Capítulo 50

1.1K 86 1
                                    

  Depois de fazer tudo o que Harry pediu no seu computador, suspiro me deixando relaxar alguns minutos na sua cadeira, a sala escura me fez lembrar da última vez que estive aqui. Sorrio com os pensamentos e me viro olhando a vista maravilhosa de Londres a ficar escura. Por mais alguns minutos de paz sem pensamentos.
  "Como que a polícia não acha pessoas como nós? Em quantos arquivos estamos nas pastas das delegacias? Devem ter pessoas morrendo de estresse, dedicando sua vida para descobrir crimes de pessoas que estão andando ao seu lado! Harry vive duas vidas, uma que foge da mídia a todo tempo, consequentemente foge da polícia, e outra que está tão envolvidos com eles, o mundo da máfia é louco, estamos colocando um plano em prática, algo muito grande para não ser descoberto pela polícia, mas mesmo assim, os dois lados pensam um no outro mesmo sendo inimigos. Marcam um local para brigarem? Para discutirem e trocarem tiros, só para a polícia não saber do trabalho sujo dos dois? Isso é loucura demais, como pessoas vivem no meio de nada em uma casa tão imensa e ninguém desconfia dessa família?".

   Deixo a bela vista e seguro na minha bolsa, ao passar pela porta de vidro escuro Henry me acompanha.
   — Harry ficará ausente durante um período. Pediu para que adiasse as reuniões mais distantes, as reuniões que estão prestes a acontecem mande para o email dele e não aceite nada sem a autorização dele. — Olho a moça sentada — avise a Suzana que quero ter uma conversa com ela. Amanhã mesmo as duas da tarde, sem falta — agradeço a moça sentada e desço pelo elevador principal e não pelo elevador particular. Dentro percebo que Henry me encara.
   — Do que suspeita? — sua voz me fez o olhar.
   — É um bom observador — como percebeu minhas ações em poucos minutos? Talvez seja por isso que Harry se interessou por ele. — Suzana é uma mulher que trabalha com Harry há tempos, mas para mim, ela não parece uma simples secretária, nunca está quando Harry não está ou muitas vezes pelo menos nas que vim não estava e se ela for uma informante? Harry chamou Úrsula para o ajudar e Suzana se desafogar mais dos trabalhos gigantes dele, Úrsula não só cuidava da empresa, mas Suzana, sim, ela não sabe de nada dos trabalhos sujos, ou é o que achamos — os olhos do rapaz para mim me avisam que também pensa na possibilidade. Caminhamos pelo hall, onde vários trabalhadores caminham de um lado para o outro. Dou um 'boa noite' para a mulher que antes queria me barrar e já vejo Dantas a nossa espera, observando que de longe, há dois homens. Dois homens muito conhecidos por mim, me lembro bem de cada rosto. Entro no carro querendo não alarmar que os vi. Mas também percebo o desconforto de Dantas.
   — Nos seguiram desde que saímos de casa? — assim que falo, percebo que ele percebe que os vi, o mesmo suspira dando partida e me olha pelo retrovisor.
   — Provavelmente — respiro fundo, tentando acalmar os meus nervos. O caminho todo fui atenta para ver se o carro nos seguia, mas não estavam atrás de nós, se estão aqui, estão por toda a parte, não me faz pensar que também tenham um plano ou um novo ataque. Chegando em casa subo diretamente para meu quarto, tirando o casaco pesado de mim e os saltos dos meus pés, prendo meus cabelos soltos num rabo de cavalo e percorro o caminho até o quarto de Harry, quando entro, vejo que está sentado com um livro à mão.
   — E então? — seus óculos é retirado e o livro posto a cama.
   — E então que estamos sendo observados — Harry tem suas sobrancelhas franzidas. — Pelos franceses — me sento. — Tem homens por toda a parte e suspeito de um segundo ataque contra nós. Nos observam e tenho certeza que esperam um vacilo apenas. — Suspiro — não se preocupe. Tomaremos cuidado — ouço seu suspiro enquanto minha mão está no seu rosto. Seus olhos ne encaram e parece torturado. Como se por um momento perdeu o controle.
   — Os armamentos?
   — Está tudo em ordem. Só precisaremos do técnico. Três dos seus tios viajaram para a França, os carros já estão num antigo galpão, as roupas também estão prontas e os armamentos serão enviados para o galpão. Amanhã também farão uma observação e logo voltaram para que possamos atacar.
   — Não podemos deixar nada disso sair daqui. Os franceses não podem saber de nada.
   — Não saberão.

~*~

   Ando de um lado para o outro enquanto Henry me avisa de mais duas aparições de dois homens. Harry dorme e me sinto eufórica. Shawn e Arthur falam e falam no meu ouvido e estou a ponto de explodir e mandar todos a merda.
   — Acontece que estamos a ser observados! — os olhos dos homens sentados na sala vieram para mim, olho Mike e Cristal. — Há franceses por todas as partes, a observar-nos, um deslize, um mero deslize podemos botar o plano todo por água abaixo. — Observo cada alma sentada a minha frente. — A cada esquina tem um verme e podem estar planejando algo para nós, do mesmo jeito que planejamos para eles. Não digam nada, nada saí daqui tudo e todos podem ser da laia deles. Até mesmo os vizinhos podem ser informantes, nada! Nada saí daqui — me sento a poltrona. — A cabeça de tudo está lá encima, se remoendo de dor, porque com certeza Gibson pode estar junto com eles. Esse papinho de pazes para saber os planos de Harry não nos engana. Onde está Débora
   — Não sabemos — Cris se pronuncia — mas não digam nada se tiverem contato. Desde que veio aqui antes de Anna acordar esses homens estão na nossa cola. Bem antes de explodirem a casa do Harry. Não temos aliados apenas inimigos. Somos a nossa própria chance.
   — E não iremos jogar fora. — Todos concordaram. — Somos em treze aqui, trinta e três ao todo. Mike vocês têm os seus homens. Teremos que juntar boa parte deles para ir conosco.
   — Não se preocupe, boa parte está com Albert e os outros, fazendo a varredura da rotina dos vermes.
   — Isso é muito bom, irei subir, descansar um pouco — me levanto — boa noite a todos. — Antes que houvesse uma resposta já estou no último degrau da escada, caminho para o quarto de Harry, por um momento quero me sentir a Anna a está nos seus braços e quando estava e senti que me agarrou a ele, foi a melhor sensação. Por um momento, eu me senti a Anna de oito meses atrás a Anna a ter medo, a Anna a querer apenas a segurança de Harry, a sua menininha. 

De volta a vida -  Livro 2Onde histórias criam vida. Descubra agora