G13

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Eu queria poder dizer que acordei com beijos por todo meu rosto e corpo, mas me surpreendi com um peso sendo atirado na cama.

Eu sinceramente preciso proibir Mikey de vir aqui.

- ACORDA IRMÃO QUERIDO. - Sua voz estridente cortou meus ouvidos e tentei lhe acertar um tapa, mas falhei.

Eu ainda estava totalmente nu, porque a noite passada, não terminou só naquilo. Foram rounds, orgasmos e posições de todos os tipos. Minha pele que antes era branca provavelmente era uma palheta de cores roxas e vermelhas. Porque juro, Frank sabia muito bem trabalhar com sua boca. E não o julguei, porque fiz o mesmo com seu corpo, sem querer me gabar, mas mesmo não fazendo ideia de onde ele esteja, não achei que ia o garoto ia conseguir levantar hoje.

- Mikey! Vai. Embora. - Falei puxando o cobertor para cima do meu rosto, fechando os olhos e ignorando a claridade que passava pelas cortinas.

- LEVANTA! - Assim que senti aquele tecido voar para longe da cama e meu irmão em silêncio, alcancei o travesseiro mais próximo que achei. - Você tá pelado. Por quê? - Seus olhos estavam arregalados e não ousava em se mexer.

- Ué, estava calor e não costumo dormir com muitas roupas.

- Eu. Não. Acredito. - E ele tinha sacado tudo, porque alguém esqueceu de cobrir o resto do corpo, todos os chupões e apertões eram bem visíveis e não eram discretos.

- Não grita.

- Vocês transaram. - E não, ele não gritou. Ele abaixou o tom o máximo possível, sem animação, sem expressão de nojo, sem nada normal que meu irmão faria se descobrisse. - Ele fez mesmo isso?

- O que? Como assim? - Antes que ele pudesse responder, levantei rápido, abrindo o guarda roupa, puxando algumas peças e vestindo em seguida.

- N-nada, só não pensei que ia dar nisso. Tipo, vocês dois, juntos. - Agora tudo que ele falava parecia uma falsa animação ou um falso interesse.

- O que aconteceu? É a segunda vez que você fala isso e nunca me conta, ele fez alguma coisa? Disse alguma coisa ruim sobre mim?

- O que? Não! Eu não falei com ele, quando cheguei a porta estava destrancada e tinha um bilhete avisando que tinha saído... Não se preocupa, ok? Foi só uma surpresa.

- Hum. - Cruzei os braços e o encarei, ainda de joelhos sobre o colchão, esperando que continuasse. - Já comeu?

- Ainda não... Mas tem uma mesa pronta lá embaixo então, VAMOS! E quero que me conte o que aconteceu. - Em uma fração de segundos já escutava seus passos rápidos descendo as escadas. Fiz o mesmo um pouco devagar, meu corpo também doía e não dava para ficar forçando.

No pé da escada, avistei o bilhete e andei para pegar.

"Sei que acordou tarde, mas deixei uma mesa prontinha, espero não demorar, fui no centro comprar algumas coisas para a guitarra e tudo mais, não demoro.

De Frankie..."

Quando percebi, já estava sorrindo como um adolescente apaixonado, porra, foi uma noite, apenas isso. Não é motivo para tanto calor no coração.

Talvez seja... Mas não é o caso agora.

- Você gosta dele. - Encarei Mikey sentado na mesa, segurando uma xícara repleta de café com leite.

- Não é isso.

- Eu não perguntei, Gerard. Foi uma afirmação. - Ele terminou de falar dando um gole no café. - Você gosta dele.

- Ta bom! Eu gosto. - O menor estava um pouco distante, mas consegui muito bem ver seus olhos fechando e escutar um suspiro. - Sei que se eu precisar pedir a sua benção vai negar, né?

- Não é isso... Só que, você não pode, ok? Converse com ele, isso não pode acontecer.

- O que você quer, Michael? Porra, me deixa em paz um pouco. - Sem perceber, amassei o papel e joguei no chão.

- Te deixar em paz? Olha, Gerard, eu não quero brigar então não grite comigo. - Seu corpo levantou arrastando um pouco da mesa, seu rosto como de costume estava um pouco avermelhado (provavelmente de raiva) e ele se direcionou para a pia.

- Então por que vocês dois não falam logo o que caralhos está acontecendo?

- Desculpa, isso não é assunto meu, e pelo que disse, sei que Frank comentou sobre, né? Força um pouco mais que ele fala.

- Vai se fuder, Mikey!

- O que?

- VOCÊ TROUXE ELE AQUI, POR QUE ESTÁ INDO CONTRA ISSO AGORA?

- PORQUE ERA PARA ELE DESISTIR DE TUDO ISSO! ERA PARA VOCÊ FAZER TODA ESSA IDEIA SUICIDA SUMIR! ELE NÃO GOSTA DE VOCÊ, GERARD. ELE QUER SE APROVEITAR DO TRABALHO DA FAMÍLIA.

Bum! A bomba foi acertada com sucesso.

- Frank não faria isso... - Meus olhos estavam semi-serrados e não conseguia acreditar em nenhuma de suas palavras. - Ele não seria capaz.

- Gerard, o quanto você sabe do passado dele? Me diz, quantas conversas vocês já tiveram e conversaram sobre planos futuros ou arrependimentos antigos? - Ele estava certo. Frank não me contava nada nunca, mas sempre achei que era por pura timidez ou vergonha. Mikey poderia estar fazendo isso de propósito, principalmente por aparecer sempre em horas que não deve.

- Vai embora. - Tomei a palavra e a única coisa que consegui dizer foi isso.

- O que?

- Falei para ir embora.

- Você não está escutando Gerard? ELE. ESTÁ. TE. USANDO. - Meu irmão falou pausadamente, tentando me fazer mudar de ideia. Andei até a porta e senti um vento gelado arrepiar meu corpo inteiro.

- Não é porque o seu relacionamento com Ray deu errado, que precisa acabar com os meus. A quanto tempo você não me vê sorrindo pro vento? Ou simplesmente sorrindo para alguma coisa tirando os desenhos e músicas? Eu não preciso de um irmão mais novo me dizendo o que fazer ou não, então saía da minha casa, agora.

- Você não precisava falar isso...

- Michael, se for para aparecer, ficar menos de vinte minutos e dizer tudo isso para me deixar mal, não precisa vir.

- Você é inacreditável. - O acompanhei com os olhos, enquanto pegava suas coisas apoiadas em uma das cadeiras, vestindo um casaco em segundos. Até que se aproximou e colocou o indicador no meu peito. - Dá próxima vez que comentar sobre meu namoro com Ray, antes ou depois de você fazer alguma coisa com o Frank, eu não olho mais na sua cara, porque você é o único que sabe o que aconteceu, então não mencione mais. - A cada palavra ele forçava o dedo contra minha pele, machucando levemente. Até que saiu trombando em meu corpo. Bati a porta com força, empurrando os cabelos para trás.

- MERDA! - Gritei, socando a superfície de madeira, machucando minha mão. - E se Mikey estivesse certo? Se aquilo fosse uma maneira de se aproximar da minha família, ou das... Drogas. Frank mal tinha se recuperado de uma abstinência, não estaria correndo por mais. Mas como trabalho?

Puta merda isso não pode acontecer.

Eu queria ele do meu lado, queria sua companhia ou seu carinho, seu toque e todas aquelas provocações sem sentido. Se aproximar tanto assim, beijar, abraçar ou transar com alguém desse jeito seria muita maldade. Ele seria capaz disso? Eu me entreguei dos melhores jeitos possíveis, de formas que não consegui nem sozinho aceitar, mas com ele sim. Frank era só um interesseiro?

Desse jeito, confuso e com raiva, subi até meu quarto, encontrando aquelas roupas de ontem ainda jogadas pelo banheiro, então eu esperei... Esperei Frank chegar em casa, para que finalmente alguém esclarecesse aquela situação.

NOVEMBER RAIN - FRERARDOnde histórias criam vida. Descubra agora