Capítulo vinte; Eu quero minha liberdade, mas ainda quero sacanagem

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Erick Fontaine

Estava dormindo bastante confortável em minha cama quando ouço meu despertador tocar. Relutante, abri meus olhos para pegar meu celular e desligar aquele maldito barulho e vi que já eram 9h da Segunda-feira.

Como hoje eu não tinha nenhuma reunião com meu pai e só ia pra faculdade mais tarde porque não estava a fim de ter algumas aulas hoje, resolvi que iria na academia. Eu andava precisando voltar a ficar em forma, já que fazia tempo que eu não estava — se bem me recordo, não malho desde quando eu precisei ir a França com a minha mãe visitar minha família que tinha lá, há quase dois anos —.

— Hum... Que horas são, amor? — a loira que dormia ao meu lado perguntou sonolenta.

— Nove da manhã e, por favor, não me chame de amor. — fiz uma cara de nojo, enquanto me sentava e retirava de cima de mim o lençol que me cobria.

Coloquei minha calça moletom preta da Nike, que havia deixado no chão e fui para a varanda — que meu quarto dava acesso e ligava-se com a sala —. Fechei a porta de vidro, já que Sophie dormia e fiquei observando as pessoas que corriam ou andavam de bicicleta em frente a praia.

— Erick?Por que acordou tão cedo? Achei que não fosse cedo pra faculdade hoje... — a garota de olhos verdes, apareceu na varanda, enquanto coçava um de seus olhos.

Olhei para ela enquanto me apoiava no vidro da sacada, ficando de costas para a praia.

— Eu ia para a academia, mas desisti antes da hora. — cruzei os braços enquanto observava a branca de cabelos longos e ondulados se aproximar de mim.

Antes que me perguntem, Sophie e eu nos conhecíamos desde pequenos; ela é filha do melhor amigo do meu pai que faz parte de uma empresa na França que tem Sede na Rússia e Alemanha. E, como todo bom clichê, meu pai queria que eu me relacionasse com ela para que ele conseguisse patrocínio para a empresa e, aqui estava eu, desde os meus quatorze anos...

Eu nunca contei para Sophie que ficava com outras além dela, eu a via apenas como uma amiga de infância e não como algo a mais... Mas era obrigado a manter aquela relação e, pior, estava com ela para não magoá-la ou foder com os negócios do meu pai.

E, quanto a Rebecca, bom... Eu ando desconfiando que ela esteja envolvida de novo com o Miguel. Eu sei que disse pra ela que gostava dela mas, como de costume, estava apenas mentindo. Eu só não quero que ela volte para aquele favelado e vou fazer de tudo pra conseguir isso — nem que pra isso tenha que pedir ela em... Namoro —. Acho que na real mesmo, a única pessoa que eu realmente me importava era Sophie. Óbvio que primeiro vinha eu, depois ela.

— Erick,meu pai volta essa semana da Alemanha e ele queria muito te ver.Perguntou se podemos jantar essa semana, em família. — virou-separa olhar a praia e eu a encarei.

Admito, mesmo não gostando dela como algo a mais, achava a loira bastante bonita. Típica garota padrão, com detalhes europeus e com um belo corpo — agradeço isso a sua mãe que era brasileira, assim como a minha —.

— Sophie, você sabe que eu não curto esse negócio de jantar em família. Já vejo meu pai ultimamente bastante e, de um tempo pra cá, minha mãe cismou em querer me levar pra vários lugares pra comprar ternos e anéis, o caralho a quatro. — fiquei na mesma posição que ela e entrelacei minhas mãos umas nas outras.

— Faz parte, você é o herdeiro da empresa do seu pai e já tem dezenove anos. Precisa aprender logo o negócio da família. — me encarou com os olhos semicerrados por conta do Sol.  — Na verdade você nem precisaria fazer faculdade. Já tem tudo na mão,quer mais o que?

— Primeiro que eu preciso sim. É importante eu fazer administração para trabalhar na empresa e... Eu não tenho tudo nas mãos Sophie, você está enganada. — a loira riu sem humor.

— É sério? Erick, com dezesseis anos você ganhou um porsche de aniversário e nem podia dirigir! — fez uma careta como se aquilo fosse um absurdo. — Eu tenho a mesma vida que você e nem por isso ganhei uma cobertura no Leblon e um apartamento em Ipanema só pra mim. 

— Sophie, você tem que entender que eu não pedi por tudo isso. Meu pai me mima porque eu sou filho único dele e, por ser menino, o herdeiro de tudo dele. Ele também se sente culpado porque fui uma "gravidez indesejada quando ele queria apenas se divertir aqui no Brasil". —revirei os olhos.

— Você podia ver isso como algo bom então. Eu não vou tomar conta da empresa do meu pai, no mínimo ele vai comprar algo pra eu tomar conta mas... Eu queria que ele visse potencial em mim assim como seu pai vê em você. — sorriu.

— Se seu pai te visse como o meu... Você nunca teria paz. — ri anasalado, indo para a sala.

— Erick, sei que o seu drama familiar é foda mas... Confirmo com meu pai ou não sobre o jantar? — a menor parou na porta da varanda e eu peguei meu celular que estava em cima da mesa de centro.

— Na noite que ele chegar ao Brasil, esperarei no melhor restaurante daqui do Leblon. — respondi mexendo em meu celular, sem ao menos olhar para a loira, logo indo para a cozinha pra preparar um almoço rápido; eu tinha que ir para a faculdade em alguns minutos.

Nathaly Lorenzo

— E então princesa? O que vamos fazer? — Matheus se jogou ao meu lado na cama e abraçou um travesseiro em forma de coração.

— Eu não sei. Eu nunca vi meu irmão ficar daquela forma por gostar de alguém e olha que já o vi namorar com várias meninas. — apoiei minha cabeça na parede e joguei meu celular em cima do moreno que usava a camisa do Barcelona.

— Eu não estava falando disso. Perguntei sobre o que você e eu faremos agora que chegou da faculdade. — fez uma careta. — Mas, já que comentou disso de novo, fica suave. Ele já tá tega. —me abraçou de lado.

— Como sabe? Matheus, espero que não esteja mentindo pra eu ficar bem. Estamos falando do meu irmão e, apesar dele ser vacilão, eu me importo pra caralho com ele. 

— Eu sei mano e nunca mentiria pra você, tu sabe. — deitou em minhas coxas e olhou para mim. — 'To dizendo isso porque eu tinha brotado lá na boca e ele 'tava normal. Vi ele até dar em cima da Beatriz que 'tava por lá.

— Como é? Repete. — me ajeitei na cama.

—Que ele deu mole pra Beatriz? — se sentou e ajeitou seu boné, o colocando pra trás.

— Isso não, a outra parte.

— Dele tá na boca? Qual foi, tu não sabia? Morro todo já tá sabendo, cara. O Rato resolveu dar uma chance pro Silvestre porque ele 'tava tonteando e agora ele tá fazendo mó cota pra ser aceito.

Num ato de fúria, me levantei rapidamente da cama e abri a porta com toda a força que tinha.

—EU VOU MATAR AQUELE FILHO DA PUTA, DESGRAÇADO! — berrei,descendo as escadas.

De hoje o Miguel não passava mais. E era melhor os amigos dele começarem a preparar os discursos pro enterro.

Namoro de mentirinha (LIVRO 1)Onde histórias criam vida. Descubra agora