Capítulo 53

1.1K 94 2
                                    

   — Então — se levanta, seu corpo se distancia até a cômoda, lá demora alguns minutos antes de se virar completamente para mim — já que hoje é dia de coisas inesperadas — sua voz está baixa, nada raro, mas muito suspeito. — Tenho duas coisas para te dar — seus olhos finalmente focaram nos meus, julgo que nunca precisei tanto de um olhar intimidante como precisei agora, mas ele não está lá, só um brilho intenso, muito intenso. — Fiz alguns ajustes nos seus desenhos, mas não mudei nada dos traços e depois que resolvi sair da minha depressão temporária. Lancei todas as joias que você desenhou — a caixa branca é aberta revelando um colar — esse é da sua marca, a marca da esperança — era em uma cor lavanda, brilha muito e tem detalhes azul bem pouco, mas visual. Sorri com a visão da minha criação em forma física — e esse — vejo algo mais delicado sair do seu bolso — foi o pedido que queria fazer em um dia mais especial que o Natal — sua risada estava presente — e quando o dia chegou você levou um tiro, então hoje, é mais especial que o Natal — a caixa é aberta revelando uma aliança, tem um pequeno diamante encima, não é dourada, é preta, estou pasma não tenho palavras para nada, primeiro soube que tenho uma marca de joias junto a Harry, que minha obra foi lançada, agora uma aliança? — Laura Jones — olho em seus olhos — você quer casar comigo? — agora literalmente sou a menina que chegou aqui, inocente, ingênua e boba, me sinto assim agora, uma repleta adolescente em um conto de fadas. Engulo em seco e o olho.
   — Sim — sorri vendo seu sorriso de lado e discreto, me abraça e sinto mãos a fazer carícias nas minhas costas. Nunca pensei que chegaria a esse ponto, nunca cheguei a pensar sobre carregar alguém tão cedo, tenho tantas coisas para fazer na minha vida, mas não me culpo, não o culpo. Só quero aproveitar. — Mas os papéis? Sou sua irmã para a lei — o mesmo se levantou.
   — Você não é minha irmã para a lei, porque os papéis não passaram pelas mãos de ninguém, foram falsificados — sua mão se estende para mim e Harry segura sua bengala, aos poucos saímos do quarto e andamos os corredores, Harry não demostra nada, mas em seus olhos havia um brilho intenso, está feliz acima de tudo mesmo o seu semblante sendo seco, frio e indecifrável de outras emoções. Quando chegamos ao andar de baixo todos na sala nos olham.
   — Quero comunicar uma grande notícia — sua voz sai alta e audível para todos, parecem curiosos e aos poucos um grande sorriso saí na boca de Harry. — Vou ser pai! — todos se entre olham e logo o barulho surge na casa, de parabéns, de aplausos e risadas, os tios e primos de Harry os cumprimentam, Shawn me olha sorrindo do sofá com sua bebida apoiada em sua coxa esquerda e Cristal me abraça toda boba com a notícia que será tia. Pena que Débora não está aqui para saber que será vó.
   — Annastácia — todos se calam a ouvir a voz de Dallas, Harry o encara, assim como ele me encara — temos as respostas do que mandou verificar...

   Eu e Dallas caminhamos até o escritório de Harry, estou ansiosa para saber se Dallas descobriu algo sobre alguém que estaria espiando ou dando informações para os nossos inimigos.
   — Você estava certa, Suzana é a informante, sorte Harry ser alguém reservado e tomar os devidos cuidados, ela não tinha tantas informações da empresa, mas é um dos franceses — sinto a raiva subir por mim, mas tento me acalmar. — Parabéns pelo bebê, Henry me contou.
   — Obrigada Dallas — sorri pequeno lembrando que agora, carrego uma vida, mesmo ainda não sendo aparente, quando for lembrarei todo dia que me olhar — você a pegou? Para a pequena reunião que queria ter com ela?
   — Sim, está no antigo galpão, o mesmo que levou um tiro.
   — Ok, quero que amanhã, me leve lá, você e mais alguns seguranças.
   — Tudo bem.

   No jantar a sós com Harry, estamos em um restaurante comemorando o nosso bebê e o casamento, eu e Harry conversamos bastante sobre muitas coisas, ele até falou de planos, por um momento só vejo nós, é mágico e surreal, há algumas horas eu nem tinha certeza de um filho, agora serei mãe e estou noiva, não acredito nisso e vai demorar para acreditar, mesmo quando sinto um colar no pescoço e vejo um anel no dedo, mesmo quando olho para minha barriga nenhum pouco aparente, vai demorar semanas ou meses para entender tardiamente, seus olhos agora estão juntos dos meus e a sua felicidade não está mais escondida, toda vez que sorri bobo, me olha ou até mesmo sorrir consigo mesmo com algum pensamento aleatório, sei que deixamos as preocupações essa noite dentro de casa e do escritório, então não pretendo pensar em como será daqui para frente, não essa noite, não hoje. Na ida para casa Harry e eu fomos quietos a ouvir músicas calmas e baixas no rádio, o som da chuva bate no carro relaxante, fecho meus olhos e deixo que me leve a outro universo. Quando acordo estou sobre a cama, sinto o lençol quente sobre minha pele, olho o quarto todo até chegar na poltrona do canto, a lembrança de Harry ali me levou a Nova York na noite que Frederick morreu. Está sentado apenas de 'boxers' a beber, mas me olha fixamente.
   — Por que não me falou de Suzana?

De volta a vida -  Livro 2Onde histórias criam vida. Descubra agora