Capítulo 01

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Anahí suspirou, se espreguiçando ao acordar. A casa estava em silencio do lado de fora, sinal de que ainda era cedo. Se deu um momento de preguiça, entre travesseiros e edredons, os cabelos estendidos a sua volta.


Estava bem. Não achou que ia conseguir dizer isso sobre si mesma novamente depois da morte de Joseph, mas a verdade é que estava bem. Kristen estava a cada dia mais feliz, reconquistando a confiança no mundo e em si mesma. Queria voltar a trabalhar, e ela e Ian passavam horas na frente do computador, olhando os últimos projetos, as ultimas construções da cidade. Estava desatualizada, perdera a confiança em si mesma. Se preocupava com a filha, que voltaria de férias logo, mas estava muito bem, se observassem um parâmetro geral.


Ian era formado em Arquitetura. Anahí engasgou com um gole de vinho branco, tossindo violentamente. Não fazia ideia. Ele só comentou que se graduou, mas exerceu muito pouco, sendo que resolveu servir ao FBI logo depois. O diploma ficou engavetado. O que importava é que ele sabia ajudar ela. Ela considerava fazer um curso de reciclagem, uma vez que Eve voltasse a escolinha. Os dois reforçaram o plano de guarda ao redor do colégio da menina, principalmente depois de Alfonso ter comentado com ela que Robert fora atrás deles na praia. Notificaram a policia, pra que constasse que a ordem de restrição fora quebrada de novo, Nate fez com que Robert fosse preso outra vez (saindo sobre fiança em seguida), mas estavam montando uma força tática pra guardar o colégio. Kristen não sabia do ocorrido.


A situação com Henry vinha melhorando. Conseguiram ter uma conversa onde não se alfinetaram ou usaram tons rancorosos, e Anahí tomara aquilo como um sinal muito positivo. Aos poucos iam se entender. Era como ela estava se entendendo de novo consigo mesma.


A situação com Alfonso estava progredindo no ritmo em que ela ditara. Depois da audiência de Eve, como ele mesmo disse, as visitas dele e de Nate a mansão se tornaram menos frequentes. Eles se viam conforme ela se sentia a vontade. Ele dava a ela espaço pra se acostumar com a ideia; sem pressão, ou cobranças. Ela ia se sentindo cada vez mais a vontade com a ideia, e talvez fosse assim que as coisas fossem caminhar pra dar certo.


Ela suspirou, se virando na cama, os olhos azuis pensativos. Só uma peça naquele quebra-cabeças estava totalmente sobressalente, totalmente longe de se encaixar nas demais. A peça que era a noite em que Ian mentira pra ela, fazendo-a ir parar em um apartamento classe média no subúrbio da cidade acreditando que ela deixara um buraco na pirâmide. Que ideia louca. Ela hesitou, repassando mais uma vez as memorias na cabeça.


Anahí: Ian. – O celular tremia na mão dela – Eu preciso de reforços. Uma viatura.


Ian: Você está ferida?! – Perguntou, se levantando de um pulo.


Anahí: Não. – A voz dela estava sumindo. Meu Deus do céu – Mas eu preciso de uma viatura. Um camburão. Preciso levar alguém. Por favor.


Ian: Ok. Eu estou indo. – Ele tinha o endereço, ele fizera ela ir até lá. Que ideia estupida! – Só... Só me espere. Fique bem, eu estou indo. – E a ligação acabou.


As sirenes chegaram antes dele. Ian subiu com reforços, esperando sangue, esperando uma carnificina... Mas só encontrou a porta aberta, o homem encolhido no sofá e ela sentada no canto da sala, o olhar distante, parecendo perdida em pensamentos. Ele se aproximou, pegando o rosto dela na mão, checando-a, e ela o encarou.

Ainda Sou EuOnde histórias criam vida. Descubra agora