Depois de um tempinho, finalmente havia chegado em Vila Isabel e — como de costume — já estava xingando Miguel por ter me feito ir para mais longe da minha casinha.
Assim que o vi, sentado num banco da praça, mexendo em seu celular resolvi me aproximar por trás dele. Cobri seus olhos com as minhas mãos e aproximei minha respiração de seu rosto.
— Eu conheço esse cheiro de Lavanda. Por acaso seria minha amante? A Flávia? — mordeu os lábios.
— Como é que é Lorenzo? — retirei suas mãos de seus olhos e dei um forte tapa em suas costas.
Dei uma volta pelo banco para que eu ficasse em sua frente.
— Eu sabia que era você Rebecca, seu cheiro é irreconhecível. — sorriu, se levantando para me dar um selinho.
— E pelo jeito dessa Flávia também, né? Seu puto! — o empurrei para trás.
— Ah, qual foi Becca, eu 'tava brincando cara. Eu nem conheço nenhuma Flávia, confia em mim. Tenho amante nenhuma não. — segurou em minhas mãos e eu desviei o olhar, tentando manter minha cara séria, o que foi em vão já que meu sorriso me denunciou.
O moreno que usava um casaco preto com o símbolo da Nike — e pela primeira vez, sem boné — sorriu, e me puxou para mais perto de si para que nos beijássemos.
— Qual era a surpresa? — perguntei após o beijo.
— Ah, vem comigo. — segurou em minha mão e atravessamos a rua, indo até um pequeno prédio que havia ali mesmo em frente a praça.
Subimos até o último andar e entramos em uma casa, com moveis caros mas estranhei pelo tipo de lugar que estávamos.
— De quem é esse apartamento? — coloquei minha mochila em cima do sofá.
— Era de um amigo meu lá do morro. Assim que ele subiu um pouco de cargo, resolveu sair do morro e morar aqui mas, ele teve que voltar pra lá daí o menor me emprestou. — sorriu de canto.
— Tá e... Por que me trouxe aqui?
— Tu ainda não entendeu? Esse daqui vai ser o nosso lugar!
'Pera. Como é que é?
— Miguel... Você 'tá bem? Por acaso o estresse em virar bandido acabou com sua sanidade mental ou é só efeito de muita maconha? — cruzei os braços.
— Rebecca, você tá entendendo tudo errado. — riu. — Eu não quero morar contigo aqui não, fica suave, vamos apenas nos encontrar aqui. Não tem como marcarmos de nos ver na Tijuca, todos os nossos amigos moram lá ou piam o tempo inteiro e, também, não tem como tu ficar subindo o morro. O povo vai desconfiar. Eu decidi ficar com esse apê porque não vou precisar pagar nada e nem gastar num motel. Eu achei que fosse gostar... — bateu os braços em seu tronco, parecendo bastante desapontado.
Talvez não fosse essa reação que Miguel esperava de mim.
O mais velho foi para o quarto e um enorme peso na consciência me veio. Porra, eu poderia ter agradecido pelo esforço dele em manter tudo no sigilo como pedi. Até um apartamento longe de todos ele arranjou.
— Miguel... — suspirei. — Espera. — passei pelo corredor e entrei no quarto, que era a última porta do corredor. — Eu gostei da surpresa, fico feliz que se importe tanto em manter nossa relação em segredo. Você se... — olhei para cima e logo voltei meu olhar para ele, que estava sentado na beira da cama. — Esforçou pra conseguir essa casa e se preocupou em não gastar em um motel. — o fiz rir.
Me sentei ao seu lado na cama e segurei suas mãos, fazendo carinho nas mesmas.
— Você é maravilhoso, cara. Eu te quero mais que tudo. — aproximei meu rosto do seu e Miguel olhou para mim, intercalando seu olhar do meu para minha boca.
