- E foi ai que eu quebrei minha perna, foi doloroso, mas muito engraçado.
A voz de Frank ecoou pelo lugar por durante duas horas seguidas e eu realmente queria estrangular o garoto.
- Você não para de falar nunca? - Perguntei já sem paciência.
- Se você não quer falar nada, não quer contar sobre sua vida, quer que eu faça o que? - Ele perguntou indignado.
Eu já me encontrava deitado em um dos bancos largos que acompanhavam a mesa. Frank estava em cima da bancada e sinto que não saiu de lá por que não conseguia.
Levantei meu corpo deixando minhas pernas entre o banco e o garoto me encarou com certa dúvida.
- O que? - O encarei novamente passando a mãos nos cabelos.
- Ficamos por mais ou menos quanto tempo aqui dentro?
- Sei lá, 2 horas? Onde Mikey foi?
- Se eu te disser que aquela janela ali. - Ele apontou para os conjunto de vidros com algumas trancas, virando para meu olhar novamente. - Está... Aberta.
- O QUE? - Levantei rápido e vi Frank estampar um sorriso e arregalar os olhos. - FIQUEI DUAS HORAS ESCUTANDO VOCÊ FALAR E FALAR SABENDO QUE ESTAVA ABERTA? - Me aproximei quase colando nossos corpos. - Eu te odeio ainda mais agora.
Vi que ele prendeu sua respiração, mantendo o sorriso e querendo rir. Como alguém consegue ser tão irritante nesse nível? Sua infantilidade supera qualquer coisa nesse mundo.
Fui até a janela e abri a mesma. Vi que o garoto nem se mexeu e continuava me encarando.
- Não consegue sair né? - Perguntei sabendo a resposts óbvia.
- Não... - Ele respondeu fechando os olhos e rindo.
- Arg - Fui em sua direção ficando de frente para o mesmo, coloquei as minhas mãos em sua cintura e lhe puxei rápidos para baixo.
- Wow, não sabia que tinha essa força. - Respondeu me seguindo.
- Olha seu tamanho! Uma formiga consegue ser maior.
- Vou levar como um elogio.
Pulei a janela e vi Frank repetir os atos. Não era alto, dava no maximo nas nossas cinturas então não foi difícil.
Subi o jogo de escadas de pedra que levavam até a casa, verificando se Mikey não tinha chegado.
- Onde ele foi? - Perguntei para o garoto que estava logo atrás.
- Acho que ver o pai, não sei, eu to indo... Só vou subir e pegar algumas coisas. - Terminou de falar passando por mim e entrando na casa.
Enquanto eu procurava alguma coisa de interessante para comer, escutei Frank gritar uma música no andar de cima.
- WHEREE DO THEY GOO? WHERE DO THEY GIRLS GO? WHERE DO THEY GOO? - Reconheci na hora, a música de uma das minhas bandas favoritas.
Fechei a geladeira que antes estava aberta e subi as escadas, parando na porta do quarto de Mikey, encontrando Frank no terceiro degrau da escada do beliche tentando alcançar algo na cama do meu irmão.
- Mas que merda... - Ele disse esticando mais seu braço e empinando seu quadril, aquela posição realmente favorecia o mesmo.
- Misfits, é? - Disse e o menor se assustou quase caindo do móvel.
- AH, assombração, sempre chega pelas escuras assim? Não é legal.
Encostei na vista da porta, cruzando os braços e inclinando meu corpo, fechando totalmente a passagem.
- E sim, era Misfits, por quê?
- Nada, só reconheci, por ser uma pessoa extremamente irritante tem um gosto musical bom. - Quando terminei de falar, ele fingiu estar ofendido pelo apelido.
- Irritante? - disse descendo da escada e ficando alguns passos a minha frente. - Se tivesse me escutado quando estávamos lá embaixo, saberia que eu curto MUITO essas bandas e tenho até algumas tatuagens. - Terminou de falar também cruzando os braços.
- Não sabia que tinha idade para fazer tatuagens. - Completei quando ele se virou e foi até sua mochila, o mesmo virou rápido, com os olhos semicerrados e com a boca aberta em surpresa.
- O que? Pelo menos não sou eu que pareço um velho e fico trancado em casa o dia inteiro. - Com seu comentário, saí da minha posição e fui até ele, que percebeu e andou um pouco para trás, até encostar na parede. Minha hora de provocar.
- Me chamou de que? - Levei uma das mãos espalmando a parede ao seu lado, prendendo e deixando o garoto sem saída. Nossos corpos estavam próximos o suficiente para que ele prendesse a respiração e grudar nossos olhares.
- N-nada, e-eu... É, eu p-preciso... Ugh! - Iero se embaralhou todo nas palavras, me fazendo rir. - Saí fora. - Ele completou empurrando meu peito com a mão, enfim me afastando.
Como ele já estava com sua mochila nas costas, simplesmente alcançou seus tênis que estavam no chão e desceu rápido.
Fiquei parado observando o quarto e vi que o que antes Frank tentava alcança era uma camiseta, no canto da cama de Mikey. Peguei a mesma e desci até a cozinha. Encontrando o garoto sentado no sofá, amarrando os cadarços.
- Esqueceu isso. - Joguei a roupa em sua cabeça, fazendo o mesmo reclamar.
- Obrigada, viu como você consegue ser gentil as vezes? - Continuou tagarelando, até tirar a camisa que estava em seu corpo – que era uma de Mikey – e atirar em mim.
Seu corpo era definido e continha outras tatuagens, mas logo foi coberto pelo tecido que o mesmo tanto queria.
- Vai ficar me comendo com os olhos?
- Arg, vai sonhando. - Disse e vi Frank alcançar sua mochila no chão e colocar em um dos ombros novamente. Andou até mim e ficou um pouco nas pontas dos pés, para alcançar meu rosto.
- Para sua informação, Gerard Way, eu adoraria que não fosse apenas com os olhos... - Ele disse quase sussurrando e passou direto, abrindo a porta e atravessando a mesma. - ATÉ ALGUM DIA! - Soltei uma risada nasal com sua provocação e fui até a entrada, observando o garoto descendo as escadas que levariam até o portão, desengonçado e pulando alguns degraus.
Fechei a porta amadeirada e subi para meu quarto, fui até um armário e alcancei uma toalha, me direcionando para o banheiro.
Tomei um banho rápido e comecei a me vestir.
Por incrível que pareça, a casa sempre silenciosa, estava me matando, toda aquela faladeira de Frank realmente ocupavam grande parte do tempo e me deixava incomodado o fato de nem sequer uma música ecoava pelo local.
Mas o que eu estou pensando? Eu não estou com saudades ou sentindo falta de sua voz, é só que...
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NOVEMBER RAIN - FRERARD
FanfictionVocê disse que deveríamos sair, embora ainda pudéssemos. E eu deveria ter ouvido, mas eu entendi mal. Então quando a polícia arrombou a nossa porta e nos segurou contra o nosso chão, parecíamos amantes ou parceiros no crime?