Capítulo vinte e um; Elas não podem depender de um homem

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Miguel Lorenzo

— Qual foi Silvestre, tua irmã tá lá fora querendo falar contigo. — DG chamou minha atenção.

Olhei para a minha frente, vendo o jogo de baralho que estava jogando e, logo voltei meu olhar para o platinado. Porra, logo agora que eu ia ganhar uma grana no baralho eu tenho que sair do jogo...

Bufei e me levantei da cadeira, deixando minhas cartas em cima da mesa e fui para o lado de fora da casinha onde, geralmente, os bandidos ficavam pra bater papo e guardar alguns armamentos.

E ali estava minha querida irmã mais nova, a razão de eu ter perdido 100 'conto, encostada em um poste com uma expressão nada boa.

— Qual foi da tua? Eu espero que seja algo importante, senão tá me devendo uma grana. — cruzei os braços e me aproximei da morena.

— Vaitomar no seu cu, garoto! Que porra de história é essa que você táquerendo entrar pra boca? — me empurrou fortemente para trás.

— Caralho, garota, tá com problema? Se acalma aí! — ajeitei meu boné que queria cair. — Isso não é novidade alguma, tu já sabia disso e tá dando uma de maluca de novo por que? Ainda por cima na frente de geral.

— Eu sabia que você queria ser bandido e não que 'tava quase dando o cu pra ser um! — vi seu rosto ficar vermelho de raiva e fechei fortemente os punhos. — Porra, Miguel, eu disse pra você não fazer isso. Nosso pai não queria isso e você...

— É sério que quer de novo usar a desculpa do nosso pai? Nathaly, nosso pai não vai sair da porra do túmulo dele porque eu virei bandido, então vai pra puta que pariu! — naquela hora, vários dos que estavam lá dentro, começaram a sair e ficar em volta de nós.

— Eu não estou usando desculpa alguma e vai você pra puta que pariu! — se aproximou novamente de mim. Ela estava bastante puta com aquilo mas eu também estava.

— Já é então Nathaly. Nosso pai não queria que eu me tornasse bandido e eu estou aqui. Mas nosso pai também não queria que tu se envolvesse com um dos nossos e, olha só, — ri sem humor. — você virou uma vadia atrás do Nike.

Naquela hora, senti um forte tapa em meu rosto. Ainda sem acreditar que minha irmã havia me batido na frente de todos, permaneci com o rosto virado para o lado oposto e com os braços cruzados. Escutei murmúrios dos que estavam ali e a escutei fungar.

Tá legal que minha irmã e eu sempre discutíamos, era normal de irmão. Mas nunca havia chegado ao ponto de agredir um ao outro — tirando as vezes que eramos pequenos e ficávamos puxando o braço ou o cabelo um do outro —. Eu estava numa mistura de puto e arrependido.

— Eu te odeio por isso. — murmurou entre dentes. — Vai se foder e eu espero que tenha o mesmo fim que nosso pai, talvez até pior. Porque eu avisei e muito. — olhei para ela, com a mandíbula contraída e a vi ir embora sem mais nem menos.

Naquela hora eu queria muito socar alguém, puta que pariu...

Olhei para os caras que me encaravam e abaixei a cabeça, colocando as mãos na cintura e passando a língua entre os lábios.

— Qual foi da de vocês? Por acaso tem algum teatro aqui pra ficarem olhando? — voltei a olhar para eles. — Eu não preciso de plateia nenhuma aqui, caem fora daqui, porra! — exclamei irritado e todos se retiraram, exceto DG.

— Mano, acho que tu pegou pesado com a sua irmã...

— A irmã é de quem? Minha ou sua? — o mais velho apenas abaixou a cabeça. — Então não se mete. — dei um esbarrão em seu ombro e voltei para a casinha.

Eu tinha que me tornar logo bandido de vez e, agora, não teria mais reconsideração por ninguém.

Rebecca Alves

— Ô, minha linda, ainda está aí? — escutei a voz de Julia assim que ela abriu a porta.

Bloqueei meu celular e me sentei no sofá, ajeitando a coberta que usava.

Havia ficado a tarde inteira deitada no sofá, assistindo séries no meu celular e com o ar-condicionado ligado. Estar em dúvida entre duas pessoas estava me deixando sem ânimo algum.

— Trouxemos pizza! — Marina sorriu animada, colocando a caixa de pizza e a Coca em cima da mesa.

As duas foram até a sala e se sentaram ao meu lado, ao me verem desanimada, suspiraram.

— Meu anjo, se anime. Trouxemos sua pizza favorita, Coca e vamos poder, finalmente, continuar nossa série juntas. — Marina me puxou para mais perto de si.

Nós, o trio, tínhamos uma série que só podíamos continuar juntas. E fazia um bom tempo que não a víamos. Sem contar, que desde que nos mudamos, não tínhamos mas a noite das meninas e aquilo era triste.

— Eu tento mas não consigo! — me desgrudei da cacheada. — Eu passei o dia inteiro pensando no Erick e... No que ele disse.

Era obvio que eu não podia contar para elas que também estava pensando no Miguel, pelo menos não agora.

— Ai miga, eu queria muito te ajudar mas não sei como. Eu só tive um namorado antes do Thiago e, nenhum garoto que já fiquei antes, foi tão babaca como o Erick... — Marina sorriu sem mostrar os dentes.

— Eu podia dizer pra você piranhar e esquecer o Erick mas sei que você só quer viver um romance clichê. — Julia me fez sorrir. — Mas, amiga, o Erick não é a pessoa certa pra isso. Ele não é o príncipe de uma, ele é o príncipe de todas e, pessoas como ele, não são nem um pouco confiáveis.

— Mas Julia, ele disse que gostava de mim e queria ter algo sério comigo! Ele está me deixando louca...

— Rebecca, e já falei tudo o que penso. O Erick também é meu amigo mas ele é um cuzão com as garotas, não te merece. — Mas... — Marina pigarreou e Julia a encarou.

— Mas eu só quero ver você feliz. — sorriu, me encarando. — Se você quer ficar com ele, fique. Mas, se acha que ele não é o certo pra você, tá tudo bem. Você só tem dezenove anos, não é obrigada a namorar agora. — riu enquanto mexia em meu cabelo.

Sorri enquanto as duas me abraçavam. Eu queria muito dizer a elas a verdade mas não podia...

— Agora, vamos deixar esse papo de garotos de lado, não precisamos deles agora. — Marina se levantou num pulo e correu para a cozinha, mexendo nos copos. — Vamos agora ter a noite das meninas! — exclamou animada, segurando três copos.

Namoro de mentirinha (LIVRO 1)Onde histórias criam vida. Descubra agora