— Porra Rebecca, você me deixa louco. — sorri e ele logo me beijou, me deitando na cama. — Mas... Não vamos fazer isso hoje. Vamos deixar pra Sábado. — me deu um selinho e logo saiu de cima de mim.
Diferente dele, eu permaneci deitada. Apenas retirei meus tênis, os jogando em qualquer canto do chão e fiz um coque em meu cabelo.
— Eu resolvi fazer uma festa lá em casa na Sexta, já que minha coroa vai visitar minha vó. Eu espero que você vá.
— Eu não sei se vou poder ir. Digo, eu quero muito mas eu andei brigando com o Erick que queria que ele me desse atenção e, agora ele vai ter seu único tempo livre pra mim e eu marquei de fazer algo com você. — mordi os lábios e Lorenzo revirou os olhos.
— É sério? — assenti meio decepcionada. — Olha, eu odeio dizer isso, e espero de verdade que nunca mais precise dizer isso... Por que tu não chama ele? É só dizer que a Nathaly convidou. — deu de ombros.
— Tá falando sério? — ri desacreditada, me sentando na cama. — Miguel, você só pode estar maluco! Se eu sair com o Erick vou precisar dar total atenção pra ele. Como quer que fiquemos juntos na festa se o Erick for?
— Tu tá ligada que você pode dizer que vai no banheiro, né? O cara não vai te seguir se tu for deixar ele cinco minutos sozinho. — riu.
— Miguel, sabe por que eu gosto de você? Porque você gosta de brincar com o perigo. — me aproximei dele. — Querendo ou não, eu estou com o Erick. E, mesmo não sendo sério, é como se você fosse o outro. Quer apanhar de novo? — ri e o moreno segurou em meu pescoço.
— Eu já disse, ele me pegou num dia que eu não queria bater. Mas, dessa vez, se ele tentar algo comigo, ele tá fodido. — olhei fixamente em meus olhos. — Rebecca, ele não sabe quem eu sou e tá brincando com o cara errado.
Sorri, logo mordendo meus lábios. Não demorou muito para que Miguel me deitasse novamente na cama e começasse a me encher de beijos.
— Eu ainda não sei o que me deu na cabeça de aceitar vir numa festa desse cara. — Erick reclamou novamente enquanto estacionava seu carro em frente a casa de Miguel.
Já era quase duas da manhã e a festa havia acabado de começar. Acompanhada de Erick, saímos do carro e entramos na casa de Nathaly que estava com o portão e a porta da frente abertas.
— Você... Fica aqui enquanto eu vou procurar as meninas? — me virei para o moreno que se encostava num canto vazio da sala.
— Não demora muito. Eu não quero ficar sozinho. — me deu um selinho e eu assenti, passando entre as pessoas que dançavam.
A música da caixa de som, estava absurdamente alta e eu não conseguia escutar meus próprios pensamentos.
Com um pouco de dificuldade, finalmente consegui chegar ao quintal onde vi Nathaly, Marina e Julia dançando. Sorri instantaneamente. Era a primeira vez que Marina subia o morro e, pelo jeito, estava se divertindo bastante. Eu ficava feliz em saber que minha melhor amiga não se sentia mais excluída.
Quando ia me aproximar delas, vi num canto mais afastado Miguel com seus amigos. Ele levantou seu copo, como se me cumprimentasse e sorriu de canto. Não demorou para o visse pedir licença e sair de perto de seus amigos, indo para um lado mais afastado de toda gente.
Não sei o que deu em mim e eu podia estar muito fodida em fazer aquilo mas, eu decidi segui-lo e não estava nem aí para se as pessoas viam ou não.
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Namoro de mentirinha (LIVRO 1)
Teen FictionRebecca só queria alguém que a ajudasse a conquistar seu amor de faculdade e Miguel foi a escolha perfeita. Porém, Miguel apenas queria seguir os passos de seu pai e se tornar um homem respeitado em sua comunidade. E, entre seu namoro de mentira, os...