PSICÓTICA

DEZENOVE

Oliver já estava dirigindo há três horas, faltavam duas para completarmos a viagem até Houston.
Eu sentia que poderia dormir a qualquer momento.

— Tem certeza que não quer revezar o volante? – Pergunto pela terceira vez.

— Você não está com a sua habilitação, se formos parados pela polícia, teremos problemas. Durma um pouco mais, eu aviso quando chegarmos lá.

Apenas aceno com a cabeça. Deito um pouco o banco e me aconchego, pegando o cobertor que Oliver trouxe para algum imprevisto. Estou mesmo com sono, por mais que esteja ansiosa para chegar em Houston.

Não demoro dormir, me sentindo aquecida com o ar-condicionado.

▪️

— Samantha... Ei!

Abro os olhos, tendo visão de um Oliver sério, me olhando de cima. Ele está tão perto que consigo sentir seu perfume amadeirado, mas se afasta logo, ao garantir que eu já estava acordada.

— Chegamos? – Me sento no banco, o inclinando.

— Sim. Estacionei na frente de um banco para que você possa sacar o dinheiro. Quer que eu vá com você?

— Não, tudo bem, só não saia daqui. – Alinho alguns fios de cabelo.

— Não tenho porquê fazer isto. – Sorri de canto.

Abro a porta e olho para ele antes de descer.

— Se me expulsarem de lá pelas minhas roupas, me acuda.

Ele dá uma risada curta e leve, olhando para fora de sua janela quando finalmente coloco os pés no chão. É maravilhoso caminhar depois de passar tanto tempo dentro de um carro.

Sigo em direção ao banco, passando por alguns seguranças antes de entrar. Olho para todos os lados e vou até um caixa eletrônico. Informo todos os dados necessários e aguardo alguns segundos até o dinheiro ser liberado. Alcanço um envelope pardo e guardo as notas ali por precaução.

Saio logo dali, voltando para a caminhonete.

— Você foi rápida – comenta, Oliver.

— Fui em um caixa vazio. Precisamos ir para um bairro longe daqui, se Jack estiver me caçando, já sabe que saquei dinheiro neste banco. – Olho ao redor, colocando o cinto de segurança.

Oliver não diz nada, apenas dá partida para longe dali.

▪️

Estou em uma loja pequena de peças baratas. Consegui encontrar duas blusas de alças finas, ambas pretas, e um casaco de moletom cinza.

Analiso algumas jeans, descartando a maioria. Já encontrei uma jeans azul-escuro, mas precisarei de mais uma.
Pego uma preta, ela é simples e bonita, então olho a numeração e caminho em direção ao caixa. Odeio experimentar roupas, confio na minha percepção visual.

— Vou levar isto – digo.

Enquanto ela soma o valor das peças, vejo algumas caixas de sapatos atrás dela. Com toda certeza vou precisar.

— Você tem algum tênis no tamanho trinta e sete? – Pergunto.

— Sim. Alguma cor específica?