Pisando em plumas

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CAPÍTULO 25

Era por do sol os raios dourados entravam pela janela da igreja, criando uma iluminação mágica. Eu estava na porta segurando um lindo buquê de lírios cor de rosa. Sorri quando vi padre Olegario no altar, ao seu lado estava um homem parado de terno preto. ( O noivo) pensei. Não dava para ver seu rosto a luz ofuscava minha visão.

Caminhei lentamente até o altar, não havia mais ninguém além de nós três na igreja.

Eu estava usando um lindo vestido de seda, cumprido. Meu coração se aquece, sinto meus olhos encherem de lágrimas enquanto eu caminhava até o altar. Me aproximo e vejo a expressão do padre mudar.

Minha filha você não pode se casar assim. O padre diz apontando para o meu vestido.

Manchas de sangue enormes surgem, assustada largo o buquê.

O vestido embebido de sangue pesava sobre meu corpo. As lágrimas escorriam do meu rosto, desesperada corri da igreja.

Acordei com a luz do sol batendo em meu rosto, depois que desisti de ser freira, eu sonhava em me casar. Desde de pequena eu assistia novelas com minha mãe e minha irmã. Eu sonhava em viver um grande amor.

Casar pura, com um homem que me amaria incondicionalmente, e que respeitasse meus princípios.

Eu fantasiava com um casamento com um lindo vestido. Uma cerimônia ao ar livre, com flores. Uma noite de núpcias incrível, romântica, e uma lua de mel em uma praia paradisíaca.

Mas a realidade era bem diferente, e já estava na hora de volta. Acordei com um seio para fora do lençol. Eu estava nua, olhei para o lado. Átila estava dormindo de bruços, com a boca aberta escorrendo uma baba, e sua bunda estava para fora do lençol. Olhei em volta o quarto estava um caos, roupas espalhadas.

Fiquei alguns minutos olhando para Átila, apesar da baba escorrendo a visão dele dormindo. Com seus cabelos bagunçados grisalhos brilhando sob a luz do sol era hipnotizante.

Tento puxar o lençol para cobrir meu corpo nu, mas Átila está totalmente sobre ele. E eu estava muito apertada para ir aí banheiro. Desisto do lençol e corro pelada para o banheiro, torcendo para Átila não acordar e me ver. Me olho no espelho, meu cabelo parece um ninho de ratos. Me sinto dolorida, enquanto eu tentava domar meu cabelo, eu pensava que seria melhor sair antes de Átila acordar.

Atravesso o quarto, vou até a poltrona nua e desesperada procurando meu vestido.

Bom dia! Átila diz com uma voz grave.

Ah! Dou um pulo

Atila! Tento me cobrir, ele solta um bocejo e se espreguiça.

Fecha os olhos. Ordeno

O que? Por que?

Fecha os olhos. Digo impaciente.

Ruth!

Fecha! Grito.

Tá! Tá! Ele cobre os olhos com a mão, me viro.

Acho meu vestido atrás da poltrona, com as mãos trêmulas tento abotoar. Me viro a procura do meu sutiã. Me deparo com Átila pelado em minha frente.

Átila! Digo boquiaberta.

Você está pelado! Meu rosto queima de vergonha.

Eu sei. Ele diz com a maior tranquilidade, que me irrita.

Precisamos conversar. Me abaixo colocando meus sapatos. Quando me viro Átila está quase em cima de mim, dou de cara com seu pênis .

Ah! Jesus Amado!. Aponta esse troço pra lá!

Não fala assim com o Bob ontem vocês estavam tão íntimos. Ele diz em tom de brincadeira. Me levantando e me viro.

É sobre isso que precisamos conversar. Digo vasculhando a poltrona, procurando minha calcinha.

Sabe eu não entendo vocês mulheres, nós transamos a noite toda e agora você está com vergonha de me ver pelado, vergonha de estar pelada. Ele diz colocando a cueca.

É diferente.  Digo impaciente.

Deferente como?

Caramba cadê minha calcinha?. Ele pega a minha calcinha embaixo do travesseiro.

Obrigada digo sem graça.

Átila eu não quero falar sobre isso, não quero falar dessa noite nunca. Nunca mencione isso que aconteceu. Isso inclui piadinhas, eu só cumpri o acordo. Essa noite nunca aconteceu. Atila me escuta dizer tudo, sua expressão muda.

Como quiser. Ele diz em um tom seco, me dá as costas indo para o banheiro. Pego a bolsa, olho o dinheiro. Saio do quarto.

Entro no elevador e desabo, eu tinha que sair antes. Foi só uma noite de sexo, e eu não poderia me dar ao luxo de sentir nada. Principalmente porque ele era meu chefe.

Desde de cedo aprendi que os homens não prestam, meu pai enganou e abandonou minha mãe. Minha irmã era fantoche de traficante.

A porta do elevador se abre, fui a um banheiro ao lado da recepção. Enxugo as lágrimas, e lavo o rosto. Já são 10:15, e eu tinha que ir para o banco.

Chamei um Uber e fui para a agência, o gerente se assustou quando viu aquela quantia em dinheiro. Fiquei duas horas naquele banco, eu estava com fome e exausta. Quando finalmente eu sai, tinha a sensação de pisar em plumas, eu finalmente estava livre da dívida, e essa era a melhor sensação. Cheguei em casa, minha mãe logo me questionou pela demora, mostrei o recibo do banco. E os olhos dela se encheram de lágrimas.

A alegria dela é de Daniel trouxeram um pouco alívio para o meu coração pesado de culpa. Fiquei pensando em como seria a sua reação se soubesse as condições que tive que ceder para conseguir. Tomei um banho, meu corpo estava dolorido, só não doía mais do que o meu coração. Me olho no espelho nua, tinha um chupão roxo em meu pescoço, e em meu bumbum ainda tinha marcas vermelhas. Dava até para ver o formato da palma da mão. Soltei o cabelo tentando esconder a marca e fui para meu quarto.

Deitada em posição fetal, eu chorava me sentindo suja. Pelo pecado que cometi, eu me culpava, rezava pedindo perdão a Deus.

Mas eu não estava totalmente arrependida de ter feito, seria mais fácil se a noite tivesse sido horrível. Era mais fácil para mim, culpar e odiar Átila.

Mas aquela noite foi a melhor noite da minha vida,  o sexo era muito melhor do que eu esperava e imaginava.

E Eu nunca tinha sentido tanto prazer. Eu me sentia ainda mais confusa e perdida, era humilhante ter me vendido a ele.

Mas sentia que era errado sentir raiva dele, porque apesar de tudo ele me tratou bem, e diria que foi até carinhoso. A noite foi simplesmente incrível, culpa-lo seria um crime. E isso me deixava irritada, apesar de muitas horas terem se passado, eu ainda me sentia extasiada.

Eu sentia que iria explodir com tanta informação, precisava falar com alguém. Peguei o notebook e escrevi um e-mail enorme para Malu. Contei tudo desde a dívida, eu não sabia como ela iria reagir. Éramos amigas desde criança e nunca tínhamos brigado, eu confiava nela. Passei o resto do dia trancada no quarto.

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