- GERARD?
Ok... Ele demorou mais do que pensei.
Já era noite quando escutei a porta da frente bater com força, provavelmente por conta da chuva que caía.
Eu estava com as mesmas roupas, tentando desenhar ou me distrair com desenhos em uma escrivaninha afastada no quarto. As palavras que Mikey usou rodavam todo minuto pela minha cabeça e horas assim estava me deixando louco. Me incomodava ainda mais o fato de estar sendo enganado desse jeito.
Escutei sua voz se aproximando e alguns farfalhar de sacolas, que logo foram apoiadas na cama.
- Ah, você está ai. Nossa comprei um monte de coisas, a minha guitarra vai ficar ainda mais perfeita agora. - Eu sentia seu sorriso. Sentia sua felicidade. Tentei pegar leve, começar de um jeito calmo, mas aquilo estava me matando por dentro então o tom de voz, grosso e frio, descontou tudo que estava guardado.
- Mikey esteve aqui hoje. - Meu olhar observava atentamente a folha de papel em branco na minha frente.
- Hum... E o que ele queria? Fez alguma piada sobre todos esses roxos no seu pescoço? Dá para ver de longe... - Enquanto falava, suas mãos procuravam rapidamente entre as sacolas e pacotes ali.
- Ele me disse algumas coisas, como, “Frank não gosta de você.” ou “Frank está te usando.” Terminei de falar virando a cadeira de sua direção. Aqueles barulhos irritantes pararam e seu olhar era... Desesperado.
- Gerard...
- É sério? Olha, eu esperei o dia inteiro com isso na cabeça, você estava fazendo, sei lá o que. - Levantei do acento, balançando as mãos e a cabeça enquanto falava. - Olha Frank, eu estou torcendo para que você me diga que isso foi só uma crise absurda de ciúmes do Mikey. - Seu corpo estava meio encolhido, seus olhos tremias junto de seus lábios, sem saber o que falar.
- O que ele d-disse pra você?
- Que você está me usando... Para se aproximar do trabalho da minha família. - Falar aquilo em voz alta era ainda pior, machucava como um soco.
- Gee. - Seus olhos fecharam de vez e percebi que sua engoliu seco. - Não é nada disso que você está pensando, a situação é bem diferente.
- Espera, o que? - Aquela sensação que massacrava meu peito tinha voltado, e as lágrimas insitiam em aparecer. - Não me diga que...
- Gerard, eu gosto de você. Não estou aqui só por causa disso.
- SÓ por causa disso? Que merda, Frank! - Eu não estava mais com raiva, não estava querendo esganar aquele garoto ou faze-lo falar. Eu queria simplesmente não precisar escutar.
- Olha, o plano em si era me aproximar para conseguir um espaço por lá, mas quando eu te conheci, quando te senti, eu não podia mais seguir desse jeito.
- Quer dizer que transar comigo fazia parte do seu planinho?
- O que? Não! Eu queria apenas te irritar, não era para me apaixonar ou me envolver em si, só que aconteceu.
- Isso foi a coisa mais ridícula que eu já escutei. - Acho que aquele meu lado, Frank nunca esperava conhecer. E eu nunca desejei isso.
Era estranho como me apeguei com o menor, me preocupei e me entreguei. Aquilo nunca tinha acontecido. Não era nada mais do que alguns beijos ou um sexo qualquer, então não fazia diferença. Tentar medir o tom de voz ou as palavras que usava com ele era difícil, por mais que ele tivesse feito uma coisa horrível, não queria magoa-lo.
- Meu irmão sabia disso? - Eu fiz uma pergunta óbvia, pois no dia do nosso primeiro beijo, Mikey mandou uma indireta que agora eu entendia.
- Sim... Mas eu não contei o que aconteceu entre nós, nem pretendia. - Espera, como?
- Como assim nem pretendia? Que merda eu sou pra você? Um brinquedo?
