Capítulo 62

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Alfonso: Antes de qualquer coisa... Você não acha que é muita audácia da sua parte, fora tudo, ainda se hospedar no meu hotel? – Perguntou, quando Joseph fechou a porta, parado no quarto com as mãos nos bolsos da calça.


Joseph: Não era o plano inicial, Ian me trouxe pra cá. – Admitiu, mancando até a cama. Mancava pouco agora, e não precisava muito da bengala – Mas depois, a ideia me agradou. Era como uma piada pessoal. – Admitiu, se sentando na beira da cama – E é realmente um bom hotel, o que você tem. Faz juz às criticas positivas nos jornais e todo o buzz. – Dispensou. Alfonso o olhava, o olhar crítico – O que quer, Alfonso?


Alfonso: Ela o colocou pra fora de casa? – Perguntou, sério.


Joseph: Porque não pergunta isso diretamente a ela? Deve estar morrendo de vontade de ter um motivo. Eis um. – Apontou. Alfonso negou com o rosto, rindo de leve.


Alfonso: Você realmente adoeceu por mim, não é? – Perguntou, a expressão brevemente divertida.


Joseph: Não, eu não aceito o que você fez. – Diferenciou – Esperou a vulnerabilidade dela com a minha morte pra poder se aproximar. Não se importou com o fato de que eu havia aceitado morrer por ela, você nunca se importa com nada. Você sabe o que você faz a ela. Tanto sabe que foi embora. – Alfonso ponderou.


Alfonso: Joseph, acho que de todo mundo, eu sou única pessoa que sabe seu "segredo", então pra cima de mim uma hora dessas não. – Pediu, dando de ombros.


Joseph: Que segredo agora? – Perguntou, incrédulo. Alfonso riu de leve, caminhando pelo quarto, olhando a arquitetura. Cada quarto, uma disposição diferente. Era por isso que era impossível construir aqueles prédios.


Alfonso: Você não bebeu a taça pra morrer por ela. – Negou, as mãos ainda no bolso – Você bebeu pra garantir que ela não beberia antes, e que eles não fariam nada a ela. – Corrigiu.


Joseph: De que diabo está falando? – Perguntou, incrédulo.


Alfonso: Podia haver, sim, uma parte de desejo de protege-la, mas entre nós, garotas, você sabe que bebeu aquilo pra proteger a si mesmo da possibilidade de viver em um mundo onde ela não existisse. De perdê-la. – Apontou, sereno – Foi sempre sobre ela. Porque se ela bebesse aquilo, se ela morresse e você ficasse... – Ele negou com o rosto – Que sentindo o mundo poderia ter? – Joseph o olhou, a mandíbula cerrada.


Joseph: Você enlouqueceu. – Alfonso riu de leve.


Alfonso: Não estou te julgando. Eu sou o cara que foi embora, e eu posso dizer, o mundo sem Anahí é um lugar... Sem propósito. Sem cor. – Comentou, quieto – Mas você entrou em pânico com a possibilidade de viver nesse mundo, e preferiu morrer antes. Entendi isso anos atrás. Não de imediato, não com todo aquele horror, mas então repassando aquela cena na mente... Eu sou muito bom em ler pessoas, sabe? Era parte do meu trabalho. Então pelo amor de Deus, pare com esse discurso de "eu morri por ela". Pode fazer isso na frente dela, é uma das suas melhores cartadas, mas pra mim? – Ele dispensou.


Joseph: Foi por ela! – Rosnou, furioso.


Ainda Sou EuOnde histórias criam vida. Descubra agora