VINTE

79 8 0
                                    

Os saltos da enfermeira batem contra o chão e o barulho ecoa pelo corredor longo e frio. Olho para Oliver que retribui, parando junto comigo atrás da mulher de roupas brancas.

— Ela está aqui dentro, colocamos uma camisa de força, foi necessário. – Nos olha. — Boa sorte para fazerem-na falar.

Ela abre a porta e fica do lado de fora, deixando que apenas Gutierrez e eu entremos no quarto.

Vejo Scarlet Russell sentada no estofado encaixado à parede. Seus cabelos são claros, ao contrário do que imaginei ao ver sua foto naquele papel impresso.

— Scarlet? – Chamo, receosa.

De início, pensei que não fôssemos ter sucesso ali, mas ela levanta a cabeça aos poucos, até ter os olhos verdes sobre os meus. O susto que tomo não podia ser maior, meus pés dão passos rápidos para trás e minhas costas batem fortemente contra a parede, me deixando sem voz. Meus olhos se enchem de lágrimas inacreditavelmente rápido.

Não pode ser!

Como é possível?

Scarlet Russell é idêntica à mim!

— Samantha! – Ouço Oliver me chamar, mas não consigo desviar meus olhos dela. — Samantha, olhe para mim!

Começo a balançar a cabeça rapidamente de um lado a outro, sentindo que posso ter um ataque cardíaco. Meu coração está tão acelerado que meu peito arde, sinto dificuldade para respirar.

— Samantha! – Sua voz soa alto, conseguindo chamar minha atenção.

Porém, eu estava em choque. A sensação que eu estou é tão angustiante que não sei se sou capaz de me mexer ou dizer algo. Não consigo acreditar.

— Samantha, porra, diga alguma coisa. – Oliver continua tentando, mas estou em algum lugar confuso da minha cabeça. — Enfermeira!

A voz dele está longe, não o vejo mais, só consigo enxergar os olhos iguais aos meus me encarando.

Aquilo não podia ser real.

Não podia!

A primeira coisa que sinto é a dor forte em minha cabeça. Respiro fundo algumas vezes antes de abrir os olhos, mas sou obrigada a fechá-los novamente pela claridade.

— Samantha, que bom que acordou. – É a voz de Oliver.

Coloco as mãos sobre o rosto e respiro fundo mais uma vez, voltando a abrir os olhos, mas desta vez devagar.

— O que aconteceu? – Pergunto, sentindo minha boca seca.

Sento-me um pouco e olho ao redor antes de pegar um copo descartável que Oliver oferece. Bebo toda a água como se fosse a última gota no planeta, e assim acabo bebendo três copos rapidamente.

— Você entrou em estado de choque, tive que pedir à uma enfermeira que te aplicasse um sedativo – explica.

Lembro-me então daquela mulher. Balanço a cabeça e coloco os pés no chão, me levantando lentamente.

— Pensei que fosse morrer, nunca senti algo tão ruim. – Coloco a mão sobre o peito e engulo em seco. — Você viu o mesmo que eu ou estou ficando louca, Oliver?

— Eu vi. É inacreditável que aquela mulher seja idêntica à você. Você sabia da existência de uma irmã gêmea?

— É claro que não, eu não fazia ideia! – Fico nervosa. — Como é possível? Meus pais nunca me disseram nada sobre isto.

PSICÓTICAOnde histórias criam vida. Descubra agora