Capítulo 33

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   Assim que coloco o pé no apartamento que aluguei, já estou indo a caminho do meu quarto para trocar a roupa e me encontrar com Marcos no restaurante, se tudo correr como apenas uma pequena conversa e um jantar, ainda hoje poderei passar em algum dos clubes daqui, França por mais que tenha um ar romântico, muitas pessoas também gostam de jogar. Calço as minhas botas e arrumo a gola da camisa listrada que visto, pronto para sair novamente do apartamento vou ao corredor esperar o elevador e assim que saio cumprimento com um 'boa noite' a senhora que também saiu pela porta em frente a minha, ambos fomos esperar o elevador e sua voz me pegou de surpresa
  — Você é o rapaz das joias, não é? — sorri pequeno olhando para ela. 
  — Sim, sou — o elevador chegou e entramos no mesmo — inclusive esse colar é da linha do ano passado.
   — Meu marido que me deu, tens um ótimo gosto! — a voz desgastada solta uma gargalhada rouca.
   — Não só eu, seu marido também — me despeço da senhora assim que saio para um lado e ela para outro, passando pelo porteiro não deixando de cumprimentá-lo com um aperto de mão, entro no carro que logo entra em movimento e só basta esperar a chegada. Seguro no meu celular para pedir os documentos que haviam acabado de chegar do clube para Suzana. Pretendo checar todos os valores antes de ir para um deles.

   Quando Henry para o carro em frente ao restaurante, sou acompanhado até entrar, pois uma pequena multidão está de frente, não sabemos o que acontece, mas de repente tem alguma celebridade por aqui, bom que os holofotes não vêm para mim.

   O jantar ocorreu bem, assinamos papéis e combinamos de nos encontrar amanhã para o desfile, agora tudo estará certo na viagem e os lucros seriam doados às instituições de caridade, o que me deixa com um peso a menos nas costas. Novamente no carro  agora em direção ao Clube Encantamento.

"Eu acho melhor não me ameaçar, não sabe com quem está mexendo". C.

   Dou um sorriso largo, pois costumo receber esse tipo de ameaça e vamos se dizer que é uma pitada de pimenta na minha comida, não posso evitar sorrir, aliás, isso não me afeta em nada. Isso é um chute de criança na canela? Acho que não, o chute dói mais.

":)". H.

   Demora muito a viagem até o clube, sair do sul da França para o norte é um bom caminho para pensar, e os pensamentos nunca são os melhores, penso em Anna como na metade do meu tempo, poderíamos estar aqui, ela poderia estar me tirando dos negócios, eu estaria bravo por pensar nisso, mas era uma escolha boa, me ajudava a não estar sobre carregado com tantas coisas de uma vez, mas pensando bem se ela estivesse aqui, não estaria me importando tanto e não teria enxergado que o meu amor por ela é maior do que pensava.

   Por fim a viagem acaba e já entramos na pequena vila, à única coisa que ilumina a estrada são as luzes em neon do letreiro.
   — Fique Henry — o rapaz me dá uma olhada e um aceno, saio do carro a caminho da entrada do lugar, dois seguranças me cumprimentam e abrem à porta para mim, Donna já vem em minha direção com seu vestido grudado ao corpo e decote exagerado, sorri mais largo a cada passo que dá.
   — Senhor Vitsky, milagre estar por aqui! — nos cumprimentamos com dois beijos nas bochechas.
   — Milagre, assim como surgi já estou de saída, avise Roland que estou aqui, para checar a contabilidade e ver como estamos a produzir. — Enquanto a mulher caminha para avisar o homem, dou uma volta pelo lugar adentrando a sala principal, onde várias garotas dançam e pessoas jogam, me sento em uma mesa vazia e observo uma coisa que me chama atenção, conheço essa pessoa, quase me esqueci dela!
   — Quando me disse que trabalhava em um lugar que por um acaso odiava e era só porque não tinha algo melhor, não sabia que falava do meu clube.
   — Quando me disse que era um homem de grandezas, nunca pensei que falasse, disso — olhou ao redor e rimos.
   — Sente — olho em seus olhos.
   — Não posso, receberei reclamações do senhor Roland.
   — Ele é sei chefe e eu sou chefe dele, sente-se — a mesma parece muito envergonhada, já que suas bochechas tomam um tom avermelhado. — Tive uma ideia aqui e agora, mas antes que eu fale. Diga-me como foi sua vida desde que nos vemos — Úrsula se senta pouco confortável, mas logo relaxa e suspira.
   — Bom, fui despejada por não pagar o aluguel, minha mãe ficou doente e me encarreguei de cuidar dela quando nem mesmo liga para mim, e bom os remédios são caríssimos. Não sabemos se ficará internada e com certeza, farei bastantes horas extras — não sei se dá risada de vergonha ou desespero, mas sorri pequeno e olha os dedos encima da mesa, enquanto a bandeja está ao seu lado — consegui ficar na casa de uma amiga, não quero ter que dividir a casa com minha mãe e seu novo namorado que, na verdade, terminaram, não quero dividir com ela — parece triste.
   — Você é muito bonita — a mesma cora.
   — Nem me conhece direito.
   — E não preciso. O pouco que vi já é o bastante — da um sorriso pequeno e envergonhado. — É bonita, tanto por fora quanto por dentro — sorri para ela — o fato de ajudar sua mãe quando ela nem liga para você, perdeu sua casa... admiro sua atitude, no seu lugar outras pessoas deixariam ela morrer.
   — Faço porque sei que ela não teve culpa da metade das coisas que ocorreram comigo. — Suspira — mas também, por que é minha mãe, poxa! — torce os lábios — não quero ver à única pessoa que sobrou da minha família, a sete palmos abaixo da terra.
   — Você que cuida dela? Ou só paga seus remédios?
   — Só pago, ela não aceitou nenhum tratamento meu — olho em seus olhos vendo a tristeza, assim como eu, queria uma aproximação com a mãe. Pelo canto dos olhos vejo que Roland já está à porta a minha espera.
   — Quero te fazer uma proposta, compreendo se não aceitar. — Antes que falasse fomos interrompidos.
   — Úrsula, não deveria está aqui, vai servi outros clientes.
   — Ma...
   — Agora!
   — Não fale assim com ela, eu pedi para estar aqui Roland. Por que não espera para que possa acabar a conversa com ela? — o mesmo me olha e fito seus olhos. Respira fundo olhando a mesma e logo em seguida dando as costas para mim. — Como eu estava falando. O que acha de ir comigo para Londres?

De volta a vida -  Livro 2Onde histórias criam vida. Descubra agora