DEZESSEIS

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Ei, pessoas! Como estão?
Só quero dizer que SEDE DE VINGANÇA já está com dois capítulos. Para quem ama uma ficção histórica e um pouquinho de romance, corre lá, dê uma olhada, deixe um voto e adiciona à sua biblioteca.

Boa leitura a todos!!
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Encaro meu reflexo no espelho do banheiro. Meus cabelos estão presos em um rabo de cavalo, o que faz com que meus ombros pálidos fiquem completamente expostos pela blusa de alças finas. Meus seios estão comportados, então saio dali sem me importar em colocar algum sutiã horrível do manicômio.

No refeitório, não consigo comer nada, estou aflita pela consulta de hoje. Apenas bebo um pouco de café antes de seguir o guarda para dentro do prédio principal, finalmente indo para o consultório do doutor Gutierrez.

Como sempre, o guarda me empurra para dentro e bate a porta ao fechá-la. Olho para o meu psiquiatra e rapidamente me sento, fazendo-o dar um sorriso curto.

— Você nunca se sentou tão rápido como hoje – comenta.

— Eu sei. E então, conseguiu descobrir alguma coisa?

Ele desvia o olhar para alguns papéis sobre a mesa antes de murmurar algo e suspirar.

— Você estava certa, Samantha – pronuncia meu nome como se fosse algo difícil. — Seus pais e sua irmã estão vivos. Agora se chamam Joseph, Elena e Cora.

Meu coração acelera e um sorriso abre meus lábios instantaneamente.

— E onde eles estão? Como você descobriu tão rápido? Tem certeza que são eles? – Pergunto tudo de uma vez.

— Estão morando em uma cidade pequena de Utah, tive a ajuda de um amigo policial. Ele investigou os aeroportos de Los Angeles e Miami, comprou algumas pessoas e pronto, foi mais fácil do que pensei que seria. – Procura algo no bolso do jaleco, retirando um papel e estendendo para mim. — E, como pode ver, conseguimos imagens.

Pego a foto, reconhecendo cada rosto dela. Meus olhos e minha garganta ardem, mas engulo em seco e devolvo a imagem.

— São mesmo eles. Parece que Jack não é tão inteligente assim – comento.

— Na verdade, meu primo teve dificuldades em conseguir isto, as pessoas envolvidas não queriam ajudar, mas ele ofereceu o dobro de Jack e teve acesso – explica.

Pego a mão grande e fria sobre a mesa, apertando-a entre as minhas. Fico arrepiada com o frio que sinto de repente, mas sorrio mesmo assim.

— Obrigada por me ajudar, vou pagar todo o prejuízo depois, eu prometo. – Solto-o.

Ele continua me olhando, e então, como se não quisesse fazer aquilo mas não aguentasse controlar, seus olhos deslizam para o meu colo. Não preciso olhar para baixo para saber o que está acontecendo ali, apenas me levanto e lhe dou as costas.

— E agora, o que farei para sair daqui? – Pergunto mais a mim mesma, mas o doutor responde.

— Eu disse que te ajudaria e vou, eu estava mesmo precisando de uma adrenalina. – Sua voz soa risonha.

Aperto os lábios e me viro para ele, cruzando os braços para evitar constrangimento.

— Obrigada por isto, mas você sabe que não precisa se não quiser.

— Faço questão, você me pediu na consulta anterior e eu já concordei, não costumo voltar atrás com as minhas palavras. – Dá de ombros.

Solto um riso, colocando as mãos sobre a boca, desacreditada e animada pelo rumo que as coisas estão tomando.

— Mal posso esperar para sair daqui. Precisamos procurar a verdadeira Scarlet Russell, temos que arrancar informações dela.

— Posso pedir para o meu amigo – oferece.

— Não! – Recuso. — Prefiro fazer isto pessoalmente.

— Tudo bem. Então, qual sua ideia?

— Assim que descobrirmos a ligação dela com Jack, daremos um jeito de ir até os meus pais. Quero expor todo o caso na televisão, se Scarlet tiver algo haver com isso, teremos uma boa prova, e minha família precisa estar segura antes disso.

— Não se preocupe, como eu disse, meu primo é policial, ele pode se virar para proteger sua família sem que precisemos perder tempo indo até lá. – Sugere.

Ando de um lado a outro, prestes a cavar um buraco no piso.

— Você tem razão, até porque Jack tentará fugir quando a bomba explodir, não podemos perdê-lo de vista. Ele sabe exatamente o que fazer, provavelmente vou ter trabalho com ele. Depois que localizá-lo, você pode voltar para sua vida, doutor, não quero colocá-lo em risco.

Ele solta um riso e se levanta, vindo para a frente da mesa e se apoiando nela. Seus olhos estão fixos em mim, eles brilham naturalmente e são lindos. Expressivos.

— Você me subestima por ser psiquiatra, mas antes de atuar na área fui lutador. Quando criança, meu pai me ensinou a atirar antes de morrer, e como um adolescente revoltado, passei a lutar nas ruas para extravasar, por dinheiro e garotas.

Ergo as sobrancelhas, surpresa. Eu realmente o subestimei, pensando bem.

— E por que escolheu ser médico? – Pergunto.

— Cansei da vida agitada e me mudei para cá. Sou de Nova Iorque, mas minha família mora em outro lugar hoje em dia, assim como eu – conta, parecendo reviver tudo em sua cabeça.

— Confesso que estou surpresa, doutor, não consigo imaginá-lo sendo um badboy. – Sorrio, assim como ele.

O silêncio se instala, criando outro momento constrangedor. Ficamos apenas nos olhando como dois idiotas por um tempo, até que eu olhei no calendário em sua mesa.

— Uau, não imaginei que estivéssemos em outubro. Os dias aqui são tão lentos que perdi a noção do tempo. Todos deste lugar são ruins, tratam os presos como bichos, não duvido que o diretor esteja compactuando com o famoso Jack Bailey, aquele maldito compra tudo e todos. – Suspiro.

Quando não obtenho resposta, olho novamente para o doutor Gutierrez, que está encarando o chão.

— Doutor, algo errado? – Franzo o cenho.

— Além de você ainda me chamar de doutor? – Sorri. — Acho que não.

— Ah, tudo bem, peço desculpas, Oliver.

Ele franze o cenho tão rapidamente que quase não consigo ver, engolindo em seco logo em seguida. O vejo dar a volta na mesa e se sentar novamente em sua cadeira.

— Vou dar um jeito de resolver sua situação por aqui, temos provas o suficiente que está aqui por engano. Bom, pelo menos consigo colocar os superiores do manicômio contra a parede com o que temos. Caso eles insistam em deixá-la aqui, chamo a polícia do Texas, Jack Bailey não poderá interferir se for avisado. Se não, é porque eles são tão inocentes quanto você nessa história.

Mordo o lábio, imaginando que ninguém é inocente nessa história infeliz. Não confio em ninguém, dar este voto a Oliver é como deixar minha vida em suas mãos. Espero não estar enganada sobre ele.

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