Capítulo 13

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  Pego a garrafa de uísque e levo junto comigo para o forte vento da varanda, sentada está ela, bem do lado da porta.
  — O que faz aqui? — me apoio sobre a porta enquanto bebo o álcool.
  — Está vendo lá? — aponta para o céu. Tirando meus olhos dela, me sento ao seu lado e encaro a imensidão do azul-escuro.
  — Vejo apenas uma estrela. — Ela fez um barulho com a boca, como se diz que não.
  — Não está vendo apenas uma estrela. Se concentre, há várias no céu, mas quando tenta olhar aquela que viu, só há uma. — Me olhou e sorriu — quando olhamos para o centro de algo que só vemos uma única coisa, como aquela estrela, se encaramos profundamente apenas aquela estrela, nossos olhos se adaptarão e verão o que tem ao redor, é quase como forçar a nossa visão, mas é nossos olhos se adaptando — a olho para ver como explica, poderia dizer que estamos vivendo aquilo que deveríamos viver antes de está naquela maca, mas eu sou muito orgulhoso, disse que a colocava acima de tudo, mas nunca acima de mim e dos negócios, aliás, para mim ninguém estaria acima a não ser eu e estou vendo o que meu orgulho e ambição a levaram a fazer, só perceber o que realmente era ela, depois de perdê-la. — Aquela única estrela pode ser uma galáxia que não enxergamos. Entende? — me olha sorrindo e encara meus olhos.
  — Sim. — Sorri. Anna não diz mais nada, fica quieta e não reclamo, só de sentir que está aqui já é bom, a companhia, não estou sozinho e agradeço por isso. Olho para o lado, ainda estar a olha o céu, faço o mesmo vendo as poucas nuvens se formar. Olhei a estrela por tanto tempo que comecei a sentir frio, minha pele arrepiou e ouvi as folhas da árvore balançar, olho toda a imensidão escura e suspiro levantando. Deixo a garrafa sobre a mesa onde os negócios carregam no notebook, jogo para fora todo meu ar enquanto olho meu semblante no espelho, fecho meus olhos para que possa sentir seu toque, o quão suave suas mãos são. Meus pensamentos se dividem em tortura, lembro que só a cinquenta por cento de chances de Anna acordar, só está consciente por causa dos aparelhos. Convenço-me no que Estevão me disse, sobre os casos de anos, fecho meus olhos com força, pois, nem mesmo aguento seis meses quem dirá 7 ou 13 anos.

  Seco meus cabelos ao sair do banho quente, ao fechar as janelas olho todo o lugar, estou no meio do nada, com duas mulheres na casa, apenas 20 dos seguranças, melhor verificar se tudo está trancado. Ando os corredores sentindo o forte vento frio passar por uma pequena brecha de janela, fecho-a e desço as escadas, passo pelo bar e coloco um pouco de bebida para mim, indo em direção a única luz da casa me deparo com a senhora andando com um avental nas mãos.
  — Desculpe Mary, sei que já se retira para seu quarto — sorri dando um passo para trás sorrindo.
  — Não faça mais isso menino! Não tenho mais o mesmo coração de antes — volta para mim, passo minha mão no rosto e suspiro.
  — Fechou as portas, com alarme e tudo? — depois das invasões que tivemos mesmo com os seguranças lá fora em volta do muro, coloquei alarme na casa, quanto na garagem e nas portas do fundo.
  — Sim. — Me olha como se desconfia de mim e sei que não resisto a esse olhar. Me acento a mesa para ver que ela pega alguma xícara. — Vamos lá, conte-me — se senta comigo me servindo um chá.
  — Obrigado. — Tomo um gole do líquido quente. — Irei viajar amanhã e não sei se ficarão bem — suspiro — não sei se há pessoas a observar a casa.
  — Harry fique tranquilo, sempre viajou e sempre estive bem, além do mais, é dono de uma grande empresa, paparazzo faz de tudo por uma boa notícia. Não se preocupe, vá em paz.
  — Tudo bem — sorri. — Me promete ligar por qualquer coisa? Mesmo! Qualquer coisa? — Mary abre um sorriso confortante e acaricia minha mão, estou longe de estar aliviado.
  — Se for te deixar tranquilo, prometo, agora vai dormir que sei que sairá cedo, Dallas pediu para entregar a você. — Me aparece com um papel.
  — O que é? — pego e a mesma da de ombros se retirando da cozinha, dispenso o chá e vou em direção à escada nunca deixando de olhar para a carta. No quarto me sento sobre a cama ligando o abajur, bebo a bebida do copo sentindo queimar a garganta, respiro fundo, o que quer que seja não deveria me assustar tanto quanto estou.

"O que teria feito Harry Van Vitsky a ser um homem tão fraco? Uma mulher?".

De volta a vida -  Livro 2Onde histórias criam vida. Descubra agora