Capítulo 27

1.4K 102 8
                                    

   A pior coisa foi me sentar na poltrona ao lado da menina e não saber o que falar, a pior coisa foi ter pensamentos pessimistas sobre não a ter mais aqui e o pior de tudo, foi não conseguir parar de pensar mal. Quando Helena chegou, dei a ela o buquê de tulipas, conversamos bastante, consegui esquecer um pouco a ideia de me acostumar sem Anna, mas acontece que não conseguiria, quando o que tudo nesse mundo que mais anseio é a ver abrir os olhos.

   A caminho de casa depois de longas horas apenas na companhia da menina e do copo fechado de café morno, ouvia Fleetwood Mac na rádio e já pensava sobre como vou acabar com Nick eu mesmo, sem mandar alguém fazer isso por mim, quero caprichar. Dentro dos meus aposentos, ouço a voz de todos a sala, quando apareço param de falar, quero ir logo ao assunto para não prolongar algo, mas olho para Débora, não sei se poderia falar aqui na sua frente, mas se ela contar a Nick o que planejo, saberei uma vez por todas que foi ela quem disse sobre o plano de matar Adrovtch, será a isca perfeita. Suspiro e me sento à poltrona de couro afastado de todos.
   — Tive um plano no hospital — começo, olho nos olhos de minha mãe e volto a olhar meus anéis. — Não é bem um, porém é uma loucura — tento explicar o meu grande suicídio — quero matar Nick e entrar na sua casa é o único modo — todos se olharam.
   — Por que quer o matar? — percebo o tom de desdém na voz da minha mãe.
   — Porque era o meu objetivo antes de descobrirem tudo. Atacaram a minha casa, descobriram onde moro. Não falta pouco para se aliarem com os Jones, se não acabar agora, depois não conseguirei.
   — Soube que vai haver uma festa talvez comemoração de algo, em um de seus Pubs, se demos sorte ele estará lá com todos. — Cristal nos olhou e Mike a olhava nos olhos, como se a analisa um plano, como sabia disso?
   — Matou nossa família, mexeu conosco, fez feridas que não cicatrizaram até agora, tentou tirar muitas pessoas de nós. Querem se aliar com os Jones, será a nossa perdição. — Cris quase aponta com os dedos todos os acontecimentos, mas Débora a interrompe.
  — Não enquanto eu estiver viva.
  — Então vamos conversar mais tarde sobre isso, ok? Tenho negócios a tratar — sumo pelas escadas e me sinto aliviado quando já estou no meu quarto, tiro a roupa desconfortável aproveitando o tempo despido, olho o teto enquanto estou jogado à cama, olho para a janela do apartamento vendo o céu limpo, levanto pegando o notebook e passando uma mensagem a Dallas, preciso que saiba quando vai haver a festa e em qual pub, mando também chamar os homens de confiança para acabamos com todos. Depois de convocar uma reunião com homens para hoje à noite, tomo um banho gelado e demorado.

  Saio do quarto voltando para a sala de estar, sinto meu corpo pesado, diferente. Minha cabeça anda a milhão e parece que não durmo direito mesmo quando estou dormindo melhor que antes.
   — Onde estão eles? — chego perto da minha irmã para analisar seus cabelos, não havia percebido que havia trocado a cor, agora, parece um castanho meio vermelho.
   — Saíram para ver Londres — vou até a mesma depositando um beijo a sua testa.
   — Vou ver Dafine e Mary — dou-lhe as costas e a mesma diz algo antes que eu saía:
   — Mande-as um beijo por mim, sim? — concordo.
   — Gostei do seu cabelo — Cris sorri enquanto seguro nas minhas chaves saindo do meu conforto para ir até o condado que cresci.

  A minha tarde foi assim, a brincar com Dafine de entrevistas e tomar chá, passear no parque e levar bronca de Mary por dar doces à pequenina.
   — Quem é aquela moça bonita que eu vi na foto do seu celular? — era pequena, mas amava perguntar, não é atoa que sua profissão seria entrevistadora.
   — Ela é a minha princesa.
   — Ah! Sério! Ela é uma princesa de verdade? — Mary está de longe a nos olhar.
   — É a minha, só minha e sim ela é de verdade.
   — Posso ver ela? — olho Mary e logo após o céu azul. Fiz um barulho de pensamento com a boca e a mesma me olha ansiosa.
   — Um dia quem sabe — sorri e a mesma me mostrou um largo sorriso também. Levo Dafine e Mary para casa e vou a caminho de um encontro com Estevão, não o veria esse mês para uma consulta, mas combinamos de jantar juntos, apenas para colocamos o papo em dia. Estevão sempre foi um grande amigo para mim desde nossa infância e cumpriu sua promessa quando disse que se tornaria um psicólogo para curar a minha mente perversa, acontece que já nasci assim e mesmo melhorando um pouco agora, sei que ainda vou despertar o Harry sem jeito.

~*~


   — E como está levando tudo isso? Soube que perdeu uma parte da casa — Estevão toma seu vinho e suspiro.
   — Parece que tem alguém infiltrado na segurança, tive que dispensar alguns dos meus homens, estou num apartamento e Débora voltou — o mesmo levanta suas sobrancelhas e quase se engasga.
   — Débora? Por quê?
   — Fazer as pazes e por mais que tenha aceitado, não posso confiar tanto nela, não sei o que ela quer realmente, mas tenho que tomar cuidado, é horrível não poder confiar na minha própria mãe.
   — Eu sei meu amigo, como é difícil querer está perto dela no pior momento — Grace mãe de Estevão havia morrido há anos e foi um dos momentos mais tristes para ele, lembro que éramos jovens, muito jovens. Até mesmo para mim que passei tanto tempo a guardar conselhos dela invés dos conselhos da minha própria mãe.
   — Mike passará um tempo comigo, antes que entre em viagem novamente.
   — Então superou um pouco o fato de Anna? — olho em seus olhos, por que todos estão se referindo a ela como se estivesse morta? Por que sinto raiva disso? Por que não consigo aceitar?
   — Não, ainda não superei, porque Anna não está morta, por que todos se referem a ela desse tipo?
   — Harry, me desculpa, mas talvez porque todos querem te dizer a realidade. Poxa, ninguém dura tanto num coma — meu cenho estava franzido, ele mesmo disse para mim sobre casos de doze anos a mais, por que voltou atrás? — talvez você não aceite, porque para você ainda há esperança e admiro isso, para você é difícil, viveu com ela. Por mais que outras pessoas se sintam tristes nunca será como você se sente, porque só você conhecia Anna melhor que nós todos.
   — Eu não vou desistir Estevão, Anna é forte, sei que é.

De volta a vida -  Livro 2Onde histórias criam vida. Descubra agora