E eu fui acordado novamente com um Mikey em cima do meu corpo e do de Frank. Eu vou mudar a fechadura de todas as portas, está decidido.
- Olha, vocês são absurdamente fofos! Eu não ia acordar, mas poxa, Ray me deu a ideia e eu não pude recusar! - Ele disse com a cara entre o meu ombro e as costas do Frank, por conta da posição que estávamos.
- NÃO ME METE NISSO! A IDEIA FOI TODA SUA! - Escutei o cacheado gritar da cozinha, percebendo alguns barulhos de panelas e alguma coisa sendo frita em seguida.
- Mikey! Eu poderia matar você agora, mas quem eu teria de melhor amigo? - A voz rouca de Frank perguntou, recebendo uma resmungos como resposta, nem eu entendi o que meu irmão disse, mas eu não fazia ideia de como eles se comunicavam normalmente.
- Saiiiii! - Empurrei o corpo magro do mesmo e percebi que ele rolou, quase caindo no chão. Então fiz questão de passar a mão pela costela e depois circular a barriga de Frank. Juntando completamente nossos corpos de conchinha. - Eu odeio os dois, por atrapalhar meu perfeito sono de beleza! - Comecei a resmungar contra a nuca do baixinho, mas ao mesmo tempo audível o suficiente para que todos escutassem.
- Mas ta na hora, né? Gerard, você levanta e da um jeito no seu quarto e Frank, nós vamos para o meu, a nossa conversa necessita acontecer!
- Ok, ok, antes disso, se acalme e vamos comer. - Salvo pelo gongo! Ray, eu te amo às vezes. Com muito esforço, eu e Frank conseguimos levantar daquele aconchego, para finalmente sentarmos na mesa. Os quatro, comendo a famosa omelete de Raymond. E claro que as piadas por parte de meu irmão e do baixinho não pararam nem por um segundo, mas era engraçado.
Quando tudo acabou e terminamos de arrumar o primeiro andar, me direcionei para o cômodo que por incrível que pareça, queria ficar mais longe possível. A cara que Frank fez vendo aquilo tudo, não tenha sorriso que me faça esquecer. Ele parecia tão decepcionado e culpado, que eu mesmo fiquei revoltado com aquilo.
E eu tinha feito uma promessa a muito tempo pra Mikey e agora sem pensar nele ou no meu próprio bem, eu quebrei. Isso era inaceitável! Até pra mim!
Então eu estirei aquelas cortinas pesadas e escuras, prendendo as mesmas, catando todas as latinhas e coisas espalhadas pelo chão. Tirando tudo por cima, antes de realmente limpar e tirar todo aquele odor do quarto. E pois é, em menos de duas horas, era como se eu tivesse acabado de entrar na casa recém-comprada.
- Olha só... Eu mereço o resto do dia deitado depois disso. - Falei baixo para mim mesmo. Levando tudo de limpeza pro primeiro andar de volta. Eu já escutei muito na vida que limpar ou lavar alguma coisa faz bem para pensar. E claro, que em vez de pensar no quanto eu estava bem por ter Frank de volta, as opções de colocá-lo realmente naquele trabalho familiar não era tão ruim.
E se fosse por minha conta, eu nunca pisaria naquele lugar para negócios de novo, mas agora parte da úncia familiar que me restou estava em risco e eu realmente não podia ficar parado. Levar o baixinho nessa seria a pior coisa do mundo, mas se talvez eu discutisse com todo mundo e visse se isso era realmente ruim, dava pra tirar um bom proveito.
Enfim.
Não é assunto pra se resolver exatamente agora.
Fazia um BOM tempo que o meu irmão se trancou naquele quarto com Frank e até sentia pena do garoto, porque o tanto que deve estar ouvindo do magrelo deve ser infernal. Então claro que eu dei um perdido rápido em Ray, que estava caído no sofá tentando dormir e fui direto pra churrasqueira.
Sem querer dizer que de lá eu tinha um pouco da visão da janela do quarto e que eu precisava pegar o resto das coisas que Frank tinha trazido. E realmente resto, porque era menos de um mochila de costas cheia. Como esse garoto estava andando por ai?
Olha que eu me impressiono cada vez mais com a confiança dele, porque no dia em que ele foi, o garoto deixou a guitarra dentro da churrasqueira, guardada na casa com algumas cifras e letras junto. E as chances de eu ter quase perdido a cabeça por completo e ter destruído o instrumento eram máximas. Mas mesmo assim, ele não ousou em buscar, e eu tinha plena certeza de que a saudade era enorme.
Levei tudo pra dentro de novo, e quando deixei no meu quarto não deixei de sorrir e me gabar o quão limpo aquilo estava. Eu sou incrível mesmo. Quando ia descer, reparei que a porta de Mikey estava entre-aberta, e só Frank falava. Dizia como ficou arrependido e não parava de perguntar o porquê Mikey não tinha ficado bravo com ele. Mas meu irmão nunca respondia, sempre dava uma risada e comentava um "Gerard vai te contar". Isso estava me dando uns nervos, pelo fato de não saber nem uma parte daquela frase.
- Eu vou contar? - Disse entrando no quarto sem mais nem menos, assustando ambos. Encontrei Mikey deitado de barriga para baixo na cama de cima do beliche, com a mão balançando para fora. Já Frank com metade do corpo pendurado para fora e as pernas levantadas, apoiando nas madeiras já velhas que mantinham o móvel em pé.
- Puta que pariu, Gerard! Enlouqueceu? Sabia que é falta de educação escutar a conversa dos outros escondido? - O magrelo começou aqueles papos de afetado dele e não deixei de rir. - E o que está fazendo aqui? Já arrumou aquela cama o suficiente para que os dois sumam por pelo menos três dias?
- Ah cala a boca! - O pé de Frank saiu das madeiras atingindo a barriga de Mikey por baixo do colchão. O fazendo resmungar. Então logo o baixinho levantou, dizendo que estava cansado de todo aquele papo com o maior. Então que quando a janta estivesse pronta, ele devia nos chamar. Depois disso só senti sua mão me arrastando para fora daquele cômodo, até o meu.
E a gente repetiu o mesmo de ontem a noite, quando nossos corpos grudaram e minha mão foi direto para a maçaneta, nos trancando de qualquer interrupção. Mas por incrível que pareça, a gente apenas voou contra a cama e ficamos conversando o dia inteiro que passou.
E eu optei sei lá mais quantas vezes em realmente dizer que precisaríamos de ajuda e no final das contas essa briga foi meio inútil. Mas eu ainda não tinha certeza se meu pai acharia uma boa ideia. Nem meu pai, nem Mikey ou Ray. Então eu teria uma boa conversa com a minha família. Talvez amanhã ou hoje pela noite.
Enquanto isso, eu queria tempo o suficiente pra aproveitar com Frank.
Só eu e ele.
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NOVEMBER RAIN - FRERARD
FanfictionVocê disse que deveríamos sair, embora ainda pudéssemos. E eu deveria ter ouvido, mas eu entendi mal. Então quando a polícia arrombou a nossa porta e nos segurou contra o nosso chão, parecíamos amantes ou parceiros no crime?