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Era de manhã, quando acordei com a luz no meu rosto. Eu estava cansado. Noite passada, Gerard e eu tivemos uma discussão. Sempre o mesmo motivo. E quem diria que seria meu sogro? Donald estava nos tirando do sério, mas Gerard tinha medo de enfrentar seu pai de uma vez. Falar que acabou e que não faria mais favores.

Já fazia quase dois meses que eu tinha saído dos trabalhos de Donald. E droga, Gerard quis tanto parar, tanto simplesmente ir embora junto comigo, mas seu pai estava bravo com todos os acontecimentos que praticamente prendeu Gee consigo. E o Way mais novo não tinha voz para isso.

Levantei devagar da cama, para que não acordasse o mesmo. Fui para o andar de baixo e preparei um café rápido, para a conversa que teria com Mikey. Quando subi novamente, antes de entrar no antigo quarto dele, encostei a porta do quarto de Gee, suspirando baixo. Eu tinha mais uma chance, e ela não podia falhar.

Disquei rapidamente o número do magrelo, que atendeu logo no terceiro toque.

Ligação on

- Alô? – Sua voz era acelerada, suspeito para hora que era.

- Eai, mosquito!

- Frank?? Sabe que horas são?

- Sei, tá fazendo o que?

- Trabalhando, e você?

- Ah, eu precisava conversar sobre umas coisas, mas se estiver ocupado, posso ligar outra hora.

- Não, tudo bem. Aconteceu alguma coisa? O Gerard ta bem? Você tá bem?

- Mikey, calma, tá tudo bem, não aconteceu nada... mas vai acontecer. E eu preciso da sua ajuda.

[...]

- Você tem certeza disso? – A voz do Way mais novo ecoou pelo telefone, como se tivesse escutando a maior bobagem do mundo. E talvez fosse.

- Eu sei que é a sua família, seu pai, mas pode ser a minha única opção para que tudo isso acabe. Eu não posso mais esperar.

- Frank, eu não estou nem ai para o meu pai e o trabalho idiota dele, eu to perguntando se você tem certeza do que vai fazer.

- Tenho. – Não, eu não tenho.

- Ok, tudo bem, eu te apoio. Se alguma coisa sair do controle, estou aqui, Ray também.

- Obrigado, Mikes. – Assim que disse isso, escutei alguns barulhos no quarto da frente, provavelmente Gerard acordando. – Te amo cara, mas vou ter que desligar.

- Até, fala por meu irmão que eu to com saudades da cabeça de vento dele. Te amo também.

Ligação off

- Falo sim, tchau. – Assim, desliguei o telefone e andei até o outro cômodo, encontrando Gerard sentado na cama. – Gee? – Vi seus músculos tensos. 

- Oi... – Seu rosto virou me encontrando. – Vem aqui. – Eu estava acostumado com o mau humor matinal de Gerard, mas ele parecia estranho, realmente incomodado. Não demorei muito para subir na cama e me arrastar até seu corpo.

- Aconteceu alguma coisa? – Me acomodei do seu lado.

- Meu pai me ligou de novo, não da mais para evitar ele. – Com isso, não consegui controlar um suspiro raivoso. – Vou ter que ir falar com ele, Frankie.

- Gerard.

- Frank, eu não posso simplesmente ignora-lo pra sempre, uma hora ou outra nos vamos ter que conversar. – Com suas palavras, me afastei rápido, levantando da cama. – Frank.

- Você não precisa falar com ele! Por que você faria isso? Já faz quase uma semana com essas ligações infernais, daqui a pouco ele cansa. Você não pode ir até lá de novo. A gente já sabe o que vai acontecer! - Vi seu corpo levantar, vindo até mim.

- Frank...

- Não tem essa de Frank, Gerard. – Senti suas mãos no meu rosto segundos após de levantar a voz. – Desculpa. Mas é só que... você não pode. Inventa outra desculpa, sei lá.

- Eu não posso inventar uma doença diferente a cada dia que passa amor, e além disso eu não vou lá para isso Frank, vou acertar as coisas, ok? – Meus braços não demoraram muito para rodar sua cintura, o puxando para perto. – Acertar de uma vez, pra gente simplesmente sair daqui e ir o mais longe possível daqui. Nem que a gente vá morar com o Ray e meu irmão, lá no fim do mundo. – Soltei uma risada abafada, encostando a cabeça em seu peito.

- De uma vez?

- De uma vez.

- Então vamos fazer isso... Falando nisso, ele me ligou e disse que sente saudades da sua cabeça de vento. – Desse jeito escutei sua risada, e senti o mesmo me abraçando forte.

- Como eu odeio o Mikey. – O maior respondeu rindo, depois se afastando minimamente para encontrar meu rosto. – Eu te amo.

- Eu também, Gerard. – Ele selou nossos lábios e juntou o abraço novamente.

Se eu tivesse pensado mais um pouco, talvez colocasse um fim naquele plano ridículo. Mas eu não pensei. Eu não queria pensar. Meus pensamentos poderiam me levar ao fim novamente e se isso não acabasse agora, o controle ia se perder novamente. E eu não podia perder Gerard novamente

Ah, e o plano? Bom, ele envolvia a polícia, e aquele lugar acabado onde Donald vivia e trabalhava. 

NOVEMBER RAIN - FRERARDOnde histórias criam vida. Descubra agora