Capítulo 49

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   Pela noite Harry passou a gemer em dor, teve febre alta e muito frio, quase não dormi. Pela manhã cedo estou de pé e agora levo seu café a ele, assim que entro no quarto o vejo sentado e rapidamente deixo a bandeja encima da escrivaninha.
   — Não senhor, você não vai sair daqui — está arrumado então tomou banho, mas não iria abandonar esse quarto.
   — Vou ficar aqui sem fazer nada? — olho seu rosto, está suplicando alguma coisa, não evito sorrir com esse semblante de criança mimada.
   — Ordens médicas e iremos cumprir, agora sente para um café comigo e penso o que podemos fazer esse tempo. — Harry se dá por vencido e acaba por se sentar mais aconchegante na cama, deixo a bandeja no meio de nós e iniciamos um café, me encara e o olho com olhos semicerrados, vejo que sorri com minha ação e balança a cabeça negativamente.
   — Agora sei como você se sente quando não estou aqui, é um tédio — o encaro como se concordo e dou uma gargalhada.
   — Agora você está na minha pele senhor Vitsky. Agora sou você e você é eu — comi minha comida o encarando com superioridade — me deve obediência agora. — Imitei sua voz vendo que solta uma gargalhada rouca e baixa. O nosso café foi calmo, revestido de olhares e sorrisos, quando levei a nossa bandeja para baixo vendo à mesa cheia dos homens cada um se calou assim que entrei, um ato de respeito ou curiosidade?
   — Senhorita Annastácia — vejo Dallas aparecer e o encaro — os caminhões e trajes de segurança já foram concedidos, estão escondidos no antigo galpão de negócios.
   — Ok Dallas obrigada, me informe de qualquer coisa — sorrio para o homem que se retira de nossa presença e observo os homens.
   — Iremos junto a eles, apenas três de nós para fazer a vigilância da casa dos desgraçados, amanhã pela manhã voltamos e iremos novamente para mais um dia. Enquanto isso falta apenas o armamento e o técnico — Mike me encara e concordo com ele.
   — Tudo bem Mike, irei falar com Harry e ver o que ele já deixou adiantado — olho Shawn antes de virar as costas e subir novamente para o quarto de Harry. Assim que entro o olho, está a assistir séries? As minhas séries? Me sento com ele.
   — Costumava sentar aqui toda noite quando não dormia para ver suas séries, tentar me sentir perto de você enquanto sentia seu perfume, foram noites horríveis de pesadelos constantes — observo seu rosto que está perto do meu, um olhar dominador e um olho inchado, o mesmo respira fundo, pois sinto por estar deitada com a cabeça em seu peito. Se estica e vejo que abre seu móvel, de lá tira vários frascos de remédios e os pego. — De vez em quando tenho que tomá-los, pois ainda não consigo dormir bem. Tive que parar, porque os de tarja preta não me adiantavam mais — me sento — sumi da empresa por meses e quase desisti de mim mesmo.
   — O que te fez continuar, o que te motivou? — Harry sorriu pequeno.
   —  Meus delírios de você falando comigo — meu cenho franziu, pois não estava aqui, apenas me lembro de ouvi-lo falar e chorar ao meu lado. — Você vinha aqui de vez em quando, falava comigo, me mostrava coisas, brigava comigo — me olhou — me disse que beber não te traria de volta e que devia seguir acima de tudo, me disse para viajar, fazer os meus desfiles, os negócios, mas toda vez que sua saúde baixava me sentia horrível, a sensação de perda era devastadora. Anna amo-te muito, você me mostrou coisas mesmo estando naquela maca, me ensinou a ser um homem melhor, me mostrou que não devo estar acima de ninguém, que o orgulho não leva a lugar nenhum, me ensinou a amar e me mostrou que o amor não interfere em nada na minha vida, não sou como Débora — só de lembrar do nome da sua mãe me remete a ela quando acordei, Harry fez as pazes? 
   — Você me viu? — o mesmo dá uma risada baixa olhando seus dedos sem anéis.
   — Sim, você estava aqui comigo o tempo todo. Deve ter sido as drogas. — Segura minha mão — mas mudando de assunto quero que vá a empresa, sei que é inteligente e preciso que vá ao meu computador, lá tenho um sistema que monitora o transporte de armas, preciso que separe três das caixas que está lá, elas serão liberadas para Dallas e Jensen buscar, mas só se você autorizar, no caso eu, serão entregues para ambos. — Sorri para ele alegre, pois confia em mim a ponto de deixar ir a sua empresa e cuidar dos seus negócios — notifique a Suzana que estarei ausente por um tempo e que adie as reuniões que virão. A senha do computador é sua data de aniversário.
   — Tudo bem, farei isso — me levanto lhe dando um beijo a bochecha — e você não saía daqui — antes que me levante e saia do seu quarto a porta é batida e Cristal entra, tem uns jogos a mão e sorrir para nós.

   No corredor até o quarto penso em tudo o que disse, seria mesmo possível está aqui com ele enquanto estava em coma, minha alma? Harry estava alucinando por causa do sono que passou por não dormir. Separo um vestido branco, um casaco grosso igualmente e uns saltos creme, me arrumo toda e coloco um batom vermelho para passar um ar de autoridade, deixo meus cabelos soltos pelas minhas costas e ando pelo corredor até a parte de baixo vendo os homens sentados a conversar, Henry está de um lado da casa, era a sua obrigação está perto de mim.
   — Henry me acompanhe até a Imperius, por favor — o mesmo assente caminhando para fora.  — Harry está com Cris, irei cuidar dos armamentos de todos, se quiserem fique à vontade para conversar com ele, são tios e primos, lá está um tédio — sorri pequeno e todos concordaram, Shawn foi o primeiro a levantar e ir, sai pela porta da frente vendo os dois irmãos em um dos carros do Harry. — Ainda não acredito que são irmãos — passo por eles entrando no banco de trás. O percurso todinho fomos quietos, observo as ruas bem movimentadas por todos e o sol já já se esconde, minha cabeça longe em pensamentos aleatórios, um desses é que amanhã mesmo fará um ano que minha mãe se foi e depois fará um ano que minha vida virou ao contrário em um sentido que eu nunca pensei que andaria, se minha mãe me visse eu não sei se sentiria orgulhosa de me tornar uma dama da máfia ou sentiria desgosto por eu ter me infiltrado dentro desse mundo.

   Assim que o carro para em frente a Imperius, Henry me acompanha enquanto Dantas fica no carro. Assim que entro não me importo com a moça que me chama, entro direto ao elevador principal que me leva direto a sala de Harry, quando parou, a mesma moça saiu do elevador no final do corredor com dois seguranças e vi uma mulher que não é Suzana se levantar, com certeza está no lugar de Úrsula, paro no meio entre a barreira da mulher a minha frente e a mulher com dois homens nas minhas costas com todos empregados a me olhar.
   — Quem é você? E por que está aqui sem hora marcada? — olho a moça abrindo um sorriso e me virando a todos.
   — Eu sou Annastácia Van Vitsky, não preciso marcar hora e estou aqui no lugar do senhor Vitsky — a mesma mudou de semblante e abriu espaço para a porta à minha frente, respiro fundo e caminho até lá, deixando Henry a porta. 

De volta a vida -  Livro 2Onde histórias criam vida. Descubra agora