Capítulo quarenta; Tu nunca foi obrigada a me amar

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Erick Fontaine

— Sophie? Preciso que me faça um favor hoje. – chamei a atenção da garota que terminava de passar sua maquiagem no banheiro da minha suíte.

A loira me encarou pelo reflexo do espelho e colocou seu batom em cima da pia logo sorrindo.

— Já sei! Quer que eu pegue todas as minhas coisas e volte pra casa dos meus pais porque vai trazer sua nova namoradinha pra cá. – fingiu estar animada mas logo riu sem humor, voltando a se maquiar.

— Não, não é isso. – me apoiei no batente da porta e cruzei os braços, ainda a encarando pelo reflexo do espelho. — Quero pedir que não aja como minha namorada na frente dos outros no churrasco. Eu agora estou fixo com a Rebecca e não posso deixar ela pensar que estou a traindo, mesmo que ela saiba que nossos pais têm negócios a tratar juntos.

— Nossa Erick, estou impressionada. – foi irônica. — E o nosso acordo? O que aconteceu? – pareceu decepcionada.

Por causa dos nossos pais, acabamos criando um acordo entre nós que era de não assumir ninguém para a família por causa dos negócios. Podíamos ficar com quem quiséssemos — e talvez até namorar — mas nunca poderíamos apresentar a nossa família, senão os negócios estariam acabados.

— Sophie... Se eu não assumir a Rebecca, ela volta para aquele bandido de merda e eu não posso deixar isso acontecer. – fiz carinho em seu rosto assim que ela ficou em minha frente.

— Você é tão orgulhoso e egoísta... Qualquer dia desses vai acabar se fodendo por isso. – a loira me empurrou e saiu do quarto, me deixando sozinho.

 O caminho para a casa do meu pai — que ficava na Barra da Tijuca — foi bastante constrangedor por conta do enorme silêncio feito por Rebecca e Sophie durante o trajeto todo

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O caminho para a casa do meu pai — que ficava na Barra da Tijuca — foi bastante constrangedor por conta do enorme silêncio feito por Rebecca e Sophie durante o trajeto todo. Nem mesmo as minhas tentativas de puxar um assunto fizeram com que as duas conversassem e eu agradeci mentalmente quando finalmente havíamos chegado.

Ao sair do elevador e ir para o final do corredor, toquei a campainha e não demorou para que a empregada do meu pai abrisse a porta.

— Erick! Há quanto tempo! Entre, seu pai está na varanda com o restante dos convidados. – Antônia disse sorridente enquanto dava passagem para entrarmos.

Sem me esperar, Sophie foi logo para a varanda e eu dei a mão para Rebecca para que também fossemos.

— Seus pais gostam mesmo da Sophie e... De Paris. – a morena me puxou pelo braço olhando para a enorme parede cheia de porta-retratos, onde haviam diversas fotos de Sophie comigo em diversos momentos nossos e dos meus pais em vários pontos turísticos da França — principalmente na casa do meu pai que ele havia lá.

— Bom, ela foi a minha primeira "namorada", mas relaxa.     Quando eles te conhecerem, gostarão de você também. – sorri.

Bom, eu tenho certeza que, pelo menos, minha mãe gostará.

— Eu espero... – sorriu nervosa.

Ao chegarmos à varanda, dei de cara com meu pai conversando animado com alguns funcionários dele que estavam de passagem pelo Brasil e, mais a frente, minha mãe conversava com a mãe de Sophie enquanto bebiam uma taça de champanhe. Sophie estava ao lado de seu pai que conversava com mais alguns homens da empresa de meu pai e, ela não parecia nem um pouco confortável com aquela situação. Ao olhar para mim, meu pai abriu um enorme sorriso e acenou para mim, fazendo com que seus funcionários olhassem para mim e estendessem suas taças de vinho.

— Meu filho! Que bom que chegou, fico feliz que tenha vindo!  – meu pai exclamou sorridente ao se aproximar de mim.

Ao ver Rebecca ao meu lado, sorriu para ela mas tornou a olhar para mim, esperando que eu a apresentasse.

— Ah, pai essa é a Rebecca. Minha namorada. – naquele exato momento meu pai esboçou um olhar confuso, mas, mesmo assim, ainda sorridente, estendeu a mão para cumprimentar a garota que estava ao meu lado.

— Prazer, me chamo Louis Fontaine mas pode me chamar apenas de Louis. – Rebecca sorriu assentindo com a cabeça. — Sinta-se em casa, pode pegar carne a vontade e, caso queira beber, peça para a empregada um vinho, champanhe, suco ou água. Temos tudo o que quiser. – riu fazendo a morena rir também.

— Hã... Obrigada mas eu acho que por enquanto eu estou bem. – soltou minha mão parecendo bastante desconfortável.

— Não seja por isso, ma chérie. Essa não é a casa que eu costumo passar a maior do tempo, apenas minha esposa, mas sinta-se em casa. Isso é uma ordem. – riu brincalhão.

Eu já sabia o que estava por vir. 

— Rebecca, poderia pegar um pouco de vinho, por favor? – passei minha destra em suas costas, fazendo com que ela olhasse para mim.

A morena olhou para o mais velho a sua frente e depois para mim novamente logo entendendo o que eu quis dizer.

— E-eu pego sim. – abaixou a cabeça e pediu licença para sair dali.

— Vinho tinto, por favor! – exclamei enquanto a via passar entre os homens de terno que conversavam mais a frente. — O que o senhor quer falar? – desfiz meu sorriso e olhei seriamente para meu pai.

— Erick, o que eu já te disse? Você está prometido para a Sophie. Porque teve essa cara de pau de aparecer aqui de mãos dadas com outra na frente de todos e ainda ter orgulho de dizer que 'aquelazinha é sua namorada? – o moreno de olhos claros apontou o dedo em minha cara.

— Papai... Eu estou com a Rebecca para provar o meu valor. Sophie entendeu isso, mudamos o nosso acordo pensando nos seus negócios e...

— Eu não quero saber! – me interrompeu bruscamente, dando um tapa em meu rosto.

— Namorar com essa garota não trará benefícios a mim nos negócios, muito menos dará sangue europeu aos seus filhos. Essa garota é apenas uma qualquer e eu não quero vê-lo por aí desfilando com ela. Trará má fama para o sobrenome da família.

— Pai eu não me importo com isso. Eu vou continuar com a Rebecca até ela ficar longe de um garoto pobre que é digno de pena e vou me virar com o pai da Sophie para que os negócios da família não sejam destruídos. Afinal, eu ainda estou com ela. Confia em mim, por favor.

— Erick, se você pôr tudo a perder, considere-se fora do testamento. Você pode ser meu filho único, mas caso algo aconteça, não será difícil colocar um novo herdeiro no seu lugar e nem sua mãe que te ama tanto poderá te ajudar. – me ameaçou e eu apenas abaixei a cabeça como concordância. — Antes do semestre começar, quero que vá para a França conhecer meu futuro menino de ouro na empresa. O nome dele é Jack e ele precisará de algumas dicas suas para continuar lá. – mudou rapidamente de assunto.

— Eu verei o que posso fazer. – olhei novamente para o mais velho. — Tenho que levar a Sophie junto? – contraí a mandíbula e ele continuou a me encarar em silêncio.

— Desculpe a demora. Só tinha vinho branco... – Rebecca nos interrompeu, nos entregando as taças de vinho. — Eu... Atrapalhei algo?

Encarei novamente meu pai que desviou o olhar para a garota ao meu lado, abrindo um enorme sorriso.

— Não atrapalhou nada. Estávamos conversando sobre uma possível viagem de vocês à Paris, quero que minha nora conheça nossa casa lá. – tocou no ombro de Rebecca que sorriu contente.— Seja bem-vinda a família Fontaine, Rebecca.

Dei um enorme gole em meu vinho e sorri para a garota que olhou para mim, sorrindo animada. Se ela soubesse que nossa família era criada entre farsas, ela não estaria feliz.

Namoro de mentirinha (LIVRO 1)Onde histórias criam vida. Descubra agora