patética

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CAPÍTULO 15

Antes do celular despertar eu já estava acordada, eu não via a hora de sair daquele lugar. Me levantei da cama já mal humorada, eu estava irritada e eu sabia o principal motivo. Mas o meu orgulho não  permita admitir, eu me sentia patética, e ficava ainda mais brava. Afinal Átila não era nada meu a não ser o meu chefe.

Só de lembrar daquelas lambisgoias entrando no carro dele, o ódio já subia. ‘ também o que esperar de um ex ator pornô garanhão’ penso.

Lembro do que Salete me falou, que ele tinha impotência. Depois do show de gemidos ontem, com certeza ele não era impotente. Só uma bêbada falando besteira.

Olhei em volta do quarto e já estava tudo pronto, minha mala já estava arrumada. Fui no banheiro para ver se eu tinha esquecido alguma coisa. Me olho no espelho estou pálida. Me lembro do dia em que eu estava na casa de Átila, me lembro do que ele me disse que apenas duas pessoas dizem a verdade bêbedos e crianças. Eu me recusava a acreditar na ‘impotência’, toda aquela gritaria e selvageria me dava asco só de pensar. Peguei minha mala, e fui direto para o aeroporto, eu não queria pensar mais em Átila, não queria nem mesmo ver a cara dele. Durante o caminho no carro eu pensava que tudo aquilo era uma loucura eu nunca deveria ter aceitado a proposta de emprego. Eu não pertencia àquele mundo, aquela feira erótica lotada, parecia um inferno. Sinto meu coração se angustiar só de pensar que eu poderia ser punida por Deus por estar com aquela gente. “ Diga-me com quem andas que direi quem tu és” me lembro dessa passagem. Por mais que em alguns momentos eles pareciam bem civilizados, e tratasse dos assuntos com a maior naturalidade isso não fazia sentido na minha cabeça. Eu me sentia deslocada. Ainda faltava duas horas para o embarque, o aeroporto estava vazio. Me sentei em um banco que ficava de costas para o resto do salão de espera, de frente para uma janela. Enquanto eu olhava os aviões pousar,, e levantar  vôo eu ficava refletindo, a minha melhor opção era pedir demissão e começar a procurar outro empregos.

- Bom dia! . Escuto alguém dizer sentando ao meu lado. Reconheço o cheiro de loção pós barba.  Suspiro fundo. Fui muito idiota de pensar que eu poderia evitar ele. Íamos pegar o mesmo vôo, e os bancos provavelmente seria um do lado do outro.

- Bom dia. Digo  tentando parecer mal humorada.

- nossa quanta animação, nem parece que quer ir para a casa.

- Não mesmo. Digo cruzando os braços. Ele abre um jornal. Um silêncio se instala.

- Porque não esperou, a gente poderia ter vindo juntos. Dividido o táxi.

- Ah, magina eu não queria incomodar, presumi que o senhor estaria muito cansado. Digo com o tom mais sarcástico e Cínico que consigo.

- É foi uma maratona e tanto, estou mesmo muito cansado. Ele diz se espreguiçando na cadeira. A indignação me sobe.

- A mas é claro, o hotel inteiro escutou o senhor se divertir muito ontem. Aquele show de gemidos, e gritaria. Como é mesmo que elas te chamavam - aí Daddy… imito com desprezo a voz estridente de uma delas.

- Ele olha para a minha cara sem entender e solta uma gargalhada. Aquilo me provoca, perco todo o auto controle que estava tentando manter.

- Seu depravado, pervertido! Se diverte em fazer essas orgías libertino! A expressão dele muda.

- Não!. Ele levanta o tom. É melhor você para por aí, não cometa o erro de me julgar. Me levanto olho em seus olhos furiosa.

- Você vai ter coragem de negar, eu vi aquelas duas entrando no seu carro.

- Qual é o seu problema, do que está falando! Ele se levanta e me encara.

- Fiz o quê? Ele pergunta com a mão na cintura.

- Cínico, a noite Inteira batendo aquela cama. Sinto o olhar das pessoas nos encarando.

- Não sei do que você está falando, eu não dormi no quarto ao lado. Esqueci de te falar achei que não precisava. Teve um vazamento no meu quarto e eles me transferiram para outro. Minha cabeça girava. Sinto muita tontura minhas pernas bambeiam. Quase Caio, Átila me segura.

- Você está bem?

- Tira a mão de mim. Digo tirando a mão dele da minha cintura. Me sento cadeira. Tento raciocinar, digerir a informação.

- Você está pálida. Qual foi a última vez que comeu.

- Não… engulo seco. Não era você?

- O que?

- No quarto ao lado?

- Não, Ruth não era eu.

- Fecho os olhos me sinto mais patética do que quando saí do hotel. Coloco a mão no rosto, apóio os cotovelos no joelho. Uma tentativa inútil de tentar me esconder, estou quase morta de vergonha da cena que acabei de fazer. Abro os olhos e por entre os dedos vejo Átila chacoalhar o pé impaciente. Um silêncio incômodo se instala eu ainda estou nervosa e sinto mal estar.

-  Me desculpa… ele não fala nada. Me perdoa continuo, eu fiz um pré conceito de você.

- Esse é o problema das pessoas, se acharem no direito de julgar os outros. Não se preocupe já estou acostumado você não é a primeira nem será a última. Ele diz em um tom frio com uma indiferença e desprezo  que de certa forma me chateia.

Eu queria que o chão se abrisse e me sugasse, não tinha coragem de dizer mais nada.

- É engraçado como vocês “cristãos” ele faz aspas com as mãos.-  Gostam de julgar as pessoas, se acham donos da moral. Sendo que metade do dinheiro que movimenta o mundo erótico, a indústria pornográfica e principalmente a prostituição vem de homens casados cristãos donos da moral e dos bons costumes.

- Ok, mas não somos todos iguais, você não pode ..

- Julgar! Ele me interrompe

- Generalizar. Digo no mesmo tom ele ri incrédulo. Respiro fundo.

- Ok, eu cometi um erro as pessoas cometem erros. Já pedi desculpas, você pode me perdoar ou ficar com mágoa de mim, e me demitir.

- Não vou te demitir. Ele diz sem olhar para mim.

- Significa que você me desculpou?

- Vamos manter a nossa postura profissional Ruth.

Percebo que aquela discussão não ia nos levar a nada, dicido ficar calada para não piorar a situação. Ficamos em silêncio absoluto, quinze minutos se passaram e Átila chacoalha o pé sem parar impaciente. Ele olha no relógio, suspira. Passa a mão no rosto, e nos cabelos. Ele olha no relógio de novo.  Aguardar parecia uma tortura para ele, e já estava sendo uma tortura ver ele inquieto.

Finalmente somos chamados para o embarque, ele vem o vôo todo sem me dirigir uma palavra, nem sequer olhou para mim.

Me sinto culpada, e me esforço para não cair no choro.

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