha perfeita. Porém, Miguel apenas queria seguir os passos de seu pai e se tornar um homem respeitado em sua comunidade. E, entre seu namoro de mentira, os...