Drogas.
Depois que Mikey saiu pelo grande portão, eu e Gerard subimos e não nos falamos o resto da noite. Eu também não enchi o saco dele, as vezes tenho bom senso, vai dizer.
A questão que o problema, não era mais as provocações, a mudança, o trabalho, a música ou qualquer outra coisa que me levou ali. Tudo isso, desde que comecei, foi cercado por drogas. E de todos os tipos. Das mais fortes até aquelas que você usa só para "relaxar".
O que, claro, não era o meu tipo.
Eu estava na cama de baixo daquele beliche até meio infantil pro meu gosto. Meu corpo inteiro tremia e estava suando frio. Tentando puxar aquele cobertor fino como jeito de me acalmar ou distrair. Quando citei sobre um certo pagamento do antigo trabalho, sobre ser dinheiro e não drogas? Então.
Eu estava na última fase da abstinência.
Era toda hora aquelas crises (Que na maioria das vezes eu conseguia esconder) e não era muito ruim, sabe?
Pelo menos não era como o início.
E já estava acabando, não faltava muito para que eu ficasse bem de volta. Fiz uma promessa de não me meter com as drogas diretamente e era isso que estava tentando cumprir.
A porta do quarto estava encostada, mas a visão dela aberta dava certinho para a cama. Gerard já tinha acordado e escutei o mesmo descer as escadas correndo pelo menos umas dez vezes.Também contei as vezes que optei chamá-lo, mas desisti. Todas elas. E foram mais de trinta.
A porta de entrada bateu com força, me fazendo pular e abrir os olhos rápido. Minha cabeça estava explodindo e xinguei mentalmente Gerard por aquilo. Eu estava tentando controlar os tremores e era quase impossível. Nem lembro de quantas vezes respirei fundo e tentei não morder os lábios para me acalmar, eles estavam mais do que cortados e era possível sentir o gosto metálico do sangue.
Então eu escutei os tênis de Way arrastarem pelos degraus e eu virei rápido para o lado da parede. Seria mais fácil fingir que estava só dormindo. Aqueles passos pararam e pude escutar sua respiração, que merda.
Ele estava tão calmo, me dava inveja.
A porta abriu levemente, como se não quisesse ser notado. Meu corpo estava imóvel, as minhas mãos estavam entre as coxas e eu estava encolhido.
Senti o olhar dele me queimar, e estava tentado a virar. Mas eu não podia! Eu estou aqui de favor e deixar que o mesmo me visse nessa situação era suicídio! Ok, relaxa, você consegue.Não vira. Não vira. Não vira.
- Frank? - Sua voz saiu como um cochicho, quase inaudível.
Merda. Merda. Merda.
A última coisa foi um suspiro. E os passos até seu quarto.
- Gee.. - Eu sabia que ele ia sair e provavelmente não me procurar de novo, mas minha voz saiu rouca, arrastada e falha, em pensar que talvez ele tivesse escutado.
Mas eu não ajudo também, né? que porra? Gee? Eu chamei ele pelo apelido? GEE? Merda, minha cabeça tá explodindo.
- Frank? - Seu tom era preocupado. Ótimo. - Me chamou? - Ele já estava na porta novamente, provavelmente escancarada e sua respiração acelerada.
- V-você tem um... Remédio pra dor... De cabeça? - Minha voz estava trêmula, minha garganta cada vez mais seca. Não sabia diferenciar se era nervosismo ou a crise.
- Ei, o que você tem? - Ele entrou no quarto e se aproximou.
- Ach-ho que uma gripe.
Meu maior erro, sem dúvida alguma, foi virar. O olhar desesperado e preocupado de Gerard foi maior que qualquer coisa. Meu coração estava acelerado quase por completo, minha respiração descompassada.
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NOVEMBER RAIN - FRERARD
FanfictionVocê disse que deveríamos sair, embora ainda pudéssemos. E eu deveria ter ouvido, mas eu entendi mal. Então quando a polícia arrombou a nossa porta e nos segurou contra o nosso chão, parecíamos amantes ou parceiros no crime?