Capítulo quatorze; Saiba que eles querem seu lugar

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Rebecca Alves

— Rebecca! Você está me escutando? — fui interrompida de meus devaneios por Erick, que estralou os dedos na frente de meu rosto.

Balancei a cabeça em negação e olhei para ele, logo sorrindo sem mostrar os dentes.

— Hã... Desculpa, eu viajei um pouco. O que você dizia? — me ajeitei no banco e abracei minha mochila contra o meu corpo.

— Eu estava falando como foi nesses últimos três dias sem vir para a faculdade porque tive que ficar até tarde nas reuniões com meu pai.

— Ah! — exclamei, não escondendo meu desânimo com toda aquela conversa.

Desde minha discussão com Erick, eu não conseguia esconder meu desânimo em estar com ele. Ele só conseguia falar de coisas fúteis e chatas e aquilo me deixava bastante entediada. Eu só queria que chegasse logo o fim de semana de novo só para que visse Miguel novamente.

Eu só conseguia me imaginar em seu colo, o beijando enquanto o moreno aperta minhas coxas... Assim que me desliguei novamente do assunto de Erick, meu celular notificou que uma mensagem havia chegado e eu rapidamente o peguei no bolso da frente da minha mochila.

Era uma mensagem de Marina dizendo que já esperava Julia e eu num restaurante que havia em Copacabana. Mandei mensagem que pegaria um ônibus e Julia avisou que estava a caminho já. A mais nova disse que estava sentindo falta de um momento só nosso e disse que precisava contar algo bastante importante para nós, por isso decidiu ir no seu restaurante favorito antes de ir para a faculdade e queria que almoçássemos com ela para que ela revela-se a notícia.

— Foi mal Erick, eu preciso ir. — o cortei, me levantando sem ao menos tirar os olhos do meu celular. — A Marina quer almoçar comigo e com a Julia e ela já está me esperando.

— Eu te dou carona. — se levantou.

— Não precisa. Eu vou de ônibus mesmo. — fiz um sinal para que ele parasse com as mãos e sorri de canto.

— Tudo bem então. Hã... Podemos sair essa Sábado, o que acha? — sorriu parecendo bastante animado.

— É... Não vai rolar Erick. Eu já tenho um compromisso.

— Porra Rebecca, você reclamou comigo que eu nunca tenho tempo pra você e, agora que eu tenho, você tem compromisso? É sério isso mesmo? — naquela hora eu o encarei com desdém.

— É, Erick, é sério mesmo. Olha, eu não estarei sempre disponível pra você. Sinto muito se, dessa vez, sou eu que não vou poder sair com você. — franzi o cenho e, sem me despedir dele, fui embora.

 — franzi o cenho e, sem me despedir dele, fui embora

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— 'Pera um instante. Eu ainda estou tentando me recuperar da notícia. — Julia pediu um minuto de silêncio com seu dedo indicador e eu ri.

Marina ria de nervoso ao meu lado e eu servi um copo d'água para que ela se acalmasse um pouco.

— O Thiago te pediu em noivado e você aceitou? — a morena que estava a minha frente perguntou pela terceira vez só naquele momento. A cacheada ao meu lado assentiu. — Que direito aquele burguês tem de tirar você de mim? Meu bebê! — a garota fez manha e eu cobri meu rosto com minha mão esquerda.

— Julia, eu já expliquei. Só porque estou noiva dele não quer dizer que vou morar com ele.

— Até porque, praticamente, você já mora com ele né. Vive mais lá do que na sua própria casa.

— Julia! — a repreendi e Marina apenas riu.

— Deixa Rebecca. Enfim, combinamos que só vamos morar juntos e nos casar quando um de nós terminar a faculdade. Quem se formar primeiro, dá a deixa. Enquanto isso, seremos apenas noivos e... Bom, não vai mudar nada. Vou continuar morando com vocês e visitando ele.

— Ou seja, Thiago cansou de ser seu namorado daí quer dizer pra todos que são noivos, vão mudar o anel de compromisso pra um de noivado mas vai continuar a mesma merda? — Julia apoiou seu cotovelo direito na mesa.

— Falando desse jeito... Eu acho que é isso. — Marina olhou pensativa para cima.

— Menos mal assim mas... Iti! Meu bebê cresceu tão rápido! — a morena rapidamente mudou de humor e se esticou na mesa para apertar as bochechas rosadas de Marina.

— Estou feliz por você, Mari. Você e Thiago são um casal maravilhoso, confesso que vocês estarem noivos é lindo. — sorri, abraçando-a de lado.

— Obrigada pelo apoio meninas, vocês são demais! — a mais nova entre nós deu um enorme sorriso. — Eu estava pensando... Bom, não estamos passando muito tempo juntas e, daqui há alguns anos, vou me mudar e, sei que falta muito tempo, mas eu queria passar mais tempo com vocês...

— Eu acho ótima essa ideia. Faz tempo que não saímos juntas. — Julia concordou na hora e eu assenti.

— Eu sinto falta de vocês meninas e, quando a Rebecca começou a namorar aquele Miguel, vocês viviam subindo o morro e eu me sentia meio... Excluída. Eu só fiquei com vergonha de dizer antes. — se encolheu meio envergonhada.

— Aaah, Marinaaa! Por que você não deu logo um tapa na nossa cara e disse: "escuta aqui suas 'vagabas, tão me abandonando e eu não 'to gostando". Somos um trio, porra! — Julia bateu na mesa.

— A Julia tá certa Marina. Você não precisa ficar com vergonha, somos um trio e temos que estar juntas, sempre. — a abracei novamente e a cacheada fez um carinho no meu cabelo.

— Vocês tem razão meninas. Eu fiquei com medo de falar com vocês de bobeira antes. — riu.

— De agora em diante, o trio não terá mais nenhum segredo!

Julia levantou seu copo de Guaraná como uma forma de brindar e nós duas levantamos nosso copo também, logo brindando e dando um gole em nosso refrigerante.

— Então, quais serão nossos planos para Sábado a noite? — a morena perguntou ao colocar seu copo de volta na mesa.

— Bom, podíamos dar uma volta no shopping, não sei ao certo. — Marina deu de ombros, cortando seu pedaço de peixe.

Quando eu ia dar minha ideia de Sábado, meu telefone começou a tocar. Era Miguel.

— É... Meninas, preciso atender. É uma... Pessoa. — me levantei, sem tirar os olhos do celular.

— Sem segredos, lembra, amiga? — Julia disse debochada mas eu apenas a ignorei, saindo do restaurante.

— Alô? — atendi a ligação, me encostando na parede que havia ao lado da porta.

— Vem cá, tá ocupada?

— Agora? Eu estou almoçando com as minhas amigas. Por que? — comecei a olhar para os carros que passavam na estrada logo a minha frente.

— Quando terminar de almoçar, me encontra na praça de Vila Isabel. Tenho uma surpresa pra você.

— Porra Miguel! Por que tão longe? Podia fazer essa surpresa pela Tijuca não? — fiz bico.

Eu estava com tanta preguiça. Hoje eu não havia conseguido de jeito nenhum parar em casa e, olha que era meu dia de folga.

— Claro que não, sua trouxa. Temos que fazer sigilo sobre nós e vamos nos encontrar na Tijuca, onde geral se conhece? Pensa não? — revirei os olhos.

— Tá, tá. Vou terminar de almoçar aqui e te mando mensagem quando acabar.

— Já é. Beijo. — encerrei a ligação e suspirei.

Eu não podia mentir. Eu estava bastante ansiosa para ver Miguel hoje.

Namoro de mentirinha (LIVRO 1)Onde histórias criam vida. Descubra agora