Capítulo 30

1.5K 103 12
                                    

  À noite com Cris havia sido uma das minhas melhores, chegamos pela manhã depois do show e a mesma ainda está na cama a dormir, já são quatro e cinquenta e seis, já recebi a notícia que os explosivos estão certos no pub, hoje que iria acabar com todos aqueles filhos da puta, é hoje que eles irão ver que ainda sou o mesmo Harry que eles atacaram, o mesmo que tentaram matar e que ainda sou o mesmo para não deixar isso passar em vão. Nick, Cameron e todos os seus seguidores, vão morrer e sinto muito, sinto muito mesmo, com novos inimigos a vigiarem minha casa ou até mesmo uma espiã que pode estar trabalhado para eles, preciso eliminar alguém ou serei eliminado e bom, acho que ainda há um pouco de orgulho para saber que fui atingido e não fiz nada. Preciso mostrar que ainda sou o mesmo.

  Já perto da hora do espetáculo olho pela janela, com um copo de uísque a mão, aproveito o momento em silêncio, poucos minutos proveitosos, carros andam pela avenida, está uma noite muito bonita para o desastre que vai acontecer. Olho para trás quando ouço a porta do meu quarto ser aberta e vejo Cris. Ficamos em silêncio por alguns minutos, ela na porta a me olhar e eu na janela.
  — Nunca vi meu irmão tão bonito para matar alguém — caminha até mim apenas para arrumar a gola da minha camisa preta.
  — Temos que vestir nossas melhores roupas, nunca sabemos quando iremos morrer — a mesma olha para baixo e sorri pequeno.
  — Morrer com estilo — me olha abrindo um sorriso de dentes.
  — Irá comigo?
  — Não quero perder um bom show — vira em seus calcanhares — está no meu sangue, não? — sai do quarto me deixando sorrir com suas palavras. Uma última vez olho a foto no meu celular, vou fazer o possível para quando você acordar tudo estar em ordem, vou fazer o possível para estar aqui.

  No carro dirijo na companhia da minha irmã e tio, não vi Débora por hoje e só o fato de nunca confiar na minha própria mãe já me faz pensar que deve estar planejando algo, me sinto triste por pensar assim dela, mas posso ter perdoado o que fez, mas nunca esquecido. Débora é o tipo de mulher que não se brinca, e muito menos confia.

  Estamos todos quietos, ouvindo apenas o barulho da noite fria, entre as ruas, pessoas andam de um lado para o outro, estamos em julho, é verão, mas quase nunca está tão quente, não pelo menos no começo desse mês. Como passou rápido, há seis meses era dia 01 de janeiro e eu estava trancado em casa para não ser descoberto pela polícia e pelo mundo que sou o mafioso mais procurado que nem sabem como é o rosto, só esperarei pelas notícias de manhã. Será que alguém conseguiu viver num mundo com duas personalidades diferentes, duas vidas diferentes, sem ser descoberto? Se não, aqui estou. Já avisto a festa de longe alguns carros, meus seguranças estão já à espera. Seguro a mão de Cris que me olha, Mike vai à frente e antes que entrasse, fomos barrados.
  — Somos convidados — Mike faz um bom contato visual com o segurança da porta que antes que saia de nossa visão para avisar Nick, é acertado com um tiro, eu, Cristal e Mike procuramos de onde veio, Dallas. Não ouviram pelo barulho que está ali dentro, agradeço com um aceno e respiro fundo, foram seis meses em paz, para mim, pareceram anos, me sinto idiota a ter frio na barriga só de pensar que hoje pode ser meu último dia, costumava antes não me importar, sempre quis me livrar do crime, lá no fundo, mas quis e agora me importo por uma bala perdida, agora tenho motivos para temer.
  — Nossos seguranças estão infiltrados lá, dependendo do que for fazer, os tiros serão abafados pelo som, mas as pessoas que saírem ligarão para polícia, serei avisado e sairemos. — Dallas me entrega um comunicador.
  — Tudo bem, me dê vinte minutos, se antes disso a polícia tiver a caminho já sabe! — o mesmo assente e entramos.

  Tirando as armas do cós, atiro nos primeiros homens que me veem e vem para cima de mim. Cristal atira em dois que estão com mulheres e Mike no primeiro que correu. Os restantes das pessoas correm, enquanto seguranças trocam tiros conosco escondidos atrás de balcões conseguimos acertá-los, as pessoas correm para todo lado enquanto ouço tiros de um lado para o outro pelos meus seguranças e os do local, me levanto vendo que a maioria está no chão, em um ato rápido corro até a porta da sala de negociações enquanto pessoas apavoradas cobrem meu corpo dos inimigos. Chuto à porta que dá a sala que me fez lembrar Otto pelo nosso último jogo, lá estão todos a uma mesa a jogar, antes que saquem às armas, as nossas já estão à cabeça de alguns deles, cinco dos meus seguranças estão conosco, ouvem-se gritos de pessoas que estão a sair correndo pelo Pub. Ouço um tiro ao meu lado e veio de Cris observo quem ela matou, Orla a mulher de Cameron, no ponto do meu ouvido, ouço a voz de Dallas a passar ordem para outros homens.
  — Pensou que ficaria por isso mesmo Nick? — encaro o homem que não tem uma boa cara.
  — Irá pagar por isso Vitsky — Cris e Mike dão as costas e solto uma gargalhada.
  — E quem vai se vingar? — o mesmo engole em seco e ainda com a arma na sua cabeça entro no meio da multidão que está saindo, nunca tirando meus olhos dos seus. Corro para fora ouvindo à música misturada com os gritos e em alto som ouço a explosão, cheiro de polvora, sangue, morte, tudo possível. As pessoas que estão fora parecem pasmas, um pouco atordoado entro no carro vendo outros carros saírem às pressas, assim que Thomas e Dallas saem também dirijo para longe.
  — Acha que algum deles saiu? — me olha.
  — Dantas e Luke estavam aqui fora — olho para ela — mataram todos — retribui meu contato visual, enquanto Mike não diz nada, a cena ainda está na minha mente, como as chamas consumiram o lugar. Passo por uma ambulância e corpos de bombeiros, a polícia também está aqui, é parece que teremos uma boa reportagem amanhã.

  Cris e Mike vão aos seus quartos e estou a caminho do escritório, vejo a minha caixa de mensagens e lá está a lista dos países que vai haver os desfiles. Deixo tudo para lá e vou a caminho de um copo d'água, Nick já não existe mais, que sirva de aviso aos outros, principalmente Jones, se pensam que podem fazer o que bem entender. Não podem, talvez eu nunca tenha aliados, mas julgo que trabalho melhor sozinho, só preciso descobrir quem foi o autor do tiro que Anna tomou por mim, preciso saber! Ouço à porta da frente ser fechada e espiando vejo Débora se sentar a sala e suspirar alto, o que está a fazer?
  — Oi — diz. Como me viu aqui escondido?
  — Oi.

De volta a vida -  Livro 2Onde histórias criam vida. Descubra agora