Capítulo quarenta e um; Não importa a hora, ela vem ficar comigo

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Miguel Lorenzo

Já se faziam semanas desde a última vez em que havia visto Rebecca. Nada foi mais prazeroso para mim do que bater em Erick até vê-lo sangrar, mas também, ver Rebecca o defender e dizer que me tornei uma pessoa horrível fez meu mundo — que era ela — acabar.

Eu já sabia que ela estava namorando aquele cara e, dessa vez, era pra valer; não era um relacionamento igual ao nosso que era apenas de fachada, era real mesmo e eu não podia estar mais abalado do que estava agora.

Mas o baile seguia e eu não podia seguir ele trancado no meu quarto. Tinha que tomar uma atitude, tinha que tomar conta de um morro. Eu agora tinha minhas responsabilidades.

— Miguel, os caras vieram te ajudar a levar o restante das suas coisas pra casa nova! – Nathaly gritou do andar de baixo.

— Eu já vou! – me levantei rapidamente e coloquei meu boné logo calçando meu chinelo.

Desci as escadas e vi meus seguranças parados na porta, e minha irmã sentada no sofá. Bufei e peguei minha camisa que estava ali em cima e a coloquei sobre meu ombro direito.

— Peguem essas caixas aí mas cuidado que em uma delas tá o meu xbox. – ordenei seu ânimo algum e eles assentiram. — Depois quando descermos de novo vamos levar a cama e vou precisar de ajuda pra pegar a tevê que deixaram na casa da minha tia e o guarda-roupa lá no pé do morro.

— Pode deixar chefia. Só isso? – Bil perguntou ao pegar a caixa com meus novos utensílios de cozinha.

— Sim, essas são as coisas finais. A partir de amanhã vou começar a arrumar a casa mas faço aos poucos e sozinho. – o homem assentiu antes de sair de casa.

— Miguel... – olhei para Nathaly que me encarava. — Por que tem que se mudar? Sabe que vou sentir sua falta e essa casa vai ficar vazia só com a mãe e eu...

— Maninha, eu só vou subir um pouco pra cima, vocês vão poder continuar me vendo normal. – ri. — Aliás, vai ser bom não acordar com você em dia de baile me jogando algo em mim e eu também já tenho vinte anos, tenho que sair das asas da dona Márcia. – brinquei a fazendo rir.

Depois que me tornei dono do morro e todos já estavam a par — isso incluía dessa vez minha mãe e minha irmã, que choraram pra caralho quando souberam mas, aos poucos, aceitaram a ideia mesmo que ainda odiassem —, eu resolvi me mudar. Conversei com o meu padrinho e ele me arrumou uma casa ao lado da sua, já que agora ele se mudaria para um apartamento no Recreio e, finalmente, hoje era o último dia da mudança.

Quando contei a minha mãe sobre a mudança, ela chorou mais ainda. Disse que eu não precisava me mudar apenas porque havia me tornado bandido e minha irmã ficou chateada por ter que ficar sozinha agora em casa. Mas eu expliquei que queria me mudar por vontade própria, que a casa era maior e, tinha até churrasqueira nos fundos da casa. Eu queria começar essa minha nova vida do jeito certo e mudar faria bem para mim.

— Mas isso não muda o fato de que não acordarei mais todos os dias e você estará no seu quarto dormindo. Apesar dos nossos recentes desentendimentos eu sentirei saudades de você, afinal, eu sou sua irmã. – se ajeitou no sofá e me abraçou de lado, colocando sua cabeça em minha perna.

— Eu também sentirei Nathaly. Eu te amo demais. – afaguei sua cabeça.

Apesar de tudo, eu amava tanto a minha irmã mais nova. 

— Eu preciso ir para ajudar os caras a colocarem as coisas lá em casa. Por sorte eu já coloquei minha tevê no meu quarto, o cara do gato net já foi lá, levarei meu colchão hoje e vou ter uma cama pra dormir. – sorri.

— Olha, quando eu me mudar também vou querer que seja fácil assim. – a morena se sentou novamente no sofá para que eu me levantasse e eu ri junto com ela.

