Capítulo nove; Sei que cê não vale nada

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Julia Ribeiro

Já era um dia Quarta — meio nublado por sinal — e lá estava eu subindo o morro do Turano. Havia marcado de me encontrar com Nathaly na casa dela para fazermos o trabalho de anatomia juntas e, bom, me arrependi um pouco de não ter marcado na minha casa.

— Eita que tem carne nova no pedaço. — escutei um garoto falar assim que passei em frente de um grupinho de meninos que fumavam.

— Se eu pego essa aí, faço ela andar de cadeira de rodas pro resto da vida. — um deles riu.

Foi naquela hora que meu sangue ferveu. Fechei com força meus punhos e me virei em direção aos garotos.

— Como é que é? Eu acho que não entendi direito ou a maconha afetou o cérebro de vocês. — cruzei os braços e os meninos se entreolharam, logo sorrindo.

— Não meu anjo, você entendeu certo. Mas... Foi mal 'aê pelos meus amigos, eles não se controlam quando veem uma princesa como essas aqui pelo morro. — o garoto de olhos claros, que estava no meio dos quatro, se levantou e ficou a minha frente.

— Uau! Que cara incrível você é! — sorri debochada.

— Desculpa... Como é? — riu confuso.

— Você tem um complexo de inferioridade tão grande... Eu me pergunto o porquê disso. — sua expressão ainda era confuso. — Desculpa, você não sabe o que são essas palavras? — seus amigos riram.

— Aí garota, na boa, eu 'to aqui te defendendo e você vem na arrogância? Qual é o seu problema? Antes fosse eu deixar que eles te provocassem mais.

— Porra, muito obrigada por me defender! Por acaso você quer que eu te abrace ou te dê um beijo? Se liga, eu não pedi para que me defendesse em momento algum. — o vi fechar seus punhos. — Por acaso você nunca foi aceito quando criança ou... Já sei! Você paga de defensor pras garotas porque sofre bullying entre seus amigos por ter pau pequeno! É isso, não é?

Ri junto com seus amigos e percebi que o moreno ficava com mais raiva ainda.

— Bom, seja o que for, ponha-se você e seus amigos no lugar e pare de tratar as garotas como objeto. Ninguém precisa de mais caras babacas como vocês por aí e muito menos clichês de merda como você que pagam de fodão 'pros amigos.

Naquele momento, o garoto contraiu a mandíbula e todos os seus amigos ficaram de boca aberta. Antes que ele pensasse em fazer algo comigo, seu amigo se levantou e colocou seu braço entre seu peitoral, o impedindo de se aproximar mais de mim.

— Qual foi Orelha, 'vamo voltar lá pros moleques. — ele falou rindo, enquanto Orelha continuava a me encarar com fúria nos olhos.

Sorri cinicamente para ele e continuei a subir, não demorando muito para chegar na casa de Nathaly. Toquei a campainha e a porta logo foi aberta por Miguel.

— Julia? Veio ver a Nathaly? — sorriu me dando passagem para que eu entrasse.

— Claro que não meu lindo, vim ver como está meu cunhado. — brinquei e ele sorriu de canto. — Enfim, ela tá aí? — coloquei minha mochila em cima do sofá e me sentei.

— Ela piou na casa do Nike mas já, já volta. — se sentou ao meu lado e pegou seu celular que estava no bolso de seu short.

— Nike? — ri.

Que tipo de pessoa tinha um apelido desses? Eu sinceramente amava apelidos de pessoas que moravam em morro.

— O ex dela. Eles resolveram voltar e agora ela tá lá na casa dele. Mas vou mandar uma mensagem aqui pra ela avisando que tu tá aqui. — assenti com a cabeça.

Namoro de mentirinha (LIVRO 1)Onde histórias criam vida. Descubra agora