- O que? Meu deus, você entendeu errado.
- Frank, eu não queria falar nada, não queria gritar, nem dizer alguma coisa errada, mas porra! Ontem foi literalmente uma das melhores noites da minha vida e no dia seguinte eu recebo a notícia que estava sendo esfaqueado pelas costas? - Ele não dizia nada, nem conseguia. - Aquele jantar, foi alguma piada? Um ciúme falso e forçado? Umas risadas provavelmente que estava bêbado? Ou quando...
- Não, Gerard! Não! - O menor estava a ponto de chorar, ele era frágil e suas mãos tremiam um pouco.
- Quando eu te beijei Frank... Quando eu tive a oportunidade de te tocar, eu não queria parar mais. Isso pode ser rápido demais contando o tempo em que a gente convive mas...
- Eu não...
- CARALHO EU ESTOU APAIXONADO POR VOCÊ, FRANK! POR QUE VOCÊ FEZ ISSO? POR QUE FINGIU SE INTERESSAR, ME ENGANOU E SE APROXIMOU POR CAUSA DE TRÁFICO? - Minhas mãos pareciam falar junto comigo, balançando a cada palavra.
- Não fala isso, eu não fingi, nem me arrependo de nada! Fiz porque quis! Porque gosto de você o tanto que gosta de mim, não é falsidade. - Ele abraçou o próprio corpo e pude ver uma lágrima escorrendo pelo seu rosto, então o garoto se aproximou.
- Seria tão difícil você me falar a verdade, Frankie? Ou simplesmente dizer que tudo é mentira e eu estou em um pesadelo? - Sem permitir, meu rosto já estava molhado por lágrimas silenciosas.
Ver Frank desabando do mesmo jeito na minha frente me machucava ainda mais porque... Era verdade. Aquela culpa toda, mostrava que tudo que Mikey disse não era uma crise de ciúmes ou invenção. Era só um falso sentimento. Era como uma caça. As vezes você precisa se aproximar o máximo possível para conseguir atacar. E ver alguém tão pequeno e frágil como Frank fazer aquilo, era assustador.
Meu olhar era tão desesperado quanto o dele, pelo simples fato de eu não saber o que fazer. Eu não sabia no que pensar, se devia me entregar ou simplesmente manda-lo embora. E a última coisa que vi, foi os olhos de Frank fechando novamente, um suspiro escapou de seus lábios e não tentei falar nada contra. Suas mãos trêmulas alcançaram finalmente aquilo que tanto procurava dentro das sacolas, deixando em cima da mesa. E com aquele corpo pequeno e fraco, agarrou o máximo de coisas possíveis, saindo do cômodo. E não sei como conseguiu, mas com seu pé, puxou porta encostando mesma.
Quando me aproximei, falhando nas lágrimas que tentava segurar, vi uma caixinha embrulhada em um pacote de presentes infantil, cheio de abóboras. Abri devagar, tomando cuidado para não rasgar nada. E não errei. Era um caderno, junto de conjunto aquarela que estava querendo a um tempo. Então eu sorri, não me importando em chorar do jeito que estava. Quando folheei aquele bloquinho, encontrei a primeira página com alguns desenhos e palavras.
“Eu já te vi desenhando de madrugada, xingando o quanto esses lápis não funcionam do jeito que quer, então um presentinho não é nada, né? :) ”
- Puta merda... Merda, o que eu fiz?
“A noite passada foi incrível, adorei cada momento, porque eu amo seu corpo, amo seu toque, amo tudo que já fez por mim.
Eu amo você.
- Frankie.”
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NOVEMBER RAIN - FRERARD
FanfictionVocê disse que deveríamos sair, embora ainda pudéssemos. E eu deveria ter ouvido, mas eu entendi mal. Então quando a polícia arrombou a nossa porta e nos segurou contra o nosso chão, parecíamos amantes ou parceiros no crime?