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Ok, ok, ok.

Eu tava muito fodido.

Mikey tinha que aparecer?

Bom, eu sei que metade daquela coragem foi por conta da bebida, até “agradeci” por ele ter aparecido, porque sinceramente não sei onde aquilo ia chegar. MAS PORRA, ele quase me dedurou, quase disse uma coisa que eu to desistindo. E sim, eu já estava cogitando em jogar tudo pro ar e conseguir qualquer emprego por ai, apenas para ajudar a pagar a casa, comida e etc, sabe? Não é mais a prioridade.

Enfim.

Quando acordei, Mikey já tinha ido embora, deu uma desculpa qualquer e simplesmente saiu. Não consegui nem conversar com ele. Gerard também não estava deitado, então só demorei muito para me espreguiçar e descer até o primeiro andar. Ele estava parado na porta, fumando.

O clima não estava dos melhores, estava chovendo forte e um vento entrava me fazendo arrepiar inteiro. Ele parecia pensativo. Nesse momento eu parei no meio da escada, cruzei os braços na tentativa de me aquecer e segui até a mesa da cozinha, onde tinha um café pronto. Sem fazer barulho nenhum, Gerard foi perceber minha presença só quando puxei a cadeira para me sentar.

- Oh, oi... - Ele disse rouco, terminando o cigarro, apagando o mesmo, logo ele fechou a porta e se aproximou.

- Ahh, minha cabeça ta explodindo! Olha que eu não bebi muito. - Falei dando um gole no café. - Você não está?

- Já tomei um remédio, caso queira está la em cima. - Quando terminou sentou do meu lado, meu corpo não estava de frente para mesa o que facilitou nossos olhares se encontrarem. - Acho que vou proibir meu irmão de entrar aqui em casa. Acredita que ele simplesmente dormiu, comeu metade da geladeira e foi embora. - Soltei uma risada baixa, sendo abafada pela xícara.

- A cara dele...

Ficamos alguns segundos em silêncio, pensei em comentar sobre o beijo ou perguntar o que estava acontecendo. Primeiro que não tive coragem com ele me encarando daquele jeito. E se Gerard não quisesse alguma coisa fixa? Quisesse só alguém para transar de vez em quando? Acho melhor falar.

- Sobre ontem... - Quando comecei a falar, ele disse a mesma coisa, começando a frase junto comigo.

- Pode falar. - Disse, pensando ser o mais inteligente no momento.

- Frank... Eu não tenho certeza de como você interpretou aquele beijo, principalmente por ter sido tão do nada. - Quando seu tom sério atingiu meus ouvidos, meu corpo estremeceu. - Se você realmente quiser alguma coisa, eu vou tentar, porque estaria mentindo se dissesse que não quero.

Gee terminou de falar e soltei um suspiro de alívio, como alguém poderia mexer tanto comigo do dia pra noite, e assim?

- Puta merda, quem diria que Gerard Way, realmente está caído por mim? - Provavelmente ele entendeu o que eu quis dizer e deu uma risada, me chamando de idiota. - Sim, Gee. Eu quero. - Juntei nosso lábios que estavam perigosamente perto e consegui sentir o sabor da nicotina no beijo. Quando Gerard foi aprofundar o beijo, saí rápido de seu colo e disse que estava atrasado para sair, e que tinha esquecido de avisar ontem.

Terminei o café em um só gole e subi as escadas correndo. Eu não estava brincando, precisava mesmo sair e encontrar aquele magrelo, dar um aviso e rir da sua cara de nojo.

Coloquei uma calça jeans preta, com uma camiseta meio cinza, por cima uma jaqueta preta com um tom mais desbotado. Com um all start vermelho nós pés, desci novamente para o primeiro andar.

- Ih, merda. - Falei com a mão na cabeça, fazendo uma careta, esquecendo completamente que não estava com dinheiro na carteira. - Ah, não acredito. - Toda aquela animação sumiu em questão de segundos.

Gerard estava tomando banho e agradeci, porque se ele estivesse escutado como quase quebrei sua escada enquanto voltava emburrado até o quarto. Com os braços apertando os braços, eu parecia uma criança que não ganhou o brinquedo que queria.

As sobrancelhas arqueadas, vi a porta do quarto de Gerard aberta e andei com aquele biquinho nos lábios. Quando me atirei em sua cama, gritei decepcionado, mas foi abafado pelos cobertores. E tomando cuidado para não deixar meus tênis nada limpos tocarem aquele edredom branco, estiquei os braços e pernas, deixando os pés pendendo para fora do colchão.

- AAAAAAAAAH! - Mais uma vez exclamei com uma voz mais fina.

- Frank!? - Virei o rosto com os fios caindo sobre e percebi a porta apenas encostada e certo vapor saindo pelos espaços. Ainda com aquela expressão, levantei e empurrei a superfície de madeira, ficando de frente para o espelho, apoiando meus cotovelos na bancada.

- MEU DEUS DO CÉU, FRANK!

- Relaxa, não consigo te ver. E mesmo que eu conseguisse, eu to muito triste agora.

- O que aconteceu? - Ainda podia escutar a água caindo e comecei a falar me tentando muito a virar.

- AH, eu ia encontrar um amigo, me arrumei, to cheiroso e tudo mais, daí eu estou quase saindo e o BURRO NÃO TEM DINHEIRO! - Passei as mãos no rosto e escutei uma risada.

- Parece que você ta em período menstrual, Frank. E por que não pediu? É só me esperar que eu levo.

- AAH, mas agora eu desanimei. - Por impulso, virei meu corpo, encostando o quadril na bancada, cruzando os braços.

Quando encontrei aquele boxe de vidro, cobrindo minimamente o corpo de Gerard com o vapor, arregalei os olhos e senti meu rosto queimar. Por alguns segundos fiquei quieto, imóvel, sem conseguir me mexer ou virar de novo. Gee ainda não tinha notado meu olhar em seu corpo... Totalmente nu.

Mal percebi quando meu lábio estava sendo massacrado de tantas mordidas que dei. A calça cada vez mais apertada e aquele banheiro bem mais quente.

NOVEMBER RAIN - FRERARDOnde histórias criam vida. Descubra agora