Capítulo 35

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   Já se passara muitos dias cansativos e hoje já volto para Londres, Úrsula está comigo e eu adorei saber que iria para Londres trabalhar na Imperius, todos os desfiles me causaram uma estima boa e me trouxeram muitas inspirações, Úrsula era uma mulher muito interessante e tinha muito bom papo, não tem como estar no tédio com ela e foi com ela que descobri que sei e gosto de conversar bastante, adora obras e tem um gosto peculiar para pinturas, hoje mesmo estamos num museu, nunca foi em um e me surpreendeu sua surpresa, me lembra muito Anna às vezes e isso era muito bom, faz a saudade ser pouca, mas Ursula não é Anna, e nem todos que se parecem com ela vão me dá conforto. É como se Anna estivesse aqui, mas de noite, eu ainda tinha falta do sono e me pegava a pensar na menina na maca, hoje à noite voltarei a Londres, foram três semanas longas e de extremo trabalho, organizando e indo aos desfiles da minha própria marca, sai com amigos para me distrair e foi bom, mas hoje finalmente e felizmente, estarei no conforto de casa. Pedi para que Dallas pusesse a casa em venda e que uma das minhas primeiras tarefas assim que pisasse em terra inglesa seria ver a nova casa, não pretendo morar no apartamento que será de Anna - se Anna levantar.
  — Harry! — ouço a voz alterada de Úrsula e logo entra pelo escritório — Cristal está ligando novamente, mas dessa vez disse que é muito importante. — Com o coração acelerado passo pela menina e seguro o telefone de suas mãos.
  — Cristal o que houve? Está bem? Aconteceu alguma coisa?
  — Harry calma! Estou bem, estamos bem. Só preciso que venha urgentemente para casa, logo, hoje ainda, o mais rápido que puder — confuso olho para Úrsula e logo o relógio, ainda falta duas horas para a viagem.
  — Chego aí em três horas — não ouço nada na linha por um bom tempo.
  — Tudo bem, só venha logo — o telefone foi desligado e me transformo em um mar de confusão, nada me vinha à mente a não ser porque quer tanto que eu vá e se mentiu para não me preocupar?
  — Arrume suas malas, vou ligar para Henry para adiantar nossa viagem. — Sem ouvir mais nada vindo da mulher no andar de baixo entro no meu quarto a pegar a mala no canto da porta. A emoção na voz de Cris e se aconteceu algo com Anna e não quer me dizer? Acabo por jogar às roupas na mala com raiva de mim próprio e me sentar na cama, a ansiedade está no meu limite, minhas mãos estão formigando e tremendo, aperto as unhas contra as palmas, sinto minhas pernas começarem a se mexer e então respiro fundo e abro o móvel ao lado da cama, tiro todos meus pertences pondo na bolsa ao lado.

  Depois de pronto, desço as escadas vendo Úrsula pronta sobre o sofá, me olhava preocupada, preocupado ainda mais estou eu, vou ao pequeno escritório segurando no notebook pondo na pasta, voltando a sala seguro na minha mala e abro à porta, espero que a moça passe por mim e vamos para o elevador.
  — Harry — a voz aguda ao meu lado em um fio chama minha atenção, olho para ela que tem suas bochechas vermelhas.
  — Está tudo bem Úrsula — tento sorrir mais sei que me saio horrível, estou ansioso, nervoso e não quero pensar em mais nada, minha mente já está muito barulhenta.

  No avião estou num mar de nervos, nunca comi tanto as unhas e nem mexi tanto as pernas, percebo que fico assim desde que à casa foi invadida pondo a vida das pessoas mais importantes para mim em risco ou desde que o coração de Anna parou, estou tentando me preparar para uma perda, mas ainda não estou pronto, o tempo está passando rápido, mas é como se estivesse parado nele e o pior de tudo, é que não penso positivo nunca.

   Quando o avião pousa já vejo Dantas a espera com o carro, temo cair no chão a qualquer momento, a pressão baixar ou algo do tipo. Não havia tantos motivos para estar assim, foi apenas uma ligação Harry, uma ligação muito estranha.
  — Vamos para casa Dantas — entro no carro e logo a menina e o rapaz.
  — Sabe por que Cristal estava tão alterada pela manhã? — manhã? Então ela só me ligou agora?
  — Não Dantas, estou aqui mais cedo por causa dela.
  — Aqueles mesmos homens de preto estavam lá e só saíram quando sua mãe saiu — nos olhamos pelo retrovisor, e agora eu não me sinto melhor que antes, tento me acalmar, mas uma simples coisa está me deixando nos nervos. Olho para a menina que não havia dado nenhuma atenção, ela está a olhar tudo em volta, como Anna fez quando fomos para minha casa.
  — Quem é essa bela moça? — antes que fale algo, Dantas começa, olha para Úrsula que o olha e fica sem graça.
  — Sou Úrsula — sorri.
  — Sou Miguel, mas todos me chamam de Dantas — ela concorda com ele, tem um mistério nos seus olhos, uma inocência e muito, muito sentimentos misturados, me olha e abre um sorriso antes de voltar a olhar para fora.
 
  Conforme o trajeto é feito, percebo que o caminho mudou, não estamos indo para casa, olho Dantas que me olha pelo retrovisor e volta a estradas.
  — Para onde estamos indo? — o mesmo não me responde de imediato, o sinal vermelho deixa o carro numa cor também vermelha e o rapaz se vira para mim. Engulo em seco e tento regular minha respiração.
  — Cris mandou te levar ao hospital — uma voz grave e calma, cheia de suspense. Todas as minhas hipóteses estavam erradas, nada de sequestro, nada de roubo, nada de desvio, nada com Débora, era com ela. O sentimento devastador que inundou meu corpo e me deixou sombrio, não me deixa soltar uma lágrima, no fundo eu sabia, mas ainda não queria acreditar, queria mais tempo para cair e ficha, mais tempo que oito meses.

  Foi rápido, muito rápido, apenas esperei o carro parar e saltei para fora numa corrida para dentro do hospital, alguns médicos tentaram me impedir de subir sem a autorização, mas não queria saber se podia ou não, só queria chegar na porta de seu quarto e pelo menos me despedir. Mas quando o fiz, fui nocauteado, um murro no estômago que me deixou sem ar, sem saber o que fazer, só queria por uma vez na vida chorar perante uma situação dessa, esquecer todos que me olham. Por que ela está ali sentada a me olhar? Com um pequeno sorriso e um cenho fraco, era a minha Anna, a minha pequena Anna.

De volta a vida -  Livro 2Onde histórias criam vida. Descubra agora