VINTE E CINCO

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Mal chegamos ao hotel e eu me preparei para sair novamente.

— Oliver, vou até a farmácia que vi aqui perto, não demoro – informo.

Ele me olha e franze o cenho, parecendo pensar se é uma boa ideia.

— Não quer que eu vá com você?

— Não há necessidade, serei rápida. Você precisa de alguma coisa de lá? – Refaço meu rabo de cavalo.

— Não, estou bem. Vou ligar para o meu primo, ele vai me dar notícias da sua família.

— Está bem. Eu já volto.

Deixo o quarto e o hotel, seguindo pelo lado esquerdo da rua. Haviam pessoas circulando por ali, mas o bairro parecia calmo e vazio.

A farmácia estava a duas esquinas, então apressei meus passos e segui caminho, nunca deixando de olhar para os lados.
Não demorei para alcançar o estabelecimento, entrando e sentindo o perfume de algumas fragrâncias que estavam enfileiradas na primeira prateleira. Caminho até o balcão do fundo e retribuo o sorriso que a atendente me dá.

— Bom dia, posso ajudar você?

— Pode. Preciso de uma caixinha de pílula do dia seguinte com dois comprimidos, por favor.

Ela me dá as costas por alguns instantes, indo diretamente até o remédio e pegando uma caixa pequena, de cor branca.

— Obrigada – agradeço.

Volto para a saída, parando no caixa onde pagaria por minha compra. A outra atendente checa o código do remédio e o coloca em uma sacola pequena.

— Três dólares. – Me olha.

Pego a sacola e dou o dinheiro, recebendo meu troco, o qual guardo de volta ao bolso traseiro da calça.

— Volte sempre. – Ela sorri.

— Obrigada.

Puxo a porta de entrada e saída e abro a caixa de remédio antes mesmo de pisar na calçada, tomando a primeira pílula a seco.

Olho para o lado direito, checando se não havia nenhum carro vindo em minha direção, porém, quando volto a olhar para frente para atravessar a rua, vejo alguém que me faz congelar no lugar.

É ele.

O sorriso que está em seus lábios é terrível, então dou um passo para ir até ele, mas sou puxada do meu pequeno transe quando um ônibus passa em minha frente, fazendo meu coração acelerar pelo susto.
Quando o transporte passa, não o vejo mais na esquina, então olho para todos os lados para ver se consigo encontrá-lo, mas não consigo.

— Droga! – Sussurro.

Saio logo dali, voltando para o hotel rapidamente. Jack já sabia sobre meu paradeiro, mas queria brincar comigo, me assustar. Bem, ele não teria sucesso, se era o que estava pensando.

— Foi rápida. – Oliver diz assim que me vê passando pela porta.

— Eu disse.

Deixo a sacola sobre a cômoda que havia ali e respiro fundo, tirando meus tênis e minha calça, não me importando com o olhar do doutor sexy sentado em uma das camas.

— Você está estranha. Aconteceu alguma coisa? – Franze o cenho.

— Não – respondo imediatamente. — Só estou um pouco preocupada, Jack está muito quieto – minto.

Agora eu sabia que não, pois havia acabado de vê-lo na rua, mas não contaria a ninguém, não podia. Se contasse a Oliver, ele diria à policia, e não é isso que quero, não agora. Se mais pessoas se envolverem, Jack Bailey irá desaparecer outra vez, e estou louca para que ele venha atrás de mim.

— Cedo ou tarde ele vai aparecer, nem que para isso tenhamos que fazer uma armadilha. – Não desvia os olhos do notebook enquanto diz isso.

— Será que ele cairia? – Ergo uma sobrancelha.

— Depende.

— Depende? – Me aproximo de onde ele está.

— Sim. Você teria que fazer com que ele viesse até você, mas de modo convincente o suficiente, para ele não desconfiar dos policiais.

Mordo o lábio, encarando o nada, pensativa.

— Nem pense nisso, Samantha. Você não vai ficar um segundo sequer com esse cara.

— A policia estaria comigo, escondidos, não aconteceria nada comigo. – Dou de ombros.

— Melhor não, não sabemos do que ele é capaz.

Apóio as mãos no colchão e me inclino até estar perto o suficiente de Oliver.

— Eu sei. Conheço Jack Bailey como ninguém, doutor. – Olho sua boca, depois seus olhos. — Conversaremos com a policia, bolaremos um plano para pegar aquele filho da puta e pronto.

— Você é ótima manipuladora. – Suspira. — Podemos fazer isso, mas com uma condição.

— Qual? – Sorrio.

— Eu vou junto.

— Não precisa dizer duas vezes, Oliver Gutierrez, você iria mesmo se não quisesse. – Mordo seu lábio inferior e iniciamos um beijo delicioso.

Ele fecha o notebook e o afasta, agarrando os fios claros da minha nuca e me puxando para o seu colo. Sinto-o já animado, então o abraço pelo pescoço e deixo que ele se aproveite de cada pedacinho do meu corpo.

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