Capítulo dezenove; Hoje eu só tenho olhos pra ela

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 — Ah, você chegou! — Erick exclamou assim que me aproximei dele.

Não foi uma exclamação de alegria, muito menos de raiva como ele estava quando me ligou. Seu humor era indiferente e aquilo me deixava bastante nervosa.

— A minha bolsa. Por favor. — pedi meio acanhada, estendendo minha mão esquerda para que ele a me entregasse.

O moreno me encarou de cima em baixo, com a mandíbula contraída mas, depois de longos segundos, ele me entregou a pequena bolsa cor vinho. Naquele momento, a bolsa não estava combinando com meu vestido amarelo e meu moletom branco, mas eu pouco me importava. O que mais me importava naquele momento era que eu não dependia mais das meninas para entrar em casa por estar sem chave.

— Podemos entrar pra conversar? Está frio aqui fora. — o maior puxou mais as mangas do moletom que usava e eu assenti meio aérea.

— E a sua mãe? Não estava com você aqui?

— Ela já foi embora. Por isso marquei essa hora com você, relaxa. — sem dizer mais nada, Erick saiu entrando no shopping e eu tive que alcançá-lo logo atrás.

Subimos para a praça de alimentação e nos sentamos em uma mesa vazia ali mesmo. Eu não estava com fome mas bem que ele podia ao menos me oferecer algo. Porém não, ele continuou com toda aquela frieza de mais cedo.

— Então... Sobre o que queria falar comigo?

— Rebecca, eu vou ser sincero com você. Já devia ter te dito isso há um tempo já, mas fui um otário e só tive coragem agora... — o moreno suspirou profundamente e olhou para baixo, não demorando para voltar seu olhar para o meu. — Becca, desculpa ter demorado tanto tempo pra te dizer isso, esperar eu cair na real que se continuar te tratando como um nada, posso te perder, mas... Eu queria dizer que faz tempo que o que eu sinto por você é recíproco.

Naquela hora eu gelei. Quer dizer então que Erick sempre sentiu o mesmo por mim mas só fazia cu doce?

— Eu sei que fui um completo cuzão em fazer todas as coisas que eu fiz, eu só não sabia como dizer antes. Eu confio em você Rebecca, mesmo que não tenhamos nada sério, mas quando eu te vi com o seu ex, fiquei com ciúmes. Eu pensei naquela hora que, se perdi uma vez você pra ele, poderia perder de novo e por isso dei em cima da Nathaly. Eu sinto muito mesmo. — levou suas mãos a cabeça.

Confesso que eu estava sem palavras. Não por estar feliz em escutar aquilo de Erick — admito que se fosse há alguns meses eu estaria eufórica —, mas por eu não sentir mais o mesmo que ele sentia por mim. Eu ainda gostava de estar com ele, apesar de todos os seus vacilos mas, entre ele e Miguel, eu já sabia a resposta sem hesitar.

— Rebecca, sei que disse que não queria ficar sério por um monte de coisas e até brigamos por isso. Mas a real é que eu precisava de mais um tempo pra digerir tudo isso. É a primeira vez que gosto de alguém e isso me assusta pra caralho... — se encolheu. — Eu quero dizer que, se você quiser ficar sério, eu topo. Porque eu gosto de você e não quero mais esconder isso.

— Erick... Eu nem sei o que dizer. — fui a única coisa que pude dizer, estando estática.

— Só diz o que pensa agora. — riu nervoso.

— Eu... Não sei se quero ficar sério agora. — cocei minha nuca e desviei o olhar.

— Como é? — ele parecia desacreditado.

— Desculpa mas... Muita coisa aconteceu Erick e, assim como você precisou de tempo pra pensar nisso tudo, eu também preciso. Sinto muito.

Ele ficou me encarando fixamente por alguns minutos, sério. Eu não fazia ideia sobre o que se passava em sua cabeça mas estava ficando com medo.

— Tudo bem. Te dou todo o tempo do mundo. — sorriu de canto, me fazendo ficar, de certa forma, aliviada. — Eu só não quero te perder, por favor. — tocou em minhas mãos que estavam na mesa e eu sorri sem mostrar os dentes.

Por algum motivo, aquela situação toda estava me deixando bastante desconfortável. Era como se eu não quisesse mais ficar com Erick, porém, ao mesmo tempo, algo me prendia ali e aquela sensação que eu sentia em meu peito e o desconforto era tanto, que me fazia me sentir mal.

— Sabe o que eu estava pensando? — me tirou dos devaneios. — Vamos fazer três meses ficando mas... Nunca fomos pra cama...

Como é?

Pega de surpresa, comecei a tossir, o deixando bastante confuso.

— O que foi? Falei algo de errado?

— Não é que eu acho que não transaremos tão cedo. — olhei para a mesa.

— E por que não? Eu posso ser carinhoso, se quiser...

— Não é isso Erick. Eu sou... Virgem. E não pretendo perder a virgindade agora, sinto muito. — naquela hora, ele pareceu meio decepcionado e, para confortá-lo, sorri sem mostrar os dentes.

Eu sei que não deveria ter mentido, ou ter pensado em outra desculpa melhor para não transar com Erick mas eu não pensei em nenhuma no momento a não ser dizer que era virgem. Eu não sentia vontade de ir para cama com ele, ao menos que ele tivesse uma tatuagem e fosse mais debochado que o normal... Mas aí eu estou pensando em Miguel e não nele.

Eu devia parar de brincar com os dois, talvez eu devesse ficar de vez com quem realmente goste de mim. Estava brincando com duas pessoas e estava me sentindo péssima por isso. Eu não estava sentindo peso na consciência até Erick se declarar pra mim, mas eu gostava de Miguel e não sabia o que fazer. Devia colocar na balança e ver o que pesava mais: ficar com Erick porque agora ele gostava de mim ou ficar com Miguel porque eu gostava dele, mesmo sem ele sentir o mesmo?

 Devia colocar na balança e ver o que pesava mais: ficar com Erick porque agora ele gostava de mim ou ficar com Miguel porque eu gostava dele, mesmo sem ele sentir o mesmo?

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Eu não aguentava mais estar confusa!

Eu passei o resto do meu fim de semana inteiro pensando no meu dilema e não sabia mais o que fazer. Não falo com Erick e Miguel desde Sábado e decidi faltar até a faculdade hoje.

Julia e Marina passaram o Domingo preocupadas comigo porque eu não queria sair de jeito nenhum da cama e, agora que elas estavam trabalhando, eu estava em casa assistindo Bom Dia & Companhia, tomando um copo de Nescau quente enquanto ainda pensava nos dois. Eu me sentia num terrível triângulo amoroso e eu estava surtando pra caralho com tudo aquilo. Ainda mais porque eu não sabia mais o que fazer...

Namoro de mentirinha (LIVRO 1)Onde histórias criam vida. Descubra agora