CINCO

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Uma semana. Por uma semana me deixaram trancada sem poder ver a luz do dia ao menos para comer. Uma enfermeira cuidou em trazer cada alimento por sete dias.
Estou sentindo que posso enlouquecer de verdade, a cada vez que me olho no pequeno espelho vejo-me pior. E tudo fica ainda mais sujo quando penso na minha família.

- Hora do café!

Levanto-me da cama e calço meus tênis, seguindo para fora do prédio. O céu está cinzento e as nuvens carregadas, sinto meu queixo começar a tremer com o frio intenso, e pelo que parece está perto de chover.
Caminho em direção ao banheiro sozinha, o pátio é cercado por atiradores devidamente treinados para qualquer imprevisto, então não precisamos de babá para andar aqui dentro.

Ao entrar no banheiro, tiro logo minhas roupas e entro embaixo do chuveiro após ligá-lo. Não tive direito a banho, não me deixaram sair nem para fazer minhas necessidades, por isso eu estava imunda e enojada.

Quando acabo, coloco roupas limpas e penteio meus cabelos, deixando-os soltos.

Levo um susto quando Isabella Cooper surge de repente, sorrindo de um jeito estranho.

- Até que enfim apareceu, ficamos preocupadas.

- Não me deixaram sair do quarto, eu surtei na primeira consulta. - Explico resumidamente.

- Espero que esteja melhor.

Sorrio amarelo, e fico a observando quando seu rosto começa a mudar de cor. Seus olhos ficam presos em algo atrás de mim, e não preciso pensar muito quando aquele guarda passa por nós duas e entra no refeitório.

- Você gosta dele? - Sou direta.

- De quem? - Me olha, parecendo assustada.

- Do guarda. É a segunda vez que percebo você olhar para ele de um jeito diferente.

Ela olha ao nosso redor e se aproxima mais de mim, suspirando devagar. Um sorriso começa a surgir em seus lábios bonitos e rosados.

- Eu gosto, ele sempre foi tão gentil comigo... - diz como uma boba apaixonada.

- Você sabe que tem que ter cuidado, não sabe?

- Ele não me faria mal, Scarlet, está tudo bem. Além do mais, ele é o único que acredita que um dia eu posso sair daqui e ter uma vida normal.

Fico incomodada pela forma que ela me chama, pensando no motivo que leva todos a falarem este nome.

- Eu também acredito - digo.

- Obrigada! - Sorri, fervorosa. - Vamos?

Aceno com a cabeça e seguimos para dentro do refeitório que está cheio. Não pegamos fila, todos já estão sentados, então pegamos nossas bandejas e nos direcionamos para onde Amelia e Katherine estão.

- Pensei que tivesse morrido de tédio trancafiada naquele quarto.

Olho para a mulher irritante e muito bonita à minha frente. Ela mantém um sorriso perverso enquanto olha para mim de forma ruim, como se esperasse me ver perder a cabeça.

- Se você não morreu quando ficou, por que eu morreria?

O sorriso dela some, e em silêncio, ela pega sua garrafa de suco e bebe, como se tivesse engolindo a própria raiva.

- O que aconteceu? - Amalia pergunta sem me olhar.

- Nada importante.

Respiro fundo e coloco as mãos no rosto, massageando as têmporas. Nos últimos dias tenho me sentido mal.

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