Capítulo dezoito; Eu vejo você bem mais que só um amigo

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Rebecca Alves

— Você tem mesmo que ir? — Miguel perguntou manhoso enquanto via eu terminava de me arrumar.

— Infelizmente sim. A Julia já deve estar me esperando há horas em casa e eu tenho que ir antes que a Nathaly chegue. — me virei para ele e me aproximei da cama, para lhe dar um selinho já que o bonito ainda estava deitado e sem roupa.

— Eu quero que tu fique mais um pouco. — fiz bico e eu ri.

— Uma vez você discute comigo porque entrei no seu quarto, no outro você não quer que eu saia dele? — me afastei enquanto o moreno se levantava para se vestir.

— Sinta-se importante por isso então. — sorriu ladino, terminando de colocar sua boxer. — Mas, na nossa terceira transa, estrearemos nosso apê. — pegou uma calça do flamengo que estava em cima da sua cama e a vestiu.

— Por acaso você sempre contou quantas vezes transou com a mesma pessoa? — ri, abraçando a mim mesma.

O dia havia amanhecido bastante nublado e, com toda certeza choveria essa noite. Sinal disso eram os fortes ventos gelados que chegavam a balançar até a cortina do quarto de Lorenzo, que me faziam sentir frio. A roupa que usava era a mesma de ontem a noite e não era de frio, o que me fazia ficar com mais frio ainda.

— Eu não sou tão idiota assim. — riu. — Mas é que eu não imaginava que transaria duas vezes com a garota mais linda da Tijuca. — o moreno se aproximou novamente de mim, me deixando sem graça.

— A Beatriz e outras garotas agradecem pelo elogio. — me afastei, quebrando o clima.

Silvestre bateu suas mãos em suas coxas, mas nada disse.

— Por acaso o senhor romântico teria um casaco pra me emprestar? Eu estou com frio. — encolhi os ombros e ele revirou os olhos.

— Toma. — me jogou um casaco do flamengo que estava na sua cama.

— Lorenzo, eu não sou flamenguista.

— E? Por acaso é o time que vai te aquecer? Veste logo e cai fora. A Nathaly já, já chega e eu preciso resolver uns bagulhos na boca. — se sentou na cama e começou a mexer em seu celular.

É bipolaridade que fala, 'mores?

— Miguel? O que houve? Ficou estranho do nada... — fechei o casaco por completo e cruzei os braços.

— Não é nada. Só... Vai embora. Por favor. — por favor? Miguel havia dito por favor?

Algo não estava bem e eu tinha certeza daquilo.

— Tudo bem então... Quando chegar em casa te aviso. — abri a porta sem tirar meu olhar dele, porém o mais velho continuava a mexer no celular sem me dar atenção nenhuma.

Desci as escadas e, para uma casa que estava cheio de pessoas há horas, até que estava arrumada. Alias, a maioria das pessoas ficaram no quintal e não na sala. Saí da casa de Miguel e, dei graças a Deus, por não ter ninguém conhecido por perto.

Desci mais rápido que o Usain Bolt numa competição. Não queria que ninguém me visse no morro— afinal, estranhariam eu estar ali —. Para prevenir, resolvi até dar a volta para chegar em casa.

E, quando estava próximo a Apolo, meu celular começou a tocar e eu resolvi atendê-lo. Revirei os olhos num completo desânimo ao ver no identificador que era Erick.

— O que você quer? — coloquei minha mão livre no bolso do casaco e andei apressadamente.

— Rebecca, precisamos conversar. Você... Está bolada comigo por causa de ontem? — o moreno parecia acanhado na ligação.

— Não. A raiva passou. — sorri de canto.

Eu não estava mentindo. Como poderia pensar em estar puta com Erick, se havia me ocupado com coisas bem melhores?

— Ah, que alívio. Eu liguei várias vezes pra você ontem pra avisar que tinha deixado sua bolsa no carro, mas você não me atendia...

— Meu celular descarregou. Só pude carregar quando cheguei na casa dos meus pais. — mordi os lábios.

Era foda ter de mentir mas eu não podia revelar meus esquemas.

— Ah... Becca, é sério. Precisamos conversar, só que pessoalmente. Pode me encontrar hoje 18h na entrada do shopping Tijuca? — senti um calafrio na espinha.

— Hã... Não pode ser por telefone, mensagem ou você vir aqui em casa? — perguntei nervosa, enquanto tocava o interfone para que o porteiro abrisse o portão.

— Não. Eu estou resolvendo umas coisas com meu pai e, daqui a pouco preciso me encontrar com a minha mãe no shopping. Não vou ter tempo de passar na sua casa, por isso quero que me encontre lá hoje. — respondeu decidido e eu engoli em seco.

Acenei com a cabeça para o porteiro que me deu boa tarde e eu entrei no elevador, não demorando para apertar o número do meu andar.

— Mas, se você vai se encontrar com sua mãe, nos vemos amanhã ou na faculdade. Não precisa... — fui interrompida pelo garoto.

— Rebbeca! Hoje as 18h, por favor. — me repreendeu e eu pigarrei.

— T-tu-tudo bem. — gaguejei.

O elevador parou no meu andar e eu respirei fundo.

— Eu preciso desligar. Nos vemos mais tarde então.

— Tudo bem então. Até. — encerrou a ligação sem esperar minha resposta.

Toquei a campainha e esperei alguma das meninas abrirem a porta para mim. Eu estava nervosa. Erick nunca havia falado daquele jeito comigo; estava com medo de que ele tivesse descoberto de Miguel e eu ou algo pior. Eu não queria ver ele, mas precisava. Até porque também precisava pegar minha bolsa. Resumindo: eu estava fodida e, não queria estar fodida nesse sentido.

Miguel Lorenzo

— Dá o papo logo mano! 'To ficando nervoso já. — Nike empurrou meu ombro, mas eu permaneci imóvel, olhando para o chão.

— Deve ser algo sério pra ele querer até que eu fique. Certeza que não é algo da boca e tá começando a me assustar. Eu não vejo ele assim desde quando o pai morreu. — Nathaly se sentou ao meu lado e me abraçou.

— Porra Silvestre, diz logo! 'Pô, a gente já tá aqui preocupadão contigo! — Orelha chamou minha atenção e eu levantei para encará-lo.

Contraí a mandíbula e suspirei, olhando para minha irmã que estava ao meu lado e voltando meu olhar para meus amigos que estavam parados a minha frente, esperando que eu dissesse algo.

— É o seguinte: eu 'to gostando de uma... Pessoa. Só que eu não posso e vocês precisam me ajudar. — me encostei no sofá e os três ficaram me encarando.

— 'Peraí, tu tá gostando de alguém? — Orelha apontou pra mim.

— Logo tu? — Nike pareceu estar confuso.

— Puta que pariu. — Nathaly murmurou, se levantando.

Sim, eu demorei a admitir para mim mesmo mas hoje eu caí na real. 'To apaixonado pela Rebecca e fodido por isso. Logo eu, que disse que não teria sentimentos por ela, fui o primeiro a me apaixonar por aquela garota que, ultimamente, só anda brincando comigo e com Erick.

Namoro de mentirinha (LIVRO 1)Onde histórias criam vida. Descubra agora