Capítulo 15

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  Sentado sobre a cadeira na varanda, tomo o último gole do vinho que estava na taça, para mim, foi um mar de lembranças voltar a essa casa, pois, nela aconteceram tantas coisas, mas agradeço ser apenas dois dias. Olho para a lua e observo o quarto, a cama e a porta. Respiro fundo, terei que ser forte para não ter que deixar as lembranças desse lugar afetar a mim, me afogar na adega e deixar os negócios que estou tão determinado a terminar de lado, só quero ter que ouvir sua voz novamente, não viver de uma aparição, não viver do meu subconsciente pregando peças. Suspiro para o ar a substância do cigarro o apagando no cinzeiro, entro para o quarto fechando a varanda, jogo a gravata e a blusa para a poltrona e deixo a garrafa de vinho vazia em cima do móvel e olhando a cama me lembro dela a dormir ou a sorrir para mim, fecho meus olhos vendo seu rosto visível, sua pele viva, quero voltar a ter essa visão todos os dias, não a da garota sobre a maca.

  Acordo a conversar com Suzana que me fala como a empresa está a progredir depois que assinei contratos com muitos negócios atrasados, vasculho no meu notebook enquanto mastigo algumas panquecas.
  — Senhor Vitsky. — Desligo o telefone e vejo Thomas aparecer, a televisão é ligada e sem entender vejo a reportagem.
  — O informante não sabe ao certo o que acontecia, mas diz que Harry conversava sozinho e que realmente parecia que tinha alguém ao seu lado, alguém do além? Será que conversava com sua falecida amada? Aquela garota que vimos com ele durante Nova York? — apareceu uma foto minha e de Anna juntos no mercado, enquanto o outro lado eu a falar com ninguém.
  — Acham que Anna está morta — Thomas me encara e desligo a televisão, me surpreende que seja isso que presta atenção, não no fato de eu estar a falar com o nada. O que mais me preocupa é como o paparazzo conseguiu essa foto, um dos maiores fatos de escolher aquela casa, também foi pelo difícil acesso a esses intrometidos.
  — Acho melhor pensarem assim, desta forma os Jones não tentarão alguma coisa. — Respiro fundo fechando o Notebook. — O carro está pronto?
  — Tudo certo para irmos — seguro minha maleta passando pelo rapaz. No carro enquanto ele dirige, olho a avenida, penso nos novos investimentos, mas, ao mesmo tempo, penso em tudo dar certo.

  Enquanto estou sentado na mesa junto às pessoas formais a discutir o que será bom para os próximos desfiles, o que será arrecadado para os lares de adoção e como será dividido todo o dinheiro. Mesmo concordando e respondendo, a minha cabeça parece está dividida, entre se deveria tomar alguma providência perante a Nick e Cameron junto aos inimigos ou se ficaria quieto esperando uma suposta fraqueza. No momento me sinto tão perdido, sem saber por onde começo, só não quero perder mais alguém e farei de tudo para que nenhum saia ferido.

"Me desculpe por aquela noite, acho que havia bebido demais, não deveria ter agido daquela forma e estou envergonhada. Peço que aceite minhas desculpas, o que acha de um jantar para esquecemos isso, sim?". C

  Rapidamente minha lembrança vai para o dia da festa junto com Estevão, à lembrança da morena e da briga que todos viram, não sei o que quer e, ao mesmo tempo, não sei como sabia de Anna, mas do mesmo jeito que não sabia que a mesma sabia da existência de Anna, também não sabia que a imprensa sabia. Respiro fundo e ponho a mão na minha cabeça apoiando na mesa, é muita coisa para a cabeça, negócios, quebra-cabeças, empres...
  — Senhor? Está bem? — ouço a voz feminina ao meu lado e a dispenso.
  — Podem assinar. Portanto! Sessenta por cento do dinheiro é das instituições e orfanatos, é para isso que organizamos desfiles.
  — Mas senhor...
  — Está dito — me levanto pegando minha maleta — tenham um bom fim de tarde — me retiro da sala cumprimentando Simone, minha secretária temporária que organizaria a metade das reuniões que ainda haveria.

  De volta para casa, coloco em dia, trabalhos prontos nos arquivos do meu computador para Simone colocar em prática, penso num nome ótimo para as peças que Annastácia havia desenhado. Esperança parecia ótimo. Respiro fundo afastando tudo que poderia a estar supostamente me desconcentrado, fecho o Notebook o guardando, olho para as luzes fora do carro e recebo uma ligação. Vejo que se trata de Helena.
  — Helena, como está? — pude sorrir e sentir um pouco de paz ao ouvir sua voz.
  — Eu vou bem Harry e você? Fiz um desenho! — ouço a voz de sua filha no fundo, e sorri com o pequeno ato.
  — Eu vou bem — estou a olhar para o carpete preto. Talvez ansioso por notícias.
  — Que ótimo! Eu tenho uma boa notícia e acho que vai amar — saio do carro indo em direção a casa, quando adentro vou à sala deixando sobre o sofá a minha mala, me sento tirando meus sapatos e suspiro descansando minhas costas sobre a superfície macia.
  — Me diga, qual é a boa nova? — tiro a gravata a jogando para o lado enquanto desfaço alguns botões.
  — Anna reagiu mais uma vez — meu coração acelera num nível tão rápido que puder sentir a minha respiração desregular — Cristal falou com ela, perguntou algo e Anna apertou a sua mão como resposta — um sorriso se formou, pois, estava perto a sua volta — logo acordará.

De volta a vida -  Livro 2Onde histórias criam vida. Descubra agora