Capítulo 02

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  Assim como o farmacêutico disse, havia dormido como pedra, mesmo tendo dormido apenas quatro horas foi ótimo contando que foi às quatro horas sem interrupções. Agora às sete estou indo trabalhar, depois de passar três semanas trabalhando em casa, hoje é o segundo dia que estou indo à empresa. Pessoas me olhavam com preocupação, outras perguntavam frequentemente se estou bem. Sei que minha aparência não é das melhores, mas não preciso saber que estou tão desprezível assim. Suspiro alto vendo minha figura no espelho, faz tempo que não me vejo com os cabelos tão longos, mas tampouco quero os cortar agora. Termino de deslizar a lâmina pelo meu rosto tirando todo excesso de pelo grosso e finalizando com a água gélida, saio da casa de banho. Visto meu terno e seguro a maleta preta entre dedos enquanto saio do meu ambiente pessoal. Descendo para o pequeno almoço vejo Mary à por à mesa.
  — Bom dia menino Harry. Dormiu bem? — sorrindo pequeno para a mulher mais velha que eu, me sento a mesa.
  — Melhor que outras noites — me sirvo de café — me acompanha? — toda manha Mary me faz companhia pelo café, mesmo muitas vezes não comendo apenas jogando conversa fora, uma vez trouxe sua filha pequena, confesso que a ideia de ter uma criança aqui me fez ter pesadelos acordado por conta da bagunça. Mas a filha de Mary era bem educada e isso não era de se surpreender, aliás, Mary foi uma ótima babá para mim e Cristal, por que não seria com Dafine? Sua própria filha?
  — Quando trará Dafine novamente? — Mary me olha sorrindo largo como sempre, caloroso.
  — Parece que gostou da companhia? — confesso que é uma boa distração — espero que logo — Dafine tem sete anos e é uma menina esperta, gosta de tomar chá de mentirinha, mas suas perguntas e curiosidades sobre mim, é algo como se fosse uma verdadeira repórter. Aliás, é o seu sonho quando for mais velha.


  O dia está bonito pelo menos, não pego trânsito na ida para a empresa, então tenho tempo o bastante para passar em um café e pegar um lanche para depois, tenho tantas coisas pendentes que nem sei se terei tempo para comer. Paro o carro saindo rápido para fazer meu pedido. Na fila os e-mails já chegam, pedi para Suzana me enviar todos os relatórios que preciso para estar em dia. Agradeço a moça por colocar tudo em uma bolsa e seguro meu pedido indo já em direção à porta.
  — Harry? — ouço uma voz desconhecida e me viro para trás antes de sair do café.
  — Desculpe, nos conhecemos? — vejo a morena sorrir largo em perfeitos dentes alinhados e brancos.
  — Clare — puxo pela memória, mas não me lembro de já ter visto a moça — da escola — olhando em seus olhos os meus se arregalam, pois não é mais aquela menina que vestia roupas estranhas, usava óculos e aparelhos estranhos.
  — Oh! Lembro-me bem, das aulas de sociologia. — Sorri me virando completamente recebendo um abraço seu. Mesmo Clare sendo uma menina estranha, nunca deixei de falar com ela, sempre me ensinava à matéria que não entrava na minha cabeça. Pergunto-me se virou uma professora como queria.

  Clare é a filha de um amigo do meu pai, era o único que falava com ela na escola, não por só nos conhecemos pelos nossos parentes, mas também por que gostava de falar com ela, Clare foi a primeira que soube quando meu pai morreu e depois quando saí de casa, pois não aguentava mais ver Débora, conversamos brevemente antes de ir para empresa. Dirigindo, observo que o dia mudou completamente para algo fechado, a ventania está forte e com certeza mais tarde irá chover o que iria dificultar a minha ida para a visita de Anna, porque provavelmente haverá um trânsito se a chuva for forte, só em pensar nisso já me vem uma leve dor de cabeça. Saio do carro recebendo o cumprimento do segurança, faço o mesmo e aperto sua mão antes de subir os pequenos degraus, assim que adentro a empresa além dos olhares já recebo uma enxurrada de pastas enquanto Suzana vem atrás de mim, falando. Concordo e entro no elevador abrindo as pastas vendo os documentos. Assim que o elevador se abriu pude ter a visão de um escritório vazio como sempre, apenas a secretária e eu, mais tarde chegariam o restante dos funcionários.
  — Bom dia senhor Van Vitsky — ainda não tinha decorado o nome da nova secretária, havia despedido a antiga por tentar algo comigo; acho que a melhor coisa que poderia ter acontecido para parar minha vontade insaciável de sexo, foi ficar cinco meses sem Anna e não conseguir deitar com ninguém.
  — Bom dia — enquanto a voz da garota atrás de mim me diz as novas reuniões e os novos projetos, caminho até a minha sala. Quando para de falar a olho e ela para engolindo em seco.
  — O último encontro é às sete com uma empresa importante.
  — Pode adiar para dia dezessete? — seguro a maçaneta da porta do meu escritório.
  — É um dia de sábado senhor — a olho.
  — Dia dezesseis — assente e caminha de volta a sua mesa. Assim que entro na minha sala me sento na cadeira de couro soltando um longo suspiro de alívio pelo silêncio e paz da sala.

  Estou no trânsito da tarde a mais de uma hora, olho o relógio de pulso a cada cinco minutos o que me deixa impaciente, sei que a hora não havia se ido do modo que eu queria, mas mesmo assim me torturava a olhar. Caí o céu em chuva e chega a hora da visita de Anna a cada minuto parado, quase não se vê os carros à frente.

  Impaciente dou graças a Deus que os carros começam a andar, ao meu lado está o ramo de flores amarelas e no porta luva, a caixinha que tanto me arrependi de não entregar em um dia tão especial quanto o natal, suspiro, pois, não posso mais voltar no passado e como eu queria voltar para reverter tudo isso e acabar de uma vez por todas com essa dor. Um pouco atrasado, chego ao hospital.
  — Boa noite senhor Van Vitsky — vejo Helena, a mulher que vem me ajudando desde sempre aqui.
  — Boa noite Senhorita Dorlinn — sorri para a mesma lhe entregando uma das rosas do buquê, um tom avermelhado surgiu em suas maçãs e me encaminho para o quarto da minha pequena, hoje é quarta, é meu dia preferido, porque é os únicos que durmo bem por algumas horas, Helena disse que sempre durmo na hora de visita, deve ser por essas poucas horas de sono que consigo me manter em pé por algumas horas a mais. Abro a porta para ver seu corpo deitado na maca, tiro as flores mortas do jarro depositando as novas no lugar, respiro fundo indo até à poltrona do lado da sua cama.

  — Olá meu amor.

N/A: desculpe a demora, fiquei sem internet esses dias todos. Mas, tenho novos capítulos. Vou publicar todos:)


De volta a vida -  Livro 2Onde histórias criam vida. Descubra agora