VINTE E SETE

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Olho para o relógio em meu pulso, checando as horas

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Olho para o relógio em meu pulso, checando as horas. São exatamente onze e dois da noite, e já faz um minuto que Samantha disse que pegaria algo e não voltou.

— Eu já volto, preciso ver se minha amiga está com dificuldades lá atrás. – Sorrio para a mulher paciente do caixa.

— Tudo bem, funcionamos a noite toda. – Ri, simpática.

Saio dali e procuro por todo o supermercado, mas não a encontro. Vejo uma porta nos fundos, onde adesivos indicam a saída de emergência. Caminho até ela, abrindo e olhando a escadaria que se seguia pelo lado esquerdo.

Ela sumiu.

Dou um passo para trás e pego meu celular, mas antes mesmo de desbloquear a tela, vejo sangue no chão. Não muito, apenas cinco gotas pequenas e ainda molhadas.

— Que merda! – Murmuro.

Desço a escadaria à minha frente em uma velocidade recorde, batendo na porta de lata que indicava a saída para a rua. Saio nos fundos do supermercado, não vendo nenhum sinal de que alguém passou por aqui.

Ligo para o Sr. Cornell, andando de um lado a outro sem parar.

Alô?

— Cornell, aqui é Oliver Gutierrez. Samantha desapareceu.

Como desapareceu? Onde você está? – Parece irritado.

— Estou em um supermercado, ela disse que ia pegar algo para comer e não voltou. Encontrei sangue fresco no chão e algo me diz que é dela. – Bagunço meu cabelo, puto.

Não saia daí, algumas viaturas estão indo checar. Qual o endereço?

Dou o endereço a ele e encerro a chamada, apertando o aparelho como se pudesse quebrá-lo.

— Porra!

▪️

Com o indicador na frente da boca, observo alguns policiais investigarem o sangue no chão. Eles coletam o necessário dele para examinarem, mas tenho certeza que não é apenas coincidência ter sangue e Samantha no mesmo local.

— Ela viu ele – comento.

O chefe me olha e franze o cenho, parando ao meu lado com as mãos na cintura.

— O que disse?

— Samantha. Ela viu o tal Jack Bailey, ficou estranha e do nada decidiu que queria comprar alguma coisa, já estávamos no caixa e eu já havia perguntando se ela queria algo, mas ela negou.

— Vamos encontrá-la, doutor, não se preocupe. Samantha é esperta e muito inteligente, não vai deixar que ele a machuque. – Tenta me deixar confiante.

— Ela não foi com ele por vontade própria, e uma pessoa desacordada não pode se defender. – Bufo, ainda mais irritado.

—  Mantenha a calma, meus homens vão encontra-la. Estamos nos preparando para uma possível ligação, ele pode tentar entrar em contato conosco. Por enquanto, não temos muito o que fazer, já estamos fazendo o possível. Conseguimos câmeras de segurança das ruas por onde ele pode ter passado, não acredito que ele deletou alguma filmagem, não deu tempo.

Esfrego meu rosto e respiro fundo, ansioso. Odeio não ter o controle da situação, odeio não poder fazer nada, não saber onde ela pode estar com aquele psicopata dos infernos.

— Senhor! – Um dos policiais se aproxima, chamando nossa atenção. — Uma das câmeras de segurança filmou algo, o senhor precisa dar uma olhada.

Philip Cornell se apressa para ir até as instalações que fizeram na frente do supermercado que agora está fechado. Eu, obviamente, os sigo.
Um vídeo se reproduz no notebook que está sobre um apoio pequeno, específico para este tipo de trabalho. A imagem está ruim, mas é possível ver um homem carregando uma mulher em um dos ombros, e como eu temia, desacordada.

— Foque o rosto do homem! – Cornell ordena. — Maldito, é mesmo ele. Homens! – Grita. — Samantha Patterson está nas mãos de um assassino, vamos atrás desse desgraçado. Chamem reforços, fechem as saídas da cidade, impeçam qualquer avião de voar nas próximas horas, precisamos encontrá-los a qualquer custo! Vamos! – Ele se volta para mim e bate em meu ombro direito. — Volte para o hotel, não tente bancar o herói, não podemos colocar a vítima em um risco maior do que já está.

— Tudo bem – concordo, sem pestanejar. — Entendo que é o trabalho da policia, mas assim que tiver alguma noticia, não hesite em me informar. Qualquer coisa.

Ele acena com a cabeça e corre para uma das viaturas, que saem em disparada para todos os lados.

Respiro fundo, caminho até minha caminhonete e entro, me debruçando sobre o volante antes de socá-lo algumas vezes.

— Puta que pariu, Samantha!

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