QUATORZE

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A primeira coisa que fiz quando cheguei em casa foi jogar os nomes da família de Scarlet... digo, Samantha Patterson no google. É difícil acreditar que isto esteja acontecendo bem embaixo do nosso nariz. Pelo que soube no restante da consulta, ela e a família viviam em Miami, enquanto o tal Jack Bailey vive em Los Angeles, na Califórnia.

Família é morta pela própria filha em Miami, na Flórida. Samantha Patterson sofria com doenças mentais graves desde pequena. Ela assassinou o pai, a mãe e a irmã mais nova, de apenas doze anos: Nathan, Anastasia e Charlote Patterson.
Além dos pais, ela é culpada pela morte de Charlie Davidson e Ella Armstrong, duas jovens de Los Angeles, Califórnia. O motivo do assassinato das cinco vítimas fora por ciúmes de seu amante, Jack Bailey, investigador criminal também de Los Angeles.
A jovem permanece presa em um local desconhecido para todos, os jornais não puderam divulgar o endereço.

É chocante como tudo parece real. O cara não brincou em serviço, mudou tudo a seu favor tão facilmente, calou tantas pessoas para criar tamanha mentira. Não sei o que pensar sobre isto. Mas, é o nome verdadeiro dela que está ali.

Sou interrompido pela campainha que toca duas vezes seguidas. Levanto-me da cadeira e caminho até a porta, vendo minha namorada pelo olho mágico. Respiro fundo antes de abrir, e ao contrário do que pensei, ela entra sem me beijar ou sorrir.

- Tudo bem? - Olha ao redor e depois para mim, que fecho a porta.

- Eu sim, mas você... - Cruzo os braços.

Ela suspira e brinca com os dedos antes de soltar um riso. A conheço muito bem para saber que quer me contar algo, mas está desconfortável.

- Está com fome? - Ela nega. - Sede?

- Não, não quero nada, Oliver, apenas conversar.

- Certo... então comece.

Vejo-a suspirar mais uma vez e balançar a cabeça com os olhos brilhando.

- Eu quero terminar.

Ok. Hã... tudo bem que eu não a amo, mas foi um choque para mim ouvi-la dizer isso. Nós dois não aguentaríamos muito mais tempo, mas eu não estava preparado.

- Por quê, Kristen? - Franzo o cenho. - O que aconteceu?

Seu rosto se contorce com o início de um choro e ela gesticula nervosamente com as mãos.

- Não finja que não sabe, Oliver! Você nem ao menos me ama, nós dois fracassamos - fala alto.

- E você, me ama?

Ela seca um lado do rosto e cruza os braços, olhando para o chão.

- Amo. - Fecho os olhos. - Mas eu mereço muito mais que isso, muito mais que um amor meia-boca.

Aceno devagar e olho para ela, sabendo que não devo fazer nada além de deixá-la ir.

- Você tem razão - concordo, - eu não te amo mais, Kristen, nós dois nos perdemos no meio do caminho.

- Não, você se perdeu, eu sempre soube onde quis estar, mas agora tenho outros planos. Não aguento mais ser trocada por trabalho ou qualquer outra coisa.

Não digo mais nada, não tenho o direito. Se ao menos eu tivesse alguma razão, mas não tenho, então apenas fico em silêncio.

- Estou de mudança amanhã, já decidi o que vou fazer da minha vida e percebi que o melhor seria colocar um ponto final em nós. Então... acabou, Oliver. Obrigada por tudo, nosso começo foi ótimo, mas não era para ser. - Sorri, mas não parece feliz.

- Espero que me perdoe, eu odeio fazer isso com você - digo.

- Não, tudo bem, eu vou encontrar alguém, mas não agora, não estou preocupada com isto, quero apenas estabilizar minha vida. Hã... vou indo, então.

Abro a porta para ela, mas antes que passe, a puxo para um abraço. Ela se aninha em meus braços e chora, seu corpo balança, escondido em mim. Beijo o topo de sua cabeça e a afasto de mim, segurando seu rosto e secando-o em seguida.

- Eu te amo, Kristen, mas não da maneira que precisamos. Você é linda e forte, quero que você seja muito feliz, entendeu?

Ela aperta os lábios e sorri, acenando freneticamente.

- Obrigado por me amar. - Grudo nossos lábios em um selinho longo, como despedida. Solto-a logo depois.

- Adeus. - Dá passos para trás.

- Adeus.

Pude ver o último fio de esperança se dissipando em seu rosto, mas eu não podia fazer isso com ela, não podia prendê-la aqui e escondê-la do sucesso se nem a amo. Fui injusto por muito tempo, mas não seria mais.

Ela me dá as costas e vai embora, mas desta vez eu tinha certeza que não voltaria nunca mais.

▪️

Depois de me recompor do choque, voltei ao que estava fazendo. Eu sabia que sentiria falta de Kristen, mas não passaria disso.

- Alô? - A voz do outro lado atende.

- Evan, sou eu, Oliver Gutierrez.

- Oliver! Quanto tempo! Você sumiu, o que aconteceu? - Parece animado.

- Estive ocupado. Você pode me fazer um favor?

- Ah, claro! Você nunca liga porque sentiu saudades do seu velho primo. Do que precisa?

- Preciso que investigue o aeroporto de Los Angeles e procure por Jack Bailey. Ele fez uma viagem para Miami há mais ou menos três meses.

- Certo. Só isso? - Pergunta.

- De lá, ele foi para algum lugar com três pessoas. Pai, mãe e filha pequena. Essas pessoas estão correndo perigo, me ajude a descobrir o que aconteceu com elas. Estão usando nomes falsos, provavelmente, mas são Anastasia, Nathan e Charlote Russell. - Explico. Bem, mais ou menos.

- Caramba... No que foi que você se meteu, cara?

- Longa história, vou te explicar tudo depois, mas agora preciso que me ajude com isto. Jack Bailey deve ter tentado apagar os rastros, como se não tivesse ido para Miami.

- Pode deixar comigo, não é a toa que sou da polícia. Assim que tiver novidades te ligo. Boa noite.

Ele desliga. Jogo o celular sobre minha cama e encaro a tela do computador, vendo as fotos das vítimas. Respiro fundo e passo uma das mãos sobre a barba, como mania.

- Você parece esperto, Jack, mas eu sou mais.

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