— Se depender de mim, mais pra frente eu tiro você e a mãe desse morro e vocês morarão numa puta cobertura de luxo. – minha irmã sorriu de canto e eu fiz o mesmo.

Sabia que dizer aquilo a trazia más lembranças já que o pai vivia dizendo isso e sabia também que era um assunto delicado já que, o dinheiro não sairia da forma honesta como elas gostariam mas... Eram consequências e eu escolhi por aquilo.

— Enfim, eu 'to indo lá. Vê se aparece nesse fim de semana lá. Vou dar uma festa pra estrear com estilo minha casa nova. – corri para a porta que já estava aberta e mandei beijo logo indo embora.

 Já eram umas seis da tarde quando finalmente havia terminado de arrumar algumas coisas na cozinha e acabava de colocar um jogo de cama na minha cama

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Já eram umas seis da tarde quando finalmente havia terminado de arrumar algumas coisas na cozinha e acabava de colocar um jogo de cama na minha cama. As roupas ainda estavam todas nas caixas — o guarda-roupa só seria montado na semana que vem — e eu já havia posicionado meu xbox em cima de uma caixa que tinha algumas coisas da sala que eu só guardaria depois.

Minha nova casa era grande. O quintal era enorme, ótimo para grandes festas. No andar de cima haviam três quartos enormes — sendo um deles uma suíte —, um banheiro e no andar de baixo uma enorme sala, cozinha americana, um lavabo e uma pequena lavanderia. Só de imaginar que eu teria que decorar cada parte daquela casa me batia um 'puta cansaço... 

Me joguei na minha cama e liguei meu videogame para jogar um pouco de Fifa quando escutei a campainha tocar e eu bufei irritado. Coloquei o controle em cima da cama e me levantei logo descendo e abrindo a porta, dando de cara com Bia.

— Bia? O que faz aqui? – apoiei meu braço no batente da porta olhando confuso para a ruiva.

— Eu soube que você se mudou e vim dar uma passadinha aqui. Não vai me convidar para entrar?

— E eu deveria? – arqueei uma de minhas sobrancelhas.

— Eu trouxe comida! – cantarolou. — Minha tia preparou strogonoff pro almoço hoje e eu trouxe um pouco pra você. Achei que estivesse com fome. – fez bico.

— Tem batata palha? – a ruiva assentiu e eu dei passagem para ela entrar.

— Nossa! Essa sua casa nova é foda! – olhava ao seu redor impressionada. — Agora que subiu o cargo tu pode tudo hein.

— Bia, isso não é nada demais. – ri minimamente um pouco sem graça.

— Não, isso é tudo. – colocou a marmita em cima da bancada. — E sabe o que é melhor? Você tem muito mais privacidade agora. – me encarou com ar de segundas intenções e se aproximou de mim.

— Bia... – olhei para o teto e mordi os lábios logo voltando a olhar para ela.

— É sério Miguelzinho. – fez manha. — Não tem mais a Nathaly toda hora te chamando, sua mãe no quarto ao lado... – mordeu os lábios e começou a fazer desenhos em meu peito com suas unhas.

— Beatriz, eu não quero. – neguei a afastando de mim.

Eu não queria mas me envolver com Bia, mesmo que ela fosse minha segunda opção. Eu só queria Rebecca. Apenas ela.

— Silvestre, você agora é dono do morro, precisa da sua fiel. Também está com a cabeça cheia, precisa esfriar um pouco ela... – se aproximou novamente e envolveu seus braços em meu pescoço.

Suspirei olhando novamente para cima mas logo tornei a olhar para ela novamente. Ela estava certa. Eu precisava esfriar a cabeça.

— Daqui tu não sai então. Tu pediu, vai ter. – puxei seu cabelo para trás e ela sorriu.

— E eu vou adorar. – mordeu os lábios e eu apenas a puxei para meu quarto.

Namoro de mentirinha (LIVRO 1)Onde histórias criam vida. Descubra agora