Epílogo

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  Harry havia ido para a sala de cirurgia assim que chegamos no hospital, eu, Cris e Débora estamos muito nervosas, os homens haviam ficado no carro esperando uma notícia, algo que não ia sair tão rápido já que agora iniciaria a cirurgia para tirar a bala cravada em seu ombro, a cada pequeno segundo eu estava ainda mais nervosa e agitada, não conseguia me acalmar e isso está me dando enjoos.
  — Anna, fica calma isso não fará bem para o bebê — olho para Cristal já respirando fundo, pegando várias inspirações e soltando.
   — Está grávida! — Débora não pergunta, está mais para um susto e a olho, Cris então me olha e olha a mãe que parece pasma, lembramos que Débora não sabia e agora a minha preocupação seria como levaria isso, seria avó e Harry gostaria muito que soubesse, mas o problema é, e se ela não gostar nada?
   — Sim — por fim digo e sua cabeça encosta na parede, está pensativa a olhar para o teto enquanto eu e Cris encaramos a mulher, logo um sorriso pequeno surgiu nos seus lábios e me encarou antes de seus olhos irem a minha barriga.
  — Cuidei para que a notícia não se espalhe para a imprensa, agora é cruzar os dedos para não sair mesmo — Henry senta ao meu lado e suspiramos todos.

   Depois de muitos minutos, talvez horas em espera, o doutor aparece, nunca me senti tão ansiosa para algo, minha mão chega a tremer e me sinto totalmente incapaz de estar em pé, quero logo a notícia.
   — As notícias são boas — isso me fez acalmar e todas soltamos um suspiro longo — conseguimos remover a bala sem nenhuma complicação e o paciente está bem, ficará alguns dias conosco de observação e logo poderá voltar para casa — Débora sentou ao meu lado agradecendo o doutor enquanto Cris soltou um longo suspiro. Quando o doutor se retirou e a menina foi dá as notícias para os homens do lado de fora, na televisão mostra a desgraça que fizemos naquela casa, a explosão está fresca na minha mente e só de pensar que ali poderia ter crianças e as mulheres dos meus tios e outras vidas, só de pensar em quantos dos nossos estão ali naquele chão e quanto dos deles também estão.
   — Você foi muito bem lá — a voz ecoou e a olhei, Débora — é digna de estar ao lado do meu filho como seu braço direito — me olhou sorrindo pequeno de um modo tristonho.
   — Obrigada Débora.

*Alguns meses depois*

   Suspiro de nervoso enquanto me olho no espelho e várias mulheres saem e entram do quarto com seus vestidos formais e lindos.
   — Oh querida, você está tão linda! — ouço a voz de Tina, esposa de Augusto. Olho mais uma vez meu reflexo enquanto Cristal arruma meus cabelos em um penteado, minha barriga de seis meses está a mostra no vestido branco enquanto encaro Henry na porta com seu terno diferenciado. Acho que agora acredito que terei uma família e estou a carregar uma criança que me faz ter dores nas costas todo dia, é um menino e decidimos chamá-lo de Joaquim, depois de uma briga enorme entre o nome Anthony ou Peter pela avó e a irmã. Decidimos Joaquim e ele chuta muito a minha barriga.
   — Pronta? — observo todas as madrinhas a sorrir e sinto um frio na barriga.
   — Sinto um desconforto no estômago.
   — O espaço é pequeno para o pequeno Joaquim — Matty comenta e todos rimos, logo tio Mike está à porta para minha espera, me olha dos pés à cabeça e sorri largo.
   — Se estou surpreendido acho que o noivo vai se apaixonar ainda mais. — Sentindo minhas bochechas queimarem seguro o braço do homem alto ao meu lado enquanto todos descem as escadas, se estou ansiosa? Ansiedade me define agora, irei realizar o sonho de casar com o homem da minha vida, terei um filho em breve e ver o rostinho dele é o que, mais quero, tudo está pronto para receber o pequeno Joaquim, o quarto não é mais vazio e eu também não, confesso que quando penso no parto me dá muito medo, mas não posso desfazer o que já está feito nem que eu queira desfazer.

   Quando o carro para de frente o jardim, vejo como tudo está tão bem enfeitado e tão simples como eu e Cristal havíamos planejado, flores brancas por todo canto junto ao verde, a entrada numa porta cheia de flores coloridas, vejo todos os convidados a levantarem quando saio do carro, visualizo o homem no altar enquanto a música do violino toca, está de terno claro quase um champanhe, saberia que não seria um terno normal, uma flor branca está no seu bolso combinando com o buquê nas minhas mãos, sinto meu coração palpitar enquanto caminho ouvindo meus saldos batucar, a cada segundo mais perto do homem vendo o seu sorriso e sentindo o meu de orelha a orelha, sinto uma lágrima cair, mas não deixo o resto vir para não borrar a maquiagem, entregue a Harry o mesmo me olha profundamente, não tira seu sorriso de jeito algum.
   — Está tão linda! — me beijou e viramos para o pastor, começaria a partir de hoje a nossa nova vida, ficaria tudo para trás, todas as mortes e almas, tudo que um dia já foi ruim para nós, será uma nova etapa, uma nova era.

  Depois da cerimônia Débora me apresentou a muitos amigos e muitos familiares, estou feliz por estamos juntas agora como uma família, está feliz por nós, pelo que somos agora. Neste momento estou agarrada ao meu homem a dançar de um lado para o outro numa valsa a sós, ainda teremos muitos anos para fazemos isso, e pensar nisso é algo que alarga ainda mais o meu sorriso.

  No fim da festa depois de agradecer a todos por comparecer e jogar o buquê para que Henry pegasse e todas as mulheres se sentissem tristes, eu e Harry nos despedimos de todos que ali estavam, hoje dia 15 de março será o dia registrado como o começo de uma nova vida com minha família. Entramos no carro enquanto pétalas brancas são jogadas na gente e quando entrou em movimento para o aeroporto para lua de mel na Itália, damos tchau para quem fica para o resto da festa. Deito minha cabeça sobre o ombro do meu marido vendo a estrada ficar mais longa e todos ficarem para trás, sinto que me abraça de lado, tudo isso vai sempre ficar na minha memória. Minha mãe ficaria tão orgulhosa de ver isso, mas tenho certeza que viu. Sinto meu bebê e vejo a mão de Harry se juntar a minha, nossos olhares estão juntos e eu não deixo de sorrir para ele.
   — Amo vocês.

De volta a vida -  Livro 2Onde histórias criam vida. Descubra agora