DEZOITO

80 8 0
                                    

Eu estava deliciada com o café que descia por minha garganta. Oliver fez questão de comprar um para mim enquanto eu estava no banho.
Meus cabelos estão molhados, sinto meu corpo cansado ainda, mesmo que esteja um pouco mais relaxado. O cheiro de sabonete me deixa aliviada, eu precisava tanto disso.

— Eu assinei tudo para sua soltura, você não deve nada à justiça, a não ser depoimento. – Oliver me explica o que já sabia, encarando a tela de seu notebook.

— A esta altura Jack já está sabendo que fui liberada, isto não é bom. – Suspiro, batendo os dedos no copo de plástico.

— Ele não vai fazer nada contra você, não fisicamente. Ele não sabe onde você está e será vigiado.

Sento-me no único sofá da sala e me perco em meus pensamentos. É maravilhoso estar livre, fico feliz que possa fazer algo agora.

— No que está pensando?

Olho para o lado e vejo Oliver ainda em sua cadeira giratória, mas virado para mim. Ele está de camisa esportiva e moletom, tão casual e sexy, fica melhor assim do que com o costumeiro jaleco.

— Preciso partir amanhã logo cedo, não posso perder tempo – digo.

Nós precisamos partir, não vou deixar você se arriscar tanto sozinha por aí.

— Eu fui imprudente ao pedir sua ajuda, não deveria. Você não tem que me ajudar, Oliver, já fez muito por mim, mais do que qualquer pessoa poderia fazer. – Sou sincera.

— Eu vou, você querendo ou não. Inclusive, já pedi licença na clínica e preparei minhas coisas para viagem.

Seguro o sorriso que quis se formar, fechando os olhos e respirando fundo antes de voltar a olhá-lo.

— Coisas para viagem? – Ergo as sobrancelhas.

Ele dá de ombros e se levanta, estendendo a mão para mim.

— Veja você mesma.

Aceito sua mão e o sigo por um corredor pequeno, entrando na primeira porta à direita.

Seu quarto.

Vejo duas mochilas pretas em um canto, achando engraçado que ele tenha feito mesmo isso.

— Isto também será útil – diz, ao meu lado.

Olho para seu rosto, franzindo o cenho e descendo para sua mão estendida. Arregalo um pouco os olhos e abro a boca em uma exclamação de surpresa.

— Todo homem que se preze tem uma arma em casa, além disso, eu já lhe disse sobre saber atirar. Sei muito bem. – Me olha.

Estreito os olhos, analisando seu rosto indecifrável.

— Você é cheio de surpresas, doutor Gutierrez – murmuro, pegando a arma de sua mão. Estendo o meu braço para testar minhas habilidades e posições para atirar. Eu sou ótima. — Bela arma – digo.

Ela é toda metalizada, consigo me ver nela. Incrível!

— Tenho mais de onde veio esta.

— Estou começando a achar que você se infiltrou no manicômio para me investigar. – Olho para ele, que abre um sorriso grande e bonito.

— É uma pena que tenha descoberto tão cedo, acabou com toda a diversão. – Finge aborrecimento, puxando a arma de mim e guardando novamente.

Ele coloca as mãos nos bolsos do moletom e dá passos calmos até a porta, me olhando de um jeito que sei o que quer dizer.

PSICÓTICAOnde histórias criam vida. Descubra agora