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- VOCÊ ENLOUQUECEU???? - A voz fina e confusa de Ray chegou em meus ouvidos. - Não, você definitivamente enlouqueceu!

- Bom dia, Ray. - Falei virando lentamente ainda destruído pelo sono e a dor de cabeça. Eu e Frank tínhamos dormido o dia inteirinho e pra falar a verdade, não faço ideia de que horas são.

- Não me venha com essa de bom dia, Gerard! Eu quero explicações!

- Ok, eu vou te dar, só preciso saber do que você tá falando primeiro, né? - A cada palavra que disse levantei a xícara que estava completa de café puro na minha mão.

- Sobre o Frank.

- Ah... Sobre isso, desculpa, a gente não queria acordar vocês hoje de manhã, nem eu sabia que aquilo ia acontecer sinceramente e... - Mais uma vez ele me interrompeu e provavelmente ia ter um treco a qualquer momento.

- EU NÃO ESTOU NEM AI PARA AS RELAÇÕES SEXUAIS DE VOCÊS! EU QUERO SABER O QUE PASSOU NA SUA CABEÇA EM COLOCAR O FRANK PARA TRABALHAR LÁ!

- a

- "A" NADA!

- Hey, Ray, relaxe, por favor fale mais baixo, ontem eu não consegui maneirar nas bebidas quando fui ver meu pai, então... - Coloquei uma das mãos massageando minhas cabeça na tentativa de diminuir aquelas dores. - Falando nisso, como você sabe?

- Óbvio que Mikey me contou, né? - O cacheado jogava as mãos no ar, como se fosse o mais óbvio possível.

- E como ele sabia? Frank ainda nem acordou! Meu pai andou espalhando isso por ai? Tipo, sem mais nem menos?

- Eu sei lá, Gerard. Não fico acompanhando cada ligação de fofocas do Mikey, são incontáveis!

- Ah... - Suspirei, largando de vez a xícara em cima da mesa, sentando na cadeira que existia ali. Pendendo meu rosto contra as mãos.

- Mas isso não é coisa do seu pai e sim sua, agora me conte. - Ray finalmente voltou para sua paz de sempre e se sentou ao meu lado, deixando de vez toda aquela raiva de lado. - Podia ter falado comigo antes, pelo menos eu saberia o que pretende com isso.

- Eu só pensei no assunto, falei com Frank ainda hoje de manhã antes de dormirmos e ele ainda não me respondeu, mas não quero forçar. Mikey já sabia e provavelmente apoia. - Dei de ombros com a última frase.

- E você está certo, irmãozinho. Eu apoio. - Mikey apareceu descendo as escadas, arrumado e muito animado. - É pelo fato da felicidade de vocês, não do que vai acontecer ou não.

- Você sabe muito bem como acabou da última vez, Mikey. - Ray disse, relembrando o magrelo de todos as coisas que já tiveram que passar.

- Mas olha onde estamos agora. Sim, quase acabou com a nossa relação e talvez com as nossas vidas, mas estamos felizes, em casa, em paz... - Meu irmão se aproximou, colocando as mãos no ombro do maior, apertando aquela região. - Pense nisso antes da tragédia!

- As vezes é difícil, Mikey. - Disse a frase que todos queriam escutar. - E além disso, ainda não sabemos qual a resposta de Frank, pode ser que ele não queira e no final todas essas brigas sejam desnecessárias. - Assim que terminei de falar, escutei o barulho do chuveiro ligando no segundo andar da casa. - É melhor eu ir dar um oi pra ele. - Levantei, agora com a cabeça pior do que antes, deixando o resto de café na pia, subindo atrás dele.

Antes de deixar o cômodo comecei a escutar una resmungos baixos, quase como sussurros. Mas deixei pra lá, não era algo para se preocupar agora. Pulei de dois em dois degraus até abrir a porta do quarto, que continuava com os cobertores bagunçados e as cortinas fechadas, me deixando com ainda mais sono. Sem pensar duas vezes, joguei meu corpo naquele colchão macio e ainda quente por causa de Frank. E perdido pelo barulho da água caindo e a maciez contra meu corpo inteiro, deixei que meus olhos fechassem por alguns segundos, quase adormecendo de novo.

De fato confesso que cai no sono, porque quando Frank se aproximou do meu corpo, ele já estava muito bem vestido, e Mikey junto de Ray já tinham saído de casa.

- Desde quando você ta ai? - Escutei seu corpo sentar do meu lado, afundando contra o colchão.

- Eu ia te esperar sair do banho, mas é, foi meio difícil segurar o sono. - Falei passando as mãos no rosto, tirando o resto da preguiça que ainda tentava me fazer apagar de novo. Então acabei arrastando até sua coxa, apoiando minha nuca e deitando na mesma.

- Confesso que ainda não sei lidar com você tão... Tão entregue pra mim assim. - Frank disse rindo, levando suas mãos até meus fios negros. - Eu... Eu andei pensando, Gee.

- O que? - Acabei fechando meus olhos com o carinho que ele fazia, mas juntando todas as minhas forças para continuar escutando sua voz.

- Eu acho que não é uma ideia ruim, começar a trabalhar com a sua família. - De fato meus olhos arregalaram na mesma hora, mas eu não mostrei toda a animação de início, apenas virei minha cabeça para encontrar seu rosto. - Sabe? Eu vou estar com você, Ray e com Mikey, não é tão ruim quanto parece. - Quando ele terminou, levantei o corpo, sentando na sua frente, levando ambas mãos para seu rosto, segurando uma de cada lado.

- Eu não quero te forçar a nada, sabe disso, né? - Frank assentiu com a cabeça, silenciosamente. - Eu andei conversando com Ray e ele não gosta da ideia, Mikey nem quer saber se você disser não, ele necessita de você lá, mas... Eu quero o que você quiser.

- Eu quero isso. - E então eu sorri, me aproximando e o beijando. Sabendo que pelo menos, não existia mais brigas, mentiras e nada impedindo o que queríamos.

NOVEMBER RAIN - FRERARDOnde histórias criam vida. Descubra agora