Capítulo 25

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   Enquanto penso em mil possibilidades de quem será a pessoa que está passando informações para os inimigos. Tento contatar os seguranças pelo celular, mas enquanto passo pela lista de contato, me lembro da garota em que falei na França, não é ela, não contei o suficiente da minha vida para que dissesse a alguém, acredito que não será essa mulher. Deixo o celular sobre a mesa e suspiro, ouço toque na porta e vejo que se trata de Cristal.
  — O jantar está pronto — sorri, nem havia percebido os minutos que passei a pensar demasiado nos mesmos assuntos.
  — Tenham um bom apetite, estou sem fome — Cris torce os lábios e entra caminhando até mim.
  — Está exausto! — suspiro forte sentindo o ar ir embora dos meus pulmões.
  — Estou — não saberia o que dizer, a não ser concordar com o que disse, estou exausto e precisando de boas horas de sono.
  — Tem muita coisa para fazer, empresa, negócios sujos, Anna — torce os lábios — melhor descansar, dorme um pouco — me deito sobre a substância macia e sinto uma sensação reconfortante. Cris joga o cobertor por cima dos meus ombros e respiro fundo suspirando logo em seguida. Quando acordar terei pensamentos claros.

  Pela manhã, acordo com a luz forte do sol entrando pelas minhas magras pálpebras, ainda com os olhos fechados, encho meus pulmões, abro meus olhos devagar me acostumando com a luz amarelada, um cheiro ótimo de comida entra por minhas narinas. Resolvo tomar um banho morno e por uma roupa confortável, são nove da manhã e apesar do sol, faz frio. Desço as escadas quem prepara o café é Cris.
  — Mary teve que voltar para casa. Dafine passou mal — beijo-lhe a bochecha e olho o calendário, amanhã é mesmo dia de folga de Mary e não me importo se ficar mais uns dias em casa.
  — Depois ligo para ela — me sento à mesa pegando o jornal. — O que iremos fazer hoje?
  — Não sei. O que quer fazer? — se senta junto a mim e olho nos seus olhos.
  — Podemos ver filmes e comer pipoca, enquanto não dá o horário do Tio Mike — a mesma parece adorar já que abre um largo sorriso. Tomamos nossos cafés quietos apenas ouvindo o barulho da cidade. Pela tarde assim como planejado assistimos bastante filmes e rimos muito, esses momentos com ela é os melhores e confesso que preciso curtir mais com minha irmã, passamos tempo demais longe um do outro e quase não nos falamos, sinto falta da nossa adolescência, por uma parte.

  Antes de buscar Mike, estou no pequeno escritório a escutar ópera e beber um bom vinho, leio alguns livros e penso em muitas coisas, é pouco tempo para mil pensamentos. Mas acontece que o fato de ter alguém me observando, me deixa inquieto e ansioso, não irei questionar mais ninguém, se só Dallas e Joel sabem disso, é melhor, quanto menos gente melhor podemos observar quem será o suspeito, olho o celular, são oito e dez. Levanto-me da poltrona e vou à sala vendo Cris descer do segundo andar.
No carro estamos quietos enquanto passa música na rádio, ainda não havia surgido uma boa ideia para me vingar, mas como Cris disse, na hora certa saberei o que fazer, só estou inquieto pelo fato dessa hora não chegar e ser tarde demais.

  No aeroporto ríamos com piadas sem graça ou com teorias que inventamos, mas a felicidade foi embora quando vi a mulher que acompanhava Mike, deveria estar feliz, mas há tantas coisas para me deixar triste e cabisbaixo sobre a sua personalidade e caráter. Por que ele a trouxe? Assim que me viu, travamos uma batalha de olhares profundos e por muitos minutos, tive vontade de virar as costas e ir embora. Cristal também pareceu desconfortável e pelo menos sabia que não era apenas eu que não queria a sua presença aqui.

  Já no carro o clima está tenso e pesado, quanto pelo meu lado, o de Cristal e o de Débora. Tio Mike não para de tagarelar sobre a viagem que fez e não reclamo por contar esse fato feliz da sua vida, não é inveja, apenas necessidade de algo positivo, mas assim que chegamos e Cris levou os dois para o quarto, me sento à sala, olhar para Débora de novo foi como trazer todos os demônios do passado, os quais havia enterrado no fundo do meu cérebro, essa vez pareceu tão diferente de semanas atrás.
  — Harry — olho diretamente para a escada para ver a figura alta.
  — Por que a trouxe? — estou calmo, apesar de sentir vontade de não estar no mesmo ambiente que Débora estava.
  — Ela quer conversar com você. Sabemos que Débora sempre ganha uma batalha de conversa e não pude impedir — lembro que sou o único que a faz calar, pois, sou o único que sabe dos seus maus bocados. Mesmo me sentindo mal por rebaixar minha própria mãe, mas, ao mesmo tempo, sinto necessidade de á trazer a realidade.
  — Ela nunca vai conseguir resolver a vida dela Mike e duvido muito que saiba pedir desculpas pelo que fez comigo e Cristal.
  — Ouça o que tem a dizer. Para mim, pareceu bem convincente.
  — Será?

De volta a vida -  Livro 2Onde histórias criam vida. Descubra agora