Capítulo 14

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   Jogo a carta para longe de mim, tentando manter total controle, só quero ter que esquecer tudo, acordar amanhã e não lembrar que além da minha empresa, tenho negócios a tratar. Sei que Nick e Cameron não vão esquecer isso como se esquece de comer em um dia agitado. Eu só preciso descansar e ter uma boa noite de sono. Não consigo não me sentir um total fracassado, é como se tudo ao meu redor caísse nos meus ombros agora, me sinto exausto apenas em pensar em tudo, queria poder desistir, mas abrir mão de tudo agora era ir para outro estado e nunca mais me comunicar com nada nem ninguém, para todos esquecer de vez que existiu um Vitsky. Mas também é abrir mão de ter uma família, porque todo o peso que deixaria cairia nos ombros da família que ainda resta. Nick mataria todos e os franceses não ficariam para trás, nessa altura do jogo, não tenho nenhum pensamento contrário que possam ter se juntado contra mim, deixando as coisas do passado. Acho mais fácil Nick se juntar com inimigos a esquecer de que tentei os matar com um golpe que também não só matou a família que queria, mas que mataria mais deles. O pior disso tudo, é que não sei quem pode ter contado. Não sai da minha cabeça que poderia ser a minha própria mãe, mas, ao mesmo tempo, digo que devo aprofundar meus pensamentos além daquele dia, o que acontece é que manter a cabeça no lugar não está em hora agora. Quando menos percebo, já trago o segundo cigarro e bebo a metade de uma garrafa de uísque, sentado na poltrona do quarto a olhar para um lugar qualquer, deixo a garrafa sobre a mesa no canto e tiro minha roupa, me deitando deixo que os pensamentos de uma vida supostamente melhor que aqui me de sono, no Caribe seria ótimo.

   Acordando não quis demorar na cama, pois qualquer coisa que me leve a pensar era ruim, os pensamentos se tornaram algo pior para mim quando estou só, pensar é meu maior inimigo durante esse período, mas sempre me determino a não deixar minha cabeça vazia, e pensar em novos projetos virou um hobbie. No banho fiz a barba e o bigode, lavei os cabelos com shampoo e os deixo num topete bagunçado; saindo da casa de banho reparo na mala pronta para uma semana fora, procuro algo confortável para vestir enquanto penso nas reuniões que irei fazer agora, resolvo adiar logo e não deixar mais para frente, quanto antes acabar melhor...

   — Tome cuidado na viagem e me mande mensagem quando chegar — Cristal me abraça.
   — Tudo bem — abraço Mary e vou para fora, onde Dallas e Thomas me esperam. Não irei questionar Dallas sobre a carta, sei que não saberá quem a entregou e não me importo, sabendo que foi um inimigo e não me vingo de apenas um, nunca foi algo que gostei. Tenho apenas que seguir minha vida, colocar as coisas em ordem e matar quem deveria ter matado há quase seis meses. Como de costume receberei mensagens de Helena me notificando sobre o estado de Anna e mesmo que queira que acorde, se demorou esses cinco meses, talvez não acorde agora enquanto viajo. Cris irá visitá-la e fico mais tranquilo, gostaria do apoio de minha irmã agora, mas ela também tem uma vida e precisa seguir. O que me resta é fazer como sempre fiz antes de me meter nessa furada toda e só agora, só agora percebo o que Anna se referia que em tão pouco tempo poderia acontecer tantas coisas, só agora percebo como a vida, a minha vida é louca, pois o que nunca achei possível amar alguém em dois meses aconteceu, não foi amor à primeira vista, mas foi amor. Aconteceram mortes, paixão e intrigas. Agora em cinco meses deixei minha vida uma desordem, sou motivo da imprensa por ter rejeitado minha empresa, por ter sumido e deixado tudo. Como uma pessoa "famosa" sou motivo de holofotes de pessoas que não gostam de mim, só de uma boa fofoca para comentar. "Gerald você viu que aquele grande imperador deixou a capa de 'educadinho' para sair batendo nos outros sem motivo?" Não me esqueço da senhora na fila do mercado a dizer isso, nunca me importei com o que pensam de mim, não ligo para os jornais e para falar verdade não assisto televisão. Pois sei que à maioria dos jornais estão comentando sobre a minha vida e eu sou ela, para que quero ver isso? Tenho preocupações demasiadas para ter que aguentar desaforos de imprensa que faz de tudo para ter uma simples notícia, não os julgo, é o trabalho deles. Mas a privacidade tem que ser respeitada.
   — Senhor Vitsky — Jack me cumprimenta enquanto sento sobre a poltrona no jatinho.
   — Obrigada Jack, pode ir. — Seguro no meu notebook para ver que as pastas dos desenhos e planejamentos já haviam carregado. Suspiro, que comece tudo o que deveria ter feito antes.

De volta a vida -  Livro 2Onde histórias criam vida. Descubra agora