G18

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Vi Frank andar timidamente pela churrasqueira, mas finalmente sentar em um dos bancos extensos de madeira. 

- Você... Você está bonito. - Sua voz disse, mas não naquele tom de provocação ou malicioso, era sincero.

- Obrigado, Frank. Você também. - Quando terminei de falar, sentei em sua frente, tentando ao máximo não encostar minha coxa na sua, pois era necessário um mínimo contato para que eu perdesse o controle.

Encarei seu rosto melhor, ele continuava do mesmo jeito que saiu da minha casa aquela noite, mesmo com olheiras bem visíveis em seus olhos e sua pele levemente pálida, ele continuava o mesmo... O mesmo Frankie.

E íamos entrar naquele silêncio constrangedor de sempre, que faria os dois corroer de ansiedade por dentro, mas resolvi não perder tempo e puxar um assunto que levasse para o principal.

- Onde você está ficando?

- Ah... Na casa do Brendon. Na verdade, no chão dele. - O menor fez uma careta e colocou a mão nas costas, mostrando que estava dolorido.

- Não acredito que aquele topete ambulante tá te mantendo no próprio quarto! - Por um momento de uma raiva exagerada, meu coração errou uma batida ao escutar sua risada.

- É complicado, com a mãe dele lá e tudo mais.

- Ela ainda é a mesma drogada de sempre? - Perguntei já tendo ideia da resposta, que veio em seguida com um manear de cabeça.

- Não sei quantas vezes tive que pular a janela de seu quarto direto na casa do vizinho, foi impressionante. - E Frank estava lá. Mexendo seus dedos a cada palavra que dizia, sorrindo imaginando a cena que contava animadamente. Frank Iero estava lá apesar de tudo. Apesar de ter passado dias deitado em um chão. Apesar de ter esperado minha boa vontade de ligar. Ele se preocupava, cuidava e insistia em mim.

Alguém pode me dizer, por que ainda estou parado? Por que eu não disse tudo que precisava antes. Bom, se pelo menos eu tivesse pensado melhor e não ficasse remoendo no meu quarto dia após dia.

- Gerard, me desculpa... - Sua voz era ansiosa e séria, eu senti aquele rasgar no meu peito provavelmente dez vezes mais forte. E eu não pensei ou falei alguma coisa que normalmente seria o certo. Eu apenas joguei meu corpo inteiro para frente, buscando pelos seus lábios, expressando o mesmo pedido que ele estava tentando fazer. E com as mãos em sua nuca, senti um suspiro aliviado e quente rebater contra o meu rosto. E eu não aprofundei o beijo, por mais que eu quisesse e estivesse desesperado pelo seu toque novamente, eu apenas firmei ainda mais minhas mãos, e deixei que um roçar de lábios desse certeza de que ele não precisava dizer nada. 

- Frank... - Falei baixo quando senti suas mãos geladas segurando as minhas. - Eu devia ter ido atrás de você aquela noite... Devia ter aberto a porta e te buscado. Eu não devia ter te deixado ir como fiz. Eu sinto muito. Você foi a melhor coisa que me aconteceu. Eu devia ter deixado você se explicar e realmente falar que foi um mal-entendido, mas você me conhece e sabe como meu ego não deixaria. Então... Depois que eu li aquele papelzinho e vi o presente, meu coração se quebrou em pedacinhos, porque eu sabia que tinha feito exatamente isso com o seu. E Frank... - Levantei meu rosto para poder vê-lo melhor. - Eu te amo. Amo como nunca amei ninguém.

- Gerard. - Seus olhos amendoados subiram, daquele jeito que eu tão bem conhecia. Suas sobrancelhas meio levantadas e arqueadas, como se realmente não acreditasse no que tivesse escutado. - Achei que... Que tinha simplesmente rasgado ou atirado aquele presente em um canto qualquer... Eu--

- Acha mesmo que eu faria isso? - Levei minhas mãos para seu maxilar, ainda evitando separar nossos corpos. Escutando uma risada abafada sua em seguida. - Eu não sou tão fodido assim... Além do mais, fiz alguns bons desenhos com aquelas aquarelas. - Meu tom de voz era quase sussurrado, junto do dele que me acompanhava.

- Eu adoraria vê-las, de verdade, mas... Eu não posso, não sabendo o que fiz. - E com a mesma rapidez que eu juntei nossos lábios, Frank tirou suas mãos e as minhas de seu rosto, levando seu corpo para trás. - Aquela noite, eu pretendia falar tudo. Eu não ia esconder por mais nenhum minuto, mas você jogou tudo no ar e acabei ficando sem reação. - E ele voltou a mexer suas mãos no ar, sem conseguir parar o olhar em um só lugar. - Eu realmente queria entrar pra isso, sabe? Sobre o trabalho e tudo, mas não imaginei que você era tão atraente e que tudo ia acontecer... Então quando eu te beijei, já tinha desistido de tudo, sinceramente. - E ele fechou os olhos, sorrindo, e quando os abriu de novo, estavam um pouco avermelhado. - Eu também estou apaixonado por você e não pensei que era possível amar um ser humano no mesmo nível que eu amo a música! Por exemplo. - A risada de Frank ecoou pelo lugar e eu acompanhei com um sorriso.

- Você não muda né, Frank? - Levei minha mão até as suas, apenas juntando e repousando em cima da mesa.

- Não posso falar o mesmo de você! Cadê o Gerard irritado e que sempre revirava os olhos com as minhas provocações?

- Você ainda não fez nenhuma pra ver se isso acontece... - E antes que eu pudesse falar alguma outra coisa, senti o garoto se aproximar e juntar nossos lábios novamente. Dessa vez, praticamente subindo no meu colo. E depois de todos aqueles dias, nossas línguas se encontraram como um choque. A saudade, o sabor, o desejo, tudo tão forte que era inevitável aqueles movimentos rápidos e desesperados.

E eu devia esperar por aqueles gritos desesperados do lado de fora, quando pude ver três corpos começando uma briga infantil a cada frase citando um "Eu sabia!" ou "Eu não disse!?"

Por mais que ele não tivesse dito isso, Frank estava em casa e eu faria com que continuasse.

NOVEMBER RAIN - FRERARDOnde histórias criam vida. Descubra agora