Capítulo 24

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  Depois de Cristal e Mary ter arrumado as básicas coisas para levamos, estamos a caminho do apartamento, depois de amanhã chegará o resto das nossas bagagens e só estou preocupado com uma coisa, a carta e quem a mandou. Não resta dúvida dos Jones, mas também não resta dúvida de Nick, só preciso descansar e deixar de lado um pouco a minha vida na empresa e focar no meu trabalho sujo. Cristal e Mary são minhas prioridades e não quero as ver como meu pai, ainda mais quem sempre esteve ao meu lado, dá um jeito nos inimigos é um grande passo.
  — Como está se sentindo meu irmão? — assim que sentamos sobre a sala olho em seus olhos e respiro fundo e deito minha cabeça sobre o sofá.
  — Sinceramente? — olho o teto — cansado, exausto, saberia que logo, logo tentariam algo, não me importo com a casa, me importo com vocês — a encaro — seria realmente seguro ficar aqui? Não sei se estou no controle como antes, sei que devo acabar com todos, mas também sei que nunca ficarei em paz. Mesmo se tentasse sumir — suspiro passando a mão no meu rosto.
  — Harry, não tem outro lugar mais seguro do que aqui — por que isso me lembra Annástacia? — sei me defender, não se preocupe, mas tente manter a sua paz interior, descanse, desabafe. Cuide de si e da sua mente, quando estiver pronto. Saberá o que fazer — sorriu, faz carinho no dorso da minha mão e se levanta, segurando sua bolsa e subindo as escadas. Olho ao redor do lugar e suspiro, pego na garrafa lacrada de uísque e vou a caminho do meu quarto me trancar lá. Aviso a Suzana que por si só pode resolver as coisas da empresa e que passarei um tempo inativo, foi apenas uma semana de trabalho e já me sinto tão acabado, preciso cuidar de algumas coisas antes das séries de viagens e trabalho pesado e exaustivo de verdade, preciso está fora da empresa, Suzana cuida por mim e me alerta de tudo, assim como fez por três meses seguidos. Deixo apenas a caixa de mensagens disponível para coisas importantes. Depois de um banho, encho um copo de bebida e olho para o relógio, hoje não irei visitar Anna, irei apenas me infiltrar em algum livro, ou na bebida; quatro seguranças estão aos redores do apartamento, no último andar olho para o por do sol. Realmente essa vista é maravilhosa. Deixo a bebida de lado e resolvo não pensar sobre a casa ou o prejuízo, ponho uma blusa de frio e desço as escadas. Vejo que Mary e Cristal conversam na sala que agora é iluminada pelo alaranjado do sol.
  — Vou trazer algo para o jantar, ok? — ambas concordam e continuam a conversa.
  — Irá visitar Anna? — uma pontada de arrependimento me bate, mas algo me diz que hoje não é o dia. Apenas nego com a cabeça e seguro nas minhas chaves. Resolvo caminhar, então não desço para o estacionamento. Ando pelas ruas frias de Londres, sei para aonde ir, está acontecendo bastante evento e preciso sair da minha rotina se quero ver alguma mudança na minha estima, preciso sair da pressão para pensar com clareza, posso estar vulnerável, mas ainda sou o mesmo Harry, e não vou deixar passar barato. Mais alguns pés, visualizo o grande teatro, o mesmo que assisti a Charlie Chaplin com Anna, o meu objetivo aqui não era lembrar esse bom momento, por mais que seja ótimo, é apenas ver alguma palestra ou alguma peça. O grande objetivo da noite é apenas não ficar em casa a deixar os pensamentos me matar aos poucos e vendo que hoje se trata de uma palestra, fico curioso pelo assunto, cerca das sete da noite e tenho uma hora e meia para voltar com o jantar, e mesmo sair por uma hora e meia, talvez possa mudar minha noite.
  — Boa noite a todos — começa — hoje todos nós, estamos aqui por um grande motivo, sim? Vamos se dizer que uns veio por recomendação outros por curiosidade, e outros por não ter o que fazer. Mas hoje iremos falar de um assunto, um pouco que, confuso, vamos se dizer. A solidão. Em algum momento da sua vida você já se sentiu sozinho e por esse motivo, você já se sentiu triste, muitos passarão a sua vida só, mas, sabia que a solidão não é ruim? Muitas pessoas que tem vários amigos, também tem seu momento de solidão! Há, mas a solidão não é só quando somos pessoas sozinhas? Se você levar para esse lado sim, mas a solidão é nossa amiga, é na solidão que aprendemos a crescer, a viver, e muitas vezes quando nossos "amigos" nos deixam, recorremos a quem? A nossa velha e boa amiga solidão, aprendemos com a vida junto com ela, então não pense que ela é apenas um lado ruim da vida, porque sempre estamos sozinhos, crescemos sozinhos, tiramos notas boas sozinhos, procuramos o primeiro emprego, sozinhos. — Conta nos dedos enquanto anda de um lado para o outro e o acompanho, era realmente para mim isso ou estou desmoronado pelo cansaço? — Por que ficar só é ruim? Então a partir dessa pequena palavra antes do grande início da nossa palestra, olhe a solidão como a sua amiga. Vamos começar?

  No mercado a procura de comidas para o jantar e o café de amanhã, tenho todas as palavras da palestra de hoje na cabeça e vamos se dizer que fiquei leve, mesmo sem desabafar com ninguém, acho que boas palavras são melhores que soltar más palavras para outra pessoa, não preciso desabafar, só eliminar. Pago tudo e seguro as sacolas, penso muito pelas ruas até chegar no apartamento, longe vejo o carro de Dallas. Enquanto a casa não estiver pronta e nova novamente ficaremos aqui, é até bom que não descobrem onde estou.
  — Ah, que bom que chegou! — Cris vem até mim me ajudando com as sacolas, tomo um copo d'água enquanto a ajudo a guardar tudo e Mary pega alguns ingredientes para o jantar. — Joe me avisou que Dallas ordenou que quatro deles ficassem perto do hospital, acham que tem alguém entre nós que passa informações para os inimigos — com essa nova informação concordo com minha irmã e subo direto para meu quarto. Não sabiam onde morava, não sabem que Anna está viva, sim, pode haver um impostor entre nós. Mas quem?

De volta a vida -  Livro 2Onde histórias criam vida. Descubra agora