TRINTA E UM

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O epígrafe de uma nova história já está no meu perfil. IMPERFEITA começará assim que Psicótica acabar, que, inclusive, está na reta final. O que vocês esperam do fim deste livro?
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Tudo está voltando ao normal. Apenas um dia se passou, mas o que eu gostaria de fazer já está feito, ou pelo menos, uma parte está.

— Estava tudo na casa dele.

Grata, pego meus documentos e malas que o chefe de polícia da grande Los Angeles está me entregando.

— Obrigada, Cornell, eu estava mesmo precisando disso. – Suspiro, olhando minha foto de identidade.

— Só fiz o meu trabalho. O que vai fazer agora? – Indaga, cruzando os braços.

— Voltar para Miami, junto da minha família e amigos.

— Se é assim, acho que vai precisar disso. – Puxa algo do bolso, e fico um pouco emocionada por ver o meu distintivo.

— Você o encontrou! – Pego rapidamente, olhando de mais perto. — Não sei como agradecer por tudo que fez, Philip.

— Você já foi injustiçada demais, Samantha, só quis ajudá-la.

— Bem, recuperei todas as minhas coisas, acho que já posso ir – digo, olhando ao redor antes de voltar minha atenção para ele, que estende a mão para mim.

Retribuo o aperto com firmeza, sorrindo com educação para ele.

— Foi muito bom trabalhar com você, detetive.

— Digo o mesmo. Tchau, Cornell.

Ele me solta e sorri, colocando uma das mãos na frente dos lábios.
Dou as costas a ele e saio do departamento de cabeça erguida, feliz por estar livre para recomeçar minha vida.

Assim que coloco os pés na rua, vejo o meu psiquiatra favorito encostado em sua caminhonete. Ele se prontifica assim que me vê, se colocando totalmente reto.

— Como foi? – Pergunta, me analisando.

Estendo uma das mãos e mostro minhas coisas, principalmente meu distintivo.

— Recuperei tudo.

Ele abre um sorriso satisfeito e coloca as mãos nos bolsos da calça.

— Então, acho que você já fez tudo o que precisava por aqui. – Olha para o prédio grande que é o departamento.

— Sim, eu fiz. Preparado para seguir em frente?

Seus olhos escuros voltam para o meu rosto, se demorando um pouco nele. Porém, sua boca não parece dizer o mesmo que aquelas esferas negras quando se abre:

— Estou. Vamos embora.

Sorrio e dou a volta na caminhonete, entrando primeiro que ele.

▪️

O aeroporto está cheio, e só de pensar que não precisarei esperar muito para o meu vôo chegar, fico um pouquinho mais animada.

Oliver se aproxima de mim e olha as duas malas em uma das minhas mãos. Não são grandes, pois quando parti para cá, não tinha a intensão de ficar por muito tempo.

— Quer ajuda? – Aponta para elas.

— Não, acho que dou conta. – Sorrio, um pouco incomodada.

Ele coça a nuca e ri, parecendo sem jeito.

— Eu sou péssimo nisso. Despedidas.

— Entendo. – Lembro de sua história. — Só me dê um abraço.

Deixo minhas malas no chão e dou um passo à frente, abrindo os braços. Oliver me envolve deliciosamente, me tirando alguns centímetros do chão.

— Obrigada por tudo, Oliver. – Meus olhos marejam. — Principalmente por acreditar em mim e aceitar cair de cara nessa bagunça. Você foi muito corajoso.

Ele acaricia minhas costas e me aperta ainda mais.

— Na verdade, foi um jogo para seduzir você.

Nós dois rimos, mas não nos soltamos.

— Você é uma mulher muito forte, é mais homem do que eu poderei ser um dia. – Beija meu pescoço, desgrudando nossos corpos.

— Desculpe por fazer você viajar até aqui para voltar sozinho, sem receber nada por todo o esforço. – Mordo o lábio, um pouco chateada por deixá-lo na mão. — Vou mandar algo assim que puder.

— Eu tive mais do que poderia querer, Samantha, não se preocupe comigo. Vai, se não pode perder seu vôo. – Sorri daquele jeito que amolece meu corpo inteiro.

— Tudo bem.

Pego minhas malas de volta e aceno com a cabeça, entrando logo no aeroporto.

Faço toda a parte burocrática e entro no avião, me acomodando em minha poltrona após colocar minhas coisas no bagageiro.
Olho pela janela, ainda vendo o chão, e começo a pensar em tudo que aconteceu.

Em meio a todo o caos, conheci o homem incrível que é Oliver Gutierrez, é uma pena que ele more tão longe. Meu coração está em uma lenta reconstrução, mas gosto dele.
É engraçado que em tão pouco tempo e tão de repente, nós dois tenhamos nos envolvido de tal maneira.
Ele não se negou a me ajudar e não mediu esforços. Ele não hesitou em me tomar para si quando me desejou. Ele não fez com que eu me sentisse usada ou inferior como Jack Bailey fazia, muito pelo contrário.

Oliver Gutierrez é um homem de verdade e me reconheceu como uma mulher de verdade.

Estou voltando para a minha vida, mesmo com muitas cicatrizes profundas e lembranças dolorosas, mas posso dizer de todo o coração, que vou sentir falta dele.

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