Capítulo 57

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   Ficamos a nos encarar por alguns minutos, admirando a beleza da mulher que mudou a minha vida por completo, me fez ser um bobo aos pés de alguém, me ensinou a não só me apaixonar pela sua pessoa, mas por seus defeitos, coisa que nunca imaginei, está caído por uma menina como Annástacia. Por fim respiro fundo enquanto abro a porta do quarto.
   — Quando comprei essa casa, esse quarto foi o único que pedi para que não mudassem a decoração, não sabia que teria um filho tão em breve, mas olhar para ele me remetia ao quarto que cresci — encara tudo, mesmo estando vazio, as cores de um roxo ao azul e branco era o que deixa a magia no ar. Abre um sorriso, mas do seu olho esquerdo desce uma lágrima, o que me desperta uma grande curiosidade pelo motivo.
   — Ainda não acredito que estou a carregar alguém — me olha e tem um brilho nos olhos — julgo que não vou acreditar até a barriga aparecer! — diz em meio aos sorrisos — obrigada — me abraça, por muito tempo pensei sbre Anna ter de tudo para me odiar, mas às vezes me lembro que me disse que fui a pessoa que a deu uma nova família e parece não se importar ser tão nova para um filho, não pensa que ele irá tirar seu tempo que irá a impedir de algumas coisas temporárias, iremos aprender junto cada pequena coisa e confesso que isso me deixa muito feliz e ansioso, beijo sua testa e ficamos por mais alguns minutos ali, no silêncio e no lugar que logo será preenchido por choros e risadas.

   Enquanto organizo minha mala para irmos para França, Anna está no banheiro já pronta com um vestido vinho abaixo do seu joelho colado ao corpo, uns sapatos brancos e seus cabelos descem suas costas. Olha-me pelo espelho enquanto escova seus dentes e sorrio pequeno, pois, por um minuto me sinto tão bem a ponto de nem saber o motivo de arrumar as malas, hoje será nosso último dia junto e mesmo que não goste de pensar assim. Nunca consegui realmente pensar bem, na verdade, desde que Anna levou um tiro por minha culpa.
   — Deixe que eu te ajudo — segura suas malas, mas as afasta de mim antes que eu as segure.
   — Harry ainda estou capacitada de segurar minha mala — me encara e revira seus olhos. Em um passe rápido a tenho presa entre mim e a parede.
   — Serão longos meses de tortura para mim não poder te punir — a mesma tem um sorriso de lado em seu rosto.
   — Acho que é minha boa vingança — seu lábio inferior está preso enquanto sorri maliciosa para mim, o beijo como se fosse a última vez que irei toca-los e se prende a mim como se nunca mais fosse me ver. Sabemos o quanto tudo isso é perigoso, mas sabemos o bem que fará a todos nós se tudo sair conforme planejado.
   — Eu te amo muito — escutar isso me faz fraquejar de tudo que planejei tão bem, de coisas que não estão destinadas a sair prontas, isso não aceito, mas antes que comece a pensar pessimista abro um sorriso.
   — Amo-te — vira entre seus calcanhares e segura sua pequena mala a arrastando para fora do quarto, todos os meus seguranças e os que trabalhariam conosco já foram à frente, apenas eu e Anna juntos a Cristal estaremos a chegar por último. Já se passam das duas da tarde enquanto nos despedimos de Mary e Dafine, a pequena menina falante. Ainda não demos a notícia a Mary e acho que será uma surpresa enorme para ela, sou capaz de confiar nessa mulher de olhos fechados a amo como minha segunda mãe e quero que crie meu filho junto a Anna como Joana e a própria cuidaram de mim e Cristal.

   Entrando no jatinho que nos levará direto a França, tento imaginar como tudo isso daria errado e, ao mesmo tempo, olho às duas mulheres a conversar sobre coisas que não estou nenhum pouco atento, na minha mente soa tudo mudo, só me aparece barulho de tiro e a imagem de Anna caindo, o que me deixava ainda mais forte para derrubar Adrovtch e todos que dá sua laia são. Por fim ter paz e nada a mais. Ao mesmo tempo, a imagem de Débora me aparece a mente e tudo que eu mais quero é saber do seu paradeiro, um sinal de vida, não quero receber más notícias justamente quando fiz as pazes com ela, quando deixei de desconfiar dela sobre Anna. Mas ainda dói saber que não posso confiar na minha mãe, pois, nem sei mesmo o que ela faz agora, muito menos qual era sua relação com aqueles homens que provavelmente são inimigos. Tento acabar com meus pensamentos e deixar que a viagem seja o mais relaxante possível, quero estar bem para hoje e de bom humor para amanhã, sempre levei os negócios a sério nunca deixando o velho deboche de lado, mas acho que desta vez não posso pôr um pouco de brincadeira no meio, só ódio.

   Anna

   Harry dormiu quase toda a viagem, percebi sua preocupação e não é de menos, fará algo que pode colocar sua vida em risco e desta vez não estarei lá para salvá-lo, estarei na negativa a tentar receber uma notícia que conseguiram tudo que queriam. Mas esse é o pior, receber notícias e não estar lá, sei que é pelo meu bem e agora do bebê, mas também me sinto receosa de perder o homem da minha vida e meu filho crescer sem o pai. Tento não ter pensamentos ruins para não atrair ações ruins.

   Quando finalmente descemos do avião que estava a me dá enjoos, Harry segura minhas mãos enquanto Thomas já nos espera para irmos para o apartamento que ficaremos. Toda família está separada para não alertamos os inimigos de algo, como disse Harry, há algumas semanas, não sabemos o que é, ou não é deles. Podemos está em território inimigo sem nem imaginar, não gostamos de pensar que pode dar errado algo assim, mas agora a vantagem é deles. Da cidade para o canto isolado que moram são algumas horas como disse os tios de Harry, por hoje não quero mais pensar sobre amanhã. Só viver, apenas viver.

   Deixo as malas no canto do quarto e me sento sobre a cama a tirar os meus sapatos, Harry faz o mesmo na outra beirada, está pensativo de novo e por algum momento só quero saber o que fazer. Tiro meu vestido indo até ele e o abraçando por trás, sinto seus músculos todos relaxarem e sua cabeça cair para trás descansando em meu ombro, sinto seu perfume subir minhas narinas, só preciso sentir ele.
   — O que tanto te atormenta? — um suspiro alto é solto e cada vez mais seu peso e depositado em mim. Quando se levanta e volta a sua postura normal passa a mão em seu rosto em frustração. Harry anda de um lado para o outro epara em frente a sacada, escolheu o último andar do apartamento, espero que seja para evitar um tiro surpresa, não que seja para um suicídio.
   — Deixar um filho sem pai — por fim, palavras foram soltas, grave e quase falho. Preocupante.
   — Pensa em desistir?
   — Pensei, muito — seus olhos encontram os meus, é visível a sua tortura. — Mas caso o contrário não viveremos bem. Ainda mais por isso — segura meu colar e o encaro, senta e apoia seus cotovelos nos joelhos. — Achavam que estava morta — sua cabeça descansa em suas mãos — mas acho que descobriram que não, por isso rondam a casa. Não quero isso para meu filho Annástacia, nem mesmo para nós.
   — Vai ficar tudo bem — me aconchego perto do mesmo — é esperto e muito inteligente, saberá o que fazer a todo momento. Não se deixe levar pela emoção, faça o que planejou, não o que não sabe. Não deixe que o ódio te consuma a pôr tudo para baixo, seja neutro, esteja tranquilo. — Sorri com meus olhos fechados, enquanto minha cabeça descansa em suas coxas — seja o homem mais temido e lembrado como seus avós e pai foram